11 de fevereiro de 2013

2. NÃO FARÁS PARA TI IMAGENS DE ESCULTURA


O SEGUNDO MANDAMENTO DE DEUS é: "Não farás para ti imagens de escultura." Este é um mandamento que não afeta a maioria das pessoas. Entretanto a Bíblia fala mais dele do que de qualquer outro.
Os homens primitivos achavam difícil entender um Deus que não viam, e por isso criaram expedientes para auxiliar sua imaginação e dar mais realidade ao seu momento de culto. Isto em si não é errado. Ouvi falar de um certo homem que orava diante de uma cadeira vazia. Ele imaginava Deus assentado naquela cadeira e aquilo tornava a sua oração mais real.
Tenho vários exemplares da Bíblia na minha biblioteca. Utilizo-os para estudo e meditação, mas mesmo que nunca os abrisse, ainda seriam de grande valor para mim. Basta-me vê-los ali, para pensar em Deus. Está claro que é possível adorar-se ao Senhor em qualquer lugar, mas é muito mais fácil cultuá-lo num templo. Não é somente pelo lugar, mas também pelo programa de culto. A música e o sermão são de grande valia na adoração.
O perigo está em que é muito fácil adorar o meio em vez do objetivo. A Bíblia, a igreja, os hinos, os pastores e todos os símbolos e recursos visuais utilizados no culto são sacros apenas porque nos conduzem a Deus. O sentimento denominacionalista, por exemplo, pode bem ser uma violação deste mandamento.
Eu sou adventista, mas seria crente do mesmo jeito se fosse batista ou presbiteriano ou de qualquer outra denominação, que, como Pedro, diz ao Senhor: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." Mais nocivos do que estes símbolos auxiliares do culto são certas imagens que criamos. Sabemos que Deus "criou... o homem à sua imagem". (Gén. 1:27), mas é muito difícil viver à altura deste plano. É tão difícil, que a maioria das pessoas vivem bem aquém dele. Por isso, em vez de procurarmos ser semelhantes a Deus, tentamos criar um deus semelhante a nós. E bem mais fácil tornar Deus parecido conosco, do que nos fazermos iguais a Ele.
Deus ordena que não pequemos. Todavia, existem algumas coisas que desejamos fazer, não importando se são certas ou erradas. Por isso, criamos um Deus que não se preocupa muito com o que fazemos. Pensamos no Deus do céu azul, das montanhas majestosas, das flores belas, mas ignoramos o Senhor que disse: "Vós me roubais... nos dízimos e nas ofertas" (Mal. 3:8); ou o que disse: "Aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Gál. 6:7). Alguém já observou que Jesus não foi crucificado por ter dito: ''Considerai como crescem os lírios do campo", mas, sim, porque disse: "Vejam como roubam os ladrões!"
É bem mais fácil reduzir Deus às proporções que nos são mais convenientes, do que nos arrependermos dos nossos pecados, modificarmos o nosso modo de viver e nos tornarmos santos.
Quando Horace Bushnell estava na faculdade, considerava-se ateu. Certo dia pareceu-lhe ouvir uma voz que indagava: " Já que não acreditas em Deus, em que crês?" Ele respondeu: "Creio que existe uma diferença entre o certo e o errado." "Você está vivendo de acordo com os padrões que considera mais elevados?" perguntou-lhe ainda a voz. "Não", respondeu ele, "mas vou viver." E naquele dia, ele resolveu ter um padrão moral de vida que fosse o mais elevado possível.
Anos mais tarde, após ter servido como pastor de uma igreja durante 47 anos, ele afirmou: "A pessoa que conheço melhor – melhor que qualquer membro de minha igreja – é Jesus Cristo." Depois que passara a ajustar a sua vida às suas crenças, em vez de procurar adaptar as crenças à sua vida, ele chegou ao conhecimento de Deus.
O próprio processo de pensar exige a criação de quadros ou imagens mentais. Se pensarmos numa maçã, logo veremos uma na nossa imaginação. Pensando numa determinada pessoa, o seu rosto aparecerá na tela de nossa mente. Quando pensamos em Deus, fazemos uma representação mental dele. O perigo está no fato de que esta imagem pode não ser a certa, e isto é muito temerário. Nós nos tornamos iguais à imagem divina por nós criada, e se ela não for correta, o produto final será defeituoso. Por isso, a Bíblia contém mais advertências acerca deste segundo mandamento, "não farás para ti imagens de escultura", do que de qualquer um dos outros nove.
O homem vê características de Deus em várias das suas criações: nas montanhas, a Sua majestade; nos mares, a Sua grandeza; nas flores, a Sua beleza; nos Seus santos, a Sua justiça. Tudo isso, porém, é insuficiente para nos mostrar Deus. Como Filipe, o nosso coração clama: "Mostra-nos o Pai, e isso nos basta." Jesus replicou: "Quem Me vê a Mim, vê o Pai." (João 14:8, 9.) A única imagem perfeita de Deus que nós temos é Cristo, e isto nos basta.
Quando visualizamos a Jesus através das palavra dos evangelhos – Mateus, Marcos, Lucas e João – ficamos impressionados com os Seus olhos. Os homens que conviveram com ele esqueceram-se de mencionar a sua aparência, mas não puderam deixar de falar dos seus olhos. "Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro", e Pedro se quebrantou. Houve vezes em que os olhos de Jesus brilharam de alegria. Outras vezes se suavizaram com ternura, e em outras ocasiões se revestiram de uma expressão de censura. Quando eu leio: "Os caminhos do homem estão perante os olhos do Senhor", eu paro onde estou, e examino os meus passos.
Quando pensamos no rosto de Jesus, sentimos que era um rosto alegre. As criancinhas corriam para Ele, trepavam para o seu colo, e o abraçavam pelo pescoço. As pessoas O convidavam para as suas festas. Ao vermos Deus através de Cristo, não temos medo dEle; pelo contrário, queremos nos aproximar mais do Senhor. Nós o ouvimos dizer: "Nem Eu tão pouco te condeno; vai, e não peques mais" (João 8:11), e nos envergonhamos dos nossos pecados, desejamos ser purificados, e nos dirigimos a Ele em confissão, pedindo a purificação do nosso ser.
Vejamo-lo quando tomou a "intrépida resolução de ir para Jerusalém" (Luc. 9:51). Embora aquilo fosse significar a morte para Ele, não desistiu do grande objetivo da Sua vida aqui na terra. Quando O contemplamos, sentimo-nos fortalecidos para tomar a decisão certa. Nós O vemos fazer aquele percurso de 10 quilómetros até Emaús, para dar esperança aos corações desalentados (Luc. 24:13-32), ou então dar uma nova oportunidade aos amigos que O abandonaram (João 20:19-31), e aí sentimos a nossa esperança e alento renovarem-se.
Que maravilha é contemplar a Deus! Desejando confortar aqueles cristãos que estavam suportando pressões quase intoleráveis, João lhes disse que aqueles que fossem fiéis contemplariam "a sua face" (Apoc. 22:4). A promessa de vê-Lo compensava qualquer sacrifício.
Após completar a sua famosa estátua de Cristo, o escultor Thorwalssen convidou um amigo para vê-la. Os braços de Cristo estavam abertos, e a sua cabeça reclinada sobre o peito. O amigo disse ao artista: "Mas não consigo ver o seu rosto." Ao que ele replicou : "Se quiser vê-Lo, terá de ajoelhar-se!"
Cristo é a perfeita imagem de Deus. Nunca tenhamos outra.