10 de fevereiro de 2013

7. NÃO ADULTERARÁS

QUANDO UM PASTOR TEM QUE DISCORRER sobre o sétimo mandamento, "Não adulterarás", precisa usar de muito tato e reverência para que as suas palavras de reprovação não se tornem como o farol de Paros, que algumas vezes conduzia à destruição os barcos aos quais devia indicar o caminho da salvação.
Este pecado deve ser discutido o mínimo possível, mas, já que Deus lhe confere certo grau de seriedade ao colocá-lo junto de "Não matarás", e uma grande parte da nossa sociedade tende a considerar o adultério apenas como uma inofensiva falha moral e não uma violação da lei de Deus, precisamos estar sempre atentos de que Deus realmente disse. "Não adulterarás."
Certo professor de teologia disse à sua classe o seguinte: "Cerca de 50% da miséria humana é causada pela desobediência a este mandamento." Esta afirmação parece um pouco exagerada – 50%. Os alunos não a aceitaram, mas um deles, Morris Wee, depois de alguns anos de ministério, disse que descobrira que o seu mestre tinha razão.
Passe algumas horas no gabinete pastoral de uma igreja central de uma cidade grande. Ouça as palestras telefónicas, leia a correspondência, converse com aqueles que procuram pessoalmente o pastor. Você também se convencerá de que a declaração daquele professor estava correta.
Desejo propor aqui três questões as quais tentarei também responder. O que é adultério? Por que é errado? O que devem fazer as pessoas que violaram este mandamento?
O adultério é a violação do voto de fidelidade conjugal. Qualquer atividade sexual extraconjugal é adultério. Jesus vai um pouco além e diz que abrigar a lascívia no coração, mesmo que ela não frutifique num ato, equivale a cometer adultério (Mat. 5:27, 28). Sei que algumas vezes um pensamento penetra na mente sem que o possamos impedir, mas transformar este pensamento em luxúria significa conservá-lo na mente, deleitar-nos secretamente, incorporá-lo à nossa vida.
É errado porque Deus assim o declarou. E o Senhor assim o fez porque é um ato que afeta outros. Qualquer um que tenha um pouco de consciência terá sentimento de culpa, se violar esta lei.
Sei de pessoas que cometeram furtos e os justificaram ao ponto de se convencerem de que não tinham feito nada errado. Pode até haver alguém que cometa um homicídio e se sinta, até certo ponto, justificado. Entretanto, nunca encontrei ninguém que desobedeça a este mandamento e o justifique. Aquele que quebra este mandamento fica com a consciência marcada. A reação de todos os homens que transgridem esta lei é a mesma de Davi: "Meu pecado está sempre diante de mim." (Sal. 5l:3.)
O adultério é um erro, porque resulta em muitos erros. Uma ferida mental é como uma ferida do corpo. Quando cortamos um dedo, não sentimos logo uma dor muito forte, mas se o corte se infecciona, e qualquer vírus entra na corrente sanguínea e circula pelo organismo, poderá ocasionar a morte.
O arrependimento é um ferimento espiritual. É um corte profundo terrivelmente doloroso, mas é uma ferida limpa, e, a não ser que seja invadida pela amargura, ressentimento ou autopiedade, ela cicatrizará. Quando cometemos um erro qualquer, o resultado é uma ferida infecta que não se cicatriza. Ela nos rouba a paz de espírito, incomoda a consciência, causa distorção da mente, arma um conflito interior, enfraquece a nossa força de vontade e destrói a alma.
Phillips Brooks disse: "Mantenhamo-nos livres de dissimulações e até mesmo da necessidade de dissimular. É horrível quando se tem que encobrir alguma coisa. Quando temos que evitar olhares, quando para nós existem assuntos que não podem ser mencionados, então a nossa alegria de viver foi perdida."
O adultério é um mal, principalmente porque ele destrói o casamento.
Lembro-me de uma bela cena da peça "Mrs. Minniver". O casal em foco havia adquirido recentemente um carro novo, e a esposa comprara um chapéu novo. À noite, quando eles vão deitar-se, nenhum dos dois está com sono, pois  estão embalados na própria felicidade. A Sra. Minniver diz: "Querido, somos as pessoas mais felizes do mundo." E o marido pergunta: "Por quê? Só porque temos um carro novo e um chapéu novo?" "Não, querido, é porque temos um ao outro."
Não é preciso muita coisa para se ter felicidade no casamento. O dinheiro, os bens que o dinheiro nos proporciona são válidos, mas podemos perfeitamente passar sem eles.
Existem dois elementos essenciais que devem estar presentes no casamento. O primeiro é uma afeição profunda, um grande amor um pelo outro, um sentimento bem diferente do que dedicamos a qualquer outra pessoa. O segundo elemento é uma confiança absoluta. O adultério destrói ambos.
Os índios iroqueses dos Estados Unidos tinham um costume muito interessante, para a celebração de um casamento. Durante a cerimónia nupcial, os noivos ficavam um frente ao outro, nas duas margens de um regato, e ali uniam as mãos por sobre a corrente das águas. Isto significava que a vida deles deveria fluir sempre unida.
Supondo-se que sabemos de alguém que cometeu adultério, como é que devemos agir?
Vamos ao Evangelho de João, capítulo 8, e vejamos como Jesus agiu para com uma mulher adúltera levada perante Ele. Não havia outra coisa a fazer senão apedrejá-la, mas os homens decidiram pedir a opinião de Jesus. A solução que Ele teria para aquele ou qualquer outro erro nunca seria o apedrejamento. Ele odiava o pecado mas nunca deixava de amar o pecador.
O Sr. Sam Tate contou que havia numa cidade da Geórgia, um bêbado que era conhecido de todo o povoado. Certo dia, encontrando-se com o Sr. Tate pela manhã, o homem disse: "Sam, os moleques atiraram-me pedras ontem à noite." "Talvez eles estejam querendo melhorá-lo", replicou o Sr. Tate. "Bem", replicou o pobre homem, "nunca ouvi dizer que Jesus atirasse pedras numa pessoa para a melhorar."
Jesus encontrava-se no meio do grupo, tendo diante de si a mulher culpada. Então ele se inclinou e começou a rabiscar no chão. (Que será que ele escreveu?) Depois, em voz calma, mas audível, falou: "Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra." E novamente se inclinou e recomeçou a escrever na areia. Ele conhecia muito bem aquele tipo de pessoa presunçosa que estava sempre pronta a  afundar os outros. Eu creio que ele deve ter escrito palavras tais como: mentiroso, ladrão, hipócrita, etc. Então, um a um, aqueles homens, antes tão empenhados em condenar a mulher, deixaram cair as pedras, e, envergonhados, se esgueiraram dali.
Segue-se então uma das mais grandiosas cenas da Bíblia. O imaculado Salvador está frente a frente com a mulher, sozinhos Nem uma palavra dura parte de seus lábios: Não lhe dirige nem mesmo um olhar de censura. Ele simplesmente diz, com ternura e amor: "Nem eu te condeno; vai e não peques mais."
Parece-me ver aquela cena mentalmente. A mulher levanta-se, colocando-se de pé. Ergue a cabeça, ombros aprumados, porquanto o peso da sua alma já foi retirado. Sente-se envolvida por um novo sentimento de autoconfiança, e pela alegria de receber nova oportunidade.
Diz-nos a tradição que foi ela quem se postou aos pés da cruz, ao lado de Maria, a virgem-mãe, e que ela foi a primeira pessoa a receber a notícia da ressurreição do Senhor e a gloriosa incumbência de contá-la a outros.
Quando Deus anunciou o nascimento de Cristo, enviou anjos do Céu. Foi um privilégio negado ao homem. Mas para falar da Sua ressurreição, foi o homem mortal o escolhido.
Qualquer que seja o meu pecado, Cristo, e somente Cristo, pode retirar minha culpa e dar-me vida eterna.