“E falava o Senhor a Moisés cara a cara, como qualquer fala com o seu amigo.”
(Êxodo 33:11)
Orar é aceitar o convite da parábola da grande ceia (Lucas 14:15-24). Uma vez certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos, mas todos recusaram sair para comer com ele.
Todos os convidados estavam demasiado “ocupados” para passar algumas horas com aquele anfitrião amável, que oferecia não só de comer mas até o seu próprio lar. Quantas vezes assumimos a mesma atitude? Estamos tão ocupados que não temos tempo para estar com o Senhor? (Ele é o Anfitrião).
No entanto, a prece deveria ser a nossa primeira urgência. Não sei se têm o hábito de apontar, na vossa agenda, os encontros, os afazeres do dia seguinte! Há anos que faço isso. Devo, no entanto, confessar que nunca coloquei na minha agenda, como primeira prioridade, estar com Deus, logo pela manhã.
Recordo uma experiência que ouvi do Dr. Posse contar, na altura, director do Colégio Adventista de Sagunto. “Um dia – contava ele – quando descia da minha casa que ficava na montanha, ouvi alguém falar. Fui-me aproximando lentamente e encontrei o José Carlos de joelhos, a orar. Era muito cedo e fiquei surpreendido.”
Esta experiência é autêntica, mas a verdade é que na minha agenda o Senhor não é colocado como a primeira prioridade. Mas desejo fazê-lo porque na minha alma existe constante necessidade da Sua presença.
Orar é praticar o êxodo interior. Quando pensamos em êxodo o nosso pensamento é conduzido à fuga dos Israelitas do Egipto, à saída, ao abandono de uma terra onde eram escravos para uma terra de liberdade. Terra oferecida e preparada pelo Senhor. Uma terra que manava leite e mel.
Realmente é este o convite que Deus nos dirige hoje, a deixarmos algumas fracções de tempo do nosso dia, para praticarmos um verdadeiro êxodo interior, um abandono das preocupações das quais a vida nos fez prisioneiros e sair ao encontro da leitura da Palavra de Deus, da oração, da meditação, a ter um lugar à mesa com o Senhor.
Então o Senhor vem ao nosso encontro, porque Ele sabe que o nosso êxodo é um êxodo apressado, urgente, mas mesmo assim quisemos estar com Ele “face a face”. Ele compreende as nossas urgências e nesse pouco tempo dar-nos-á a porção necessária, porque na pressão das urgências, nós decidimos comer com Ele.
É pouco mais do que um gesto, mas há gestos que dizem mais do que longos discursos. Quem é que não experimentou mais conforto e ânimo num abraço, num sorriso, do que num longo e interminável monólogo? Algo de semelhante se pode passar entre nós e Deus, e então, ao longo do dia, muitos gestos se podem multiplicar de Deus em relação a nós e de nós em relação a Deus. É uma comunicação constante, e os louvores multiplicam-se porque em tantas coisas vamos ver que o Senhor no nosso êxodo nos acompanha e nos guia.
Deus é amor e o amor regozija-se por amar. Podemos fazer a travessia deste mundo inundados de alegria, se no nosso coração praticarmos o êxodo na direcção de Deus.