O temor a Deus é muito mais do que uma doutrina bíblica; ele
é directamente aplicável à nossa vida diária, de numerosas maneiras.
1. Primeiro, se realmente tememos ao Senhor, temos uma vida
de obediência aos seus mandamentos e damos sempre um “não” ao pecado. Uma das
razões por que Deus inspirou o temor nos israelitas no monte Sinai foi para que
aprendessem a desviar-se do pecado e a obedecer à sua lei (Êx 20.20). Repetidas
vezes no seu discurso final aos israelitas, Moisés mostrou o relacionamento
entre o temor ao Senhor e o serviço e a obediência a Ele (e.g., 5.29; 6.2,24;
10.12; 13.4; 17.19; 31.12). Segundo o salmista, temer ao Senhor equivale a
deleitar-se nos seus mandamentos (Sl 112.1) e seguir os seus preceitos (Sl
119.63). Salomão ensinou que “pelo temor do SENHOR, os homens se desviam do mal
(Pv 16.6; cf. 8.13). Em Eclesiastes, o dever da raça humana resume-se em dois
breves imperativos: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos” (Ec 12.13).
Inversamente, aquele que se contenta em viver na iniquidade, assim faz porque
“não há o temor de Deus perante os seus olhos” (Sl 36.1-4).
2. O crente que sente o Temor do Senhor deve ensinar os seus
filhos a temer ao Senhor, levando-os a abominar o pecado e a guardar os santos
mandamentos de Deus (4.10; 6.1,2,6-9). A Bíblia declara frequentemente que “O
temor do SENHOR é o princípio da sabedoria” (Sl 111.10; cf. Jó 28.28; Pv 1.7;
9.10). Visto que um alvo básico na educação dos nossos filhos é que vivam
segundo os princípios da sabedoria estabelecidos por Deus (Pv 1.1-6), ensinar os
filhos a temeram ao Senhor é um primeiro passo decisivo para que eles também,
venham a sentir temor (reverencia) ao Senhor.
3. O temor de Deus tem um efeito santificante sobre o povo
de Deus. Assim como há um efeito santificante na verdade da Palavra de Deus (João
17.17), assim também há um efeito santificante no temor a Deus. Esse temor
inspira-nos a evitar o pecado e desviar-nos do mal (Pv 3.7; 8.13; 16.6). Ele leva-nos
a ser cuidadosos e comedidos no que falamos (Pv 10.19; Ec 5.2,6,7). Ele protege
a nossa consciência de cair em colapso, bem como a nossa firmeza moral. O temor
do Senhor é puro e purificador (Sl 19.9); é santo e libertador no seu efeito.
4. O temor do Senhor motiva o povo de Deus a adorá-lo de
todo o seu ser. Se realmente tememos a Deus, nós O adoramos e o glorificamos
como o Senhor de tudo (Sl 22.23). Igualmente, no final da história, quando o
anjo proclamar o evangelho eterno e conclama a todos na terra a temerem a Deus,
acrescenta prontamente: “e dai-lhe glória… E adorai aquele que fez o céu, e a
terra, e o mar, e as fontes das águas” (Ap 14.6,7).
5. Deus promete que recompensará a todos que o temem. “O
galardão da humildade e o temor do SENHOR são riquezas, e honra, e vida” (Pv
22.4). Outras recompensas prometidas são a proteção da morte (Pv 14.26,27),
provisões para as nossas necessidades diárias (Sl 34.9; 111.5), e uma vida
longa (Pv 10.27). Aqueles que temem ao Senhor sabem que “bem sucede aos que
temem a Deus”, não importando o que aconteça no mundo ao redor (Ec 8.12,13).
6. Finalmente, o temor ao Senhor confere segurança e consolo
espiritual indizíveis ao povo de Deus. O NT vincula diretamente o temor de Deus
ao conforto do Espírito Santo (At 9.31). Por um lado, quem não teme ao Senhor
não tem qualquer consciência da sua presença, graça e proteção; por outro lado,
os que temem a Deus e guardam os Seus mandamentos têm a experiência profunda de
proteção espiritual na sua vida, e da unção do Espírito Santo. Têm a certeza de
que Deus vai “livrar a sua alma da morte” (Sl 33.18,19).