15 de abril de 2010

AMAR DEUS: PRIMEIRO PASSO

“O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios.” Cantares de Salomão 2:16

Cantares de Salomão é um livro magnífico. Conta a história do amor de um jovem pela sua noiva. Esta história é, em termos espirituais, o amor de Jesus pela Sua noiva muito amada, por quem deu a vida a fim de a resgatar das mãos do inimigo. Esta noiva é a Igreja.

O texto, que é a base da nossa meditação, faz referência à jovem. Quando ela fala, diz: “O meu amado é meu, e eu sou dele”. Se continuássemos a ler o capítulo 3:1-4, verificaríamos que a primeira pessoa do singular se multiplica: “De noite (eu) busquei... a quem (eu) amo... (eu) levantar-me-ei... (eu) rodearei... (eu) buscarei... (eu) busquei-o... (eu) não o achei, etc.

A primeira pessoa do singular que apresentamos refere-se exclusivamente ao capítulo 3:1 e 2. Dá, no entanto, para compreender que a noiva antes de ver o noivo vê-se a ela própria. O noivo é a segunda pessoa, ela é a primeira.

Representa o crente em busca do Senhor. Em busca do que o Senhor pode fazer por ele, e não tanto por aquilo que ele está pronto a fazer pelo Senhor. É o amor necessidade, ou amor gratidão. É um amor bom e naturalmente legítimo. Deus aceita este tipo de amor, mas é o amor primitivo, é o amor na sua simplicidade, é o amor da criança que dependente, ama porque recebe.

Então é um amor revestido de egoísmo. Amo Deus na medida em que recebo bênçãos, em que as coisas correm bem. Se recebo muito, amo muito, se recebo pouco, amo pouco. Este amor gratidão, Deus não o recusa mas pretende conduzir-nos para um outro estado, para uma fase muito mais amadurecida do amor.

Este amor leva-me a pensar na mulher de Jó. Enquanto tinha os seus filhos, (apesar do marido ter de oferecer sacrifícios diários por eles) os bois, os camelos, a casa e o marido com saúde, tudo bem. Mas quando estas coisas desapareceram, aconselhou o marido: “Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre.”

Jó, porém, fica firme como uma rocha, confiando n’Aquele que tudo lhe tinha dado. Ele sente pelo Senhor um amor sincero e fiel.

Na passagem da nossa meditação, o noivo afastou-se da noiva, porque é necessário que ela aprenda, é preciso conduzi-la a um outro nível de amor, amor que ela desconhece.

São as circunstâncias, os problemas, a solidão, a frustração, o desamparo de seres que amamos, espinhos que o Senhor permite para que purifiquem o nosso amor por Ele. O apóstolo Paulo exclamava: “Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus.”

Quando nos convertemos, sentimos paz, alegria, prazer por sermos estimados pela nossa comunidade. Sentimos que é uma graça extraordinária. É o primeiro amor.

Mas quando estas coisas desaparecem, devemos saber que Deus não deixou de amar-nos. Ele permite simplesmente que avancemos no nosso amor, que olhemos mais para Jesus. Só Ele é o “autor e consumador da nossa fé” (Hebreus 12:2).