As escrituras são claras quando falam sobre a Criação e
demonstram por fato que Deus Pai é ativo na criação: “No princípio criou Deus
os céus e a terra” (Gn.1.1); “Assim diz o Senhor, teu Redentor, e que te formou
desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço todas as coisas, que sozinho estendi
os céus, e espraiei a terra” (Is.44.24). O Deus criador é uma grande ênfase na
revelação, até por que, esse reconhecimento estabelece por fato a superioridade
de Yahweh aos outros deuses: Enquanto os deuses eram criados pela atividade
criativa e desesperada do seres humanos (Is.44.14-17), Yahweh é o Supremo Criador
dos seres humanos: “Porque todos os deuses dos povos são ídolos; mas o Senhor
fez os céus” (Sl.96.5); “Os deuses que não fizeram os céus e a terra, esses
perecerão da terra e de debaixo dos céus. Ele fez a terra pelo seu poder; ele
estabeleceu o mundo por sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os
céus” (Jr.10.11-12).
É evidente nas escrituras que o Deus Pai seja o protagonista
na obra da criação, mas é fundamental demonstrar que essa obra é também
claramente reconhecida como obra do Filho e do Espírito Santo. O Novo
Testamento é claro em demonstrar que Jesus Cristo é ativo na criação: “Todas as
coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se
fez” (Jo.1.3); “porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra,
as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele” (Cl.1.16); “nestes
últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as
coisas, e por quem fez também o mundo” (Hb.1.2).
As escrituras também apontam para a Obra do Espírito Santo
na criação: “A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do
abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas” (Gn.1.2). Alguns
tem visto nessa afirmação apenas uma declaração de um poder ou atividade do
próprio Deus, como se o Espírito de Deus fosse uma manifestação do próprio
Deus. Entretanto, é importante reconhecer a terminologia empregada por Moisés
aqui. O uso da expressão hebraica “ruach elohim” em outros lugares no Velho
Testamento parecem sugerir que o autor fala de uma pessoa e não uma qualidade,
especialmente por desempenhar funções que são atribuídas claramente ao Espírito
Santo no Novo Testamento. Em Gn.41.38 o “ruach elohim” é apresentado como aquele que estava em José em sagacidade
e sabedoria. Em Ex.31.3 (cf. Ex.35.31) vemos o Senhor (YHWH) dizer a Moiséis
que havia enchido Bezaleel com o “ruach elohim”. Certamente aqui, como no caso
anterior, significa uma unção especial, uma comunicação especial de qualidades,
que nesse caso se refere à sabedoria, conhecimento para exercer funções artísticas
na construção do Tabernáculo. É interessante notar que no Novo Testamento o
Espírito Santo seja o responsável por conduzir os cristão ao desempenho do
serviço a Deus em situações de dificuldades (At.2.4; 4.31; 6.3). Em 2Cr.24.20
(cf. Nm.24.2; 1Sm.10.10; 19.20; 2Cr.15.1) vemos o “ruach elohim” ser usado para
levar a Palavra de Deus. Essa manifestação especial de Deus para demonstrar sua
palavra é claramente atribuída a ação do Espírito Santo no Novo Testamento:
“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da
parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo” (2Pe.1.21); “Aos quais foi
revelado que não para si mesmos, mas para vós, eles ministravam estas coisas
que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do
céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos bem desejam
atentar” (1Pe.1.12).
Outro detalhe que parece reforçar essa sugestão é o uso
neotestamentário da palavra grega “pneuma” para descrever o Espírito Santo. O
termo hebraico “ruach” também significa ar, respiração, vento como o termo
neotestamentário “pneuma”. A equivalência desses dois termos nos faz pensar que
os autores neotestamentários tinham razões léxicas e escrituristicas para
preferirem o termo grego que usaram para descrever o “ruach elohim”. É
interessante notar que a LXX trouxe a declaração, para Gn.1.2, como o “pneuma
Theou” (o Espírito de Deus).
Assim sendo, é possível perceber outras ocasiões em que o
“ruach” (pneuma; Espírito) é apresentado como criador: “Pelo seu Espírito
clareou os céus e a sua mão traspassou a serpente fugitiva” (Jo.26.13): “O
Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida” (Jo.33.4);
“Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e
recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com pesos e os outeiros em
balanças, Quem guiou o Espírito do Senhor, ou, como seu conselheiro o ensinou?”
(Is.40.12).
Tendo admitido que a Trindade estava ativa na criação é
importante lembrar que Filho e Espírito Santo não poderes manifestos de Deus,
ou agentes intermediários, mas participantes ativos com o Pai na Obra da
Criação. Portanto, podemos dizer que a Criação é uma Obra do Pai, por meio do
Filho com o Espírito Santo.
continua
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