“Temamos,
portanto, que, tendo-nos sido deixada a promessa, de entrar no seu descanso,
suceda que algum de vós, tenha falhado.” (Hb 4:1)
Os avisos constantes nesta epístola aos hebreus são reais, e
não meros truques psicológicos que visam assustar apenas os crentes, para que
não façam o que não devem.
Afirmamos que são crentes “reais” que são advertidos, pois
são os que reputam ser crentes verdadeiros, cuja experiência com Jesus é
válida. Notemos como o autor sagrado se inclui entre esse: “Temamos…”
Isto estabelece claramente a quem são dirigidas essas
advertências.
O próprio apóstolo Paulo “temia” ser desqualificado na
carreira.
“Antes, subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para
que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar
reprovado.” (I Co 9:27)
Temamos:
Sentimento de respeito ou reverência. Ato ou efeito de temer; receio, susto,
medo, pavor, terror.
Este é o sinónimo da palavra temor na nossa língua
portuguesa. Mas, na linguagem bíblica, você vai ver, que a palavra ganha uma
flexibilidade que nos capacitará a ver com clareza vários tipos de temor. Só
assim podemos entender a linguagem do Espírito Santo descrita na carta aos
Hebreus no capítulo quatro.
A palavra hebraica é: (Yare); temeroso, com medo.
Ou (Yir’â); temor, temeroso.
Neste caso, podemos dividir em cinco categorias o temor:
1º O temor emocional;
2º O temor intelectual;
3º O temor através da adoração formal;
4º O temor pela reverência e respeito;
5º O temor através da piedade e de um comportamento íntegro.
1º Análise: O Temor
Emocional.
A sua característica: é uma perturbação geralmente
passageira, por algum fato que provoca surpresa, ou mesmo perigo. Afeta
diretamente o nosso espírito.
Exemplo: a mensagem causou-lhe grande emoção, impressionou
muito. Mas, se é emocional apenas é passageira. Um exemplo bíblico bem claro é
o temor emocional dos hebreus diante do fogo no Monte Sinai. “Face a face o
Senhor falou conosco no monte no meio do fogo. Nesse tempo, eu estava em pé
entre o Senhor e vós, para vos notificar a palavra do Senhor, porque temestes
o fogo e não subistes ao Monte, dizendo…” (Dt 5:4-5)
“Quando o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o clamor
da buzina, e o Monte fumegante, tremeu de medo, retirou-se e pôs-se de longe.”
(Leia por favor Ex 20:18-21 para que você entenda perfeitamente sobre o temor
emocional).
2º O Temor
Intelectual não tem ênfase emocional
A sua característica: Age para defesa própria. O temor intelectual
dá-se apenas com o entendimento com a mente, a inteligência. Exemplo bíblico:
foi a reação de David, enquanto estava na corte de Áquis; pois David gozava de
um bom conceito, estima e prestígio público, e a sua reputação representava um
risco para a sua própria vida.
“…não é este David, o rei da sua terra? Não foi deste que
cantavam nas danças dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém, David, os seus
dez milhares? David considerou estas palavras no seu coração; e teve muito
medo de Áquis, rei de Gate.” (I Sm 21:11-12)
Esse tipo de temor, o temor intelectual não tem nada a ver
com as emoções.
Temeu com a mente, e agiu para defesa própria. Foi assim que
o apóstolo Pedro também se defendeu, com um temor intelectual de
perda da sua própria vida. (Mt 26:69-75)
No hebraico o vocábulo refere motivos exteriores de medo.
(Môra) terror. O sentimento provável é:
infunde-lhes o medo, ou seja, apresenta uma exibição aterrorizante de poder.
A experiência vivida por David, e por Pedro é o temor pela
estrutura governamental estabelecida, aos olhos deles era uma estrutura
bastante poderosa, capaz de os destruir.
Podemos entender com mais clareza o exemplo literal da
palavra hebraica “môra”, descrito pelo profeta Isaías. O Espírito do Senhor,
vem sobre o profeta e o faz declarar palavras divinas contra os motivos
exteriores do medo, acompanhado de assombramento, vindo de fora. Veja comigo:
“Não chameis conjuração a tudo quanto este povo chama conjuração; não
temais os que eles temem, nem tomeis isso por temível.” (Is 8:12)
Conjuração significa conspiração.
Era uma acusação que o partido pró-Assíria, na corte de Judá
fazia contra Isaías. O profeta aconselhava o povo a confiar em Deus. (Is 7:2)
“Ao Senhor dos Exércitos, a Ele santificai, seja ele o vosso
temor, seja Ele o vosso espanto.” (Is 8:13)
Isaías declarou: “Forjai projetos, e eles serão frustrados;
dai ordens, e elas não serão cumpridas, porque Deus é conosco.” (Is 8:10)
A fé lança fora todo o temor intelectual. Foi o que o
profeta ensinava ao povo hebreu, e deve ser a nossa atitude todas as vezes que
formos ameaçados por qualquer espanto, terror que os homens ou que as
circunstâncias tentam produzir em nós.
3º Temor através da
Adoração Formal.
A sua característica: Sincretismo religioso.
Sincretismo é: Sistema filosófico ou religioso que tende a
fundir em uma só, várias doutrinas diferentes.
O sincretismo religioso é o responsável pelo temor ao Senhor
com respeito a adoração pública, embora não temam ao Senhor com respeito a
“OBEDIÊNCIA” à sua palavra.
Confira comigo e o exemplo bíblico em: (II Reiss 17:32-34)
“Temiam ao Senhor, mas dentre os do povo constituíram sacerdotes dos lugares
altos, os quais exerciam o ministério nas casas dos lugares altos. Temiam ao
Senhor, mas também serviam a seus próprios deuses, segundo o costume das nações
dentre as quais tinham sido transportados. Até o dia de hoje fazem segundo os
costumes antigos. Não temem ao Senhor, nem fazem segundo os seus estatutos e
ordenanças, as leis e os mandamentos que o Senhor ordenou aos filhos de Jacó, a
quem deu o nome de Israel.
“Assim, estas nações temiam ao Senhor, mas serviam as suas
próprias imagens de escultura…” (II Rs 17:41a)
A Torah sugere o tipo de “Temor” que deve ser aprendido por
nós através da adoração pública. (Deut. 14:22-29)
4º Temor pela
Reverência e Respeito.
Sua característica: Adonai é o objeto do temor, então, Ele
será a causa, o motivo dos nossos sentimentos e ações.
Reverência é: Respeito profundo aos pais, consideração por
eles, nos ensina a Torah. “Cada um temerá a sua mãe e a seu pai…” (Lev 19:3a)
Reverência é: Respeito às coisas sagradas. “Guardareis os meus
sábados, e reverenciareis o meu santuário. Eu Sou o Senhor. “ (Lev 26:2)
Reverência ao nome de Deus. O salmista ora, pedindo ao Senhor:
“…unifica o meu coração para temer o teu nome.” (Sal 86:11)
Quando Adonai é o “objeto” de temor, a ênfase recai sobre a
reverência e o respeito.
Então a atitude que eu e você tomamos de reverência e
respeito é a “base” da verdadeira sabedoria.
O livro de Provérbios é estabelecido sobre esse tema:
“sabedoria”.
É usada em (Prov. 1:7) “O temor do Senhor é o princípio da
sabedoria…”
Torna a ocorrer em (Prov. 9:10) “O temor do Senhor é o
princípio da sabedoria, e o conhecimento do santo é a prudência.” E também em
outros capítulos do livro de Provérbios.
5º O Temor através da
Piedade e de um Comportamento íntegro.
A sua característica:
Temer e ter uma vida correta estão intimamente ligados. São quase sinónimos.
O que nos ensina a Torah.
“Ninguém defraude o seu próximo, mas tema ao seu Deus. Eu
sou o Senhor vosso Deus.” (Lv 25:17)
A conclusão que podemos chegar é que o temor reverente e
piedoso produz “motivação” real, desperta interesse, estimula para uma vida
justa e piedosa e se manifestará na vida prática.
Aquele que teme a Deus com reverência e piedade age espontaneamente
à mensagem divina, esse é o comportamento do indivíduo que teme a Deus.
Aprendemos o temor reverente e piedoso mediante a leitura das
Sagradas Escrituras.
“Ora, este mandamento, que hoje te ordeno, não te é difícil
demais, nem está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por
nós aos céus, que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o
cumpramos? Nem está do outro lado do mar, para dizeres: Quem atravessará por nós o mar, para que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Pois esta palavra está muito perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires.” (Deut 30:11-14)
cumpramos? Nem está do outro lado do mar, para dizeres: Quem atravessará por nós o mar, para que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Pois esta palavra está muito perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires.” (Deut 30:11-14)
Aquele que teme a Deus anda nos caminhos do Senhor.
“Bem-aventurado é aquele que teme ao Senhor e anda nos seus
caminhos.” (Sal 128:1)
Aquele que teme a Deus evita o mal.
“Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Job. Este
homem era íntegro e reto, temia a Deus e se desviava do mal.” (Job 1:1)
Quando tememos o Senhor Deus, somos recompensados por Ele.
“As parteiras temeram a Deus e não fizeram como o rei do
Egito lhes dissera, antes, conservaram os meninos com vida. Porque as parteiras
temeram a Deus, Ele lhes constituiu família.” (Ex 1:17-21)
“…portanto…” esta palavra leva-nos de volta ao capítulo três
de hebreus do versículo sete a dezanove, ensinando sobre a “geração do
deserto”. Todo o povo de Deus recebera muitos privilégios, vantagens que foram
concedidas somente a eles.
1ª Foram livres miraculosamente do Egito;
2º Viram as maravilhas do Senhor pelo espaço de quarenta
anos.
Mas pereceram!.. revoltaram-se contra o Senhor Deus,
murmuraram, fizeram sofrer horrivelmente aqueles que foram escolhidos (Moisés)
para os conduzir à Terra Prometida.
Então, disse o Senhor a Moisés: “…Até quando me provocará
este povo, e até quando não crerá em mim, apesar de todos os sinais que fiz no
meio deles? Com pestilência o ferirei, e o rejeitarei…” (Núm. 14:11-12)
Porém, Moisés orou, para que o Senhor perdoasse o seu povo,
e o Senhor pela sua infinita misericórdia, atendeu ao pedido do seu servo. Mas,
declarou Ele uma palavra de juízo contra eles. “Nenhum dos homens que viram a
minha glória e os meus sinais que fiz no Egito e no deserto, me tentaram essas
dez vezes e não obedeceram à minha voz; nenhum deles, verá a terra que prometi
com juramento a seus pais. Nenhum daqueles que me desprezaram a verá.” (Núm
14:22-23)
“…somente Calebe, filho de Jefoné e Josué filho de Num. Mas
os vossos filhos, dos quais dizeis que seriam levados como presa, eu os
introduzirei nela, e eles conhecerão a terra que desprezastes.” (Nm 14:30-31)
Portanto, irmãos, esses exemplos e ensinos bíblicos, devem
produzir em nós grande “TEMOR” para não seguirmos os exemplos negativos e
fracassarmos não obtendo descanso que nos foi prometido. O que você pensa
quando lê o (Sal 95) que diz: “Não
endureçais o vosso coração como em Meribá, como no dia da Tentação no deserto,
quando vossos pais me tentaram e viram a minha obra.”
Na realidade oramos a palavra com advertência. Porque o
descanso é uma “Promessa”, como temos várias promessas divinas. Mas, para o
cumprimento da promessa há uma condição, “OBEDIÊNCIA”.
A palavra promessa é usada (53) vezes no Novo
Testamento, na Epístola aos Hebreus aparece por catorze vezes. (Hb 4:1; 6:12;
7:6; 8:6; 9:15; 10:36; 11:9, 13, 17, 33, 39)
Você lendo todas essas referências, mostrará que todas estas
promessas são condicionadas. E você já aprendeu comigo, que condicionar na
psicologia é: Estabelecer num ser vivo, um novo comportamento.
É preciso haver a reação positiva, favorável do homem, na
forma de “OBEDIÊNCIA”, para que tenha o seu cumprimento.
O dever de obedecer não é apenas uma ordem que flutua no ar
acima de nós. Antes está bem perto de cada um e acessível a todos. “Pois esta
palavra está bem perto de ti, na tua boca, e no teu coração para a cumprires.”
(Deut. 30:14)
Se, oferecermos resistência, não poderá haver salvação para
nós.
A promessa foi dada, e permanece de pé, o descanso é
possível, mas poderá ser perdido.
Leia por favor em Números 14 e analise a condição do povo da
promessa, podemos ver que eles foram “Julgados” pelo Senhor e desqualificados
para o descanso.
“Quando Moisés transmitiu estas palavras a todos os filhos
de Israel, o povo se contristou muito.” (Nm 14:39)
A contrição é uma dor profunda e sincera pelas ofensas
feitas a Deus. Eu creio que eles oraram, pedindo perdão a Adonai, pelos pecados
cometidos e prometeram não mais pecar.
A Bíblia diz: “Levantaram-se de manhã cedo, subiram ao cume
do monte dizendo: Pecamos, subiremos ao lugar que o Senhor prometeu.” (Núm.
14:40)
Só que foi tarde demais o arrependimento. Pense bem, ficaram
aquém de tudo que o pai celestial prometeu. O descanso os aguardava, mas foram
desqualificados.
“Disse Moisés: Não subais porque o Senhor não estará no meio
de vós. Sereis derrotados diante dos vossos inimigos. Pois os amalequitas e os
cananeus estão ali diante da vossa face…” (Núm. 14:23a)
A promessa é grande, ela aponta para uma realidade grandiosa.
Mas, a promessa isolada, ela não é suficiente.
Tem que receber a contribuição da Fé mediante a lealdade a Jesus.
- A salvação é uma estrada de duas pistas. A um lado divino
e um lado humano. Só é válida quando o humano coopera com o divino.
A cooperação do homem é a Fé.
“…mas a palavra que ouviram nada lhes aproveitou, visto não
ser acompanhada pela Fé…” (Heb. 4:2)
“O justo viverá da Fé.” (Rom. 1:17)
E a Fé consiste na entrega da sua vida aos cuidados de Jesus
para que nós sejamos transformados.
O Senhor está a conclamar ao “Temor”.
Não um “temor” Emocional, cuja característica é das emoções,
bem passageiro.
Muito menos um “temor” Intelectual, ou verbal, que devemos
prestar lealdade à Jesus, a fim de agir em defesa própria apenas.
E aquele “temor” Adoração Formal, cuja característica é o
sincretismo, que nos faz estar bem com todas as religiões (porque preciso estar
bem com todos). Isso é o que produz a adoração formal. Mas, não temos coragem
suficiente para nos levantar quando precisa, e defender a honra de Adonai.
Nós sabemos que nada resta para ser feito por Deus. as suas
obras estão cumpridas na sua mente, antes mesmo da fundação do mundo. Temos
provas da existência de um descanso espiritual, que já foi determinado na mente
de Deus; após ter terminado a sua criação material, Ele descansou. “E abençoou
Deus o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra de
criação que fizera.” (Gén 2:3)
Então Ele deu claras provas que o descanso é uma realidade.
E agora convida você e eu a nos chegarmos a mesma realidade pela Fé.
Com um “temor” Reverente, tendo Adonai como objeto de Temor.
Então “Ele” será a causa, o motivo dos nossos sentimentos e ações.
Com um “temor” Piedoso, que resulta num comportamento
íntegro, cuja motivação real, nos estimula para uma vida justa e piedosa que se
manifestará na prática.
Então, a nossa preocupação deve ser a de exercer Fé, para
praticarmos o Temor reverente e o Temor piedoso, para recebermos os seus
benefícios.
Preparado por José
Carlos Costa, pastor