“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o espírito de adopção de filhos, pelo qual clamamos: Abba, Pai.” (Romanos 8:15)
Este texto ensina-nos que a oração ou o “clamamos”, nasce no coração dos que têm a consciência que são filhos de Deus. Por este facto a oração é, ou deve ser, uma atitude de verdade e de vida. Não qualquer coisa de memorizado e repetitivo, mas um grito da alma.
Por esta razão, a prece, seja ela proferida em voz alta no meio da congregação dos fiéis, ou no grupo restrito da família, ou a sós, ela deve ser sempre uma oração íntima. Uma expressão interior autêntica e não uma atitude declamatória. Ela tem o sentido do falar em segredo, do face a face: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará”. (Mateus 6:6)
Creio que não conheço pensamento mais bonito sobre a oração do que este: “Orar é respirar lentamente”. É ser cheio do Espírito Santo, do Sopro divino. É um movimento do coração que manifesta a fé e o amor.
Por isso, em primeiro lugar, a oração necessita de um ambiente especial.
Realmente, não podemos orar, como quem se precipita para o telefone a chamar uma ambulância. Não se pode falar com Deus sem nos desligarmos das ocupações. Orar é ficar ocupado com Deus. Estar com Ele, não como um escravo que teme estar na presença do seu senhor, mas como um filho que está na presença do Pai que o ama afectuosamente. E este encontro naturalmente é privilegiado, a sós. Pode, no entanto, dar-se quando oramos na igreja, no autocarro, guiando o nosso automóvel, ou caminhando em qualquer lugar. Pessoalmente gosto de falar com Deus ao caminhar no meio da Natureza. Sinto a Sua presença como em mais nenhum outro lugar e dá-me a sensação que estou no Seu ambiente.
Em segundo lugar, a oração necessita da fé, ou melhor da autenticidade.
Crer, esperar, amar, expor-se a Deus tal como somos. Conheço uma outra definição sobre a oração: “Orar é despir-se”. Ficar nu diante de Deus. Sem máscara, sem as roupas do Sábado, mas com as roupas de todos os dias. Estar diante de Deus, tal como somos diante do marido, ou da esposa, dos filhos ou dos amigos. É quando temos esta ousadia de nos despirmos diante do Pai, que Ele nos pode ajudar a caminhar, dando passos sucessivos, afastando-nos das máscaras e sermos como Ele quer que sejamos: filhos na autenticidade do ser e do fazer.
O terceiro, e certamente o mais importante componente da oração é o amor.
O amor autêntico leva-nos a caminhar uma vida inteira com aquele(a) que amamos, o amor assegura-nos que temos a confiança daquele(a) que amamos. Só a certeza de que Deus nos ama, nos dá a força da confiança de repousar e de estar com Ele. Só o amor nos empurra para Ele e deseja n’Ele permanecer!
Será, o que acabámos de expor, métodos, princípios ou vida? Que cada um responda no íntimo do seu coração. Não esqueça, no entanto, que orar é fé, esperança e amor, são estes os alimentos da vida cristã.
Estamos agora na via da paz e da verdadeira cura interior, ou da verdadeira razão para a esperança. Que assim seja, prezado amigo!