“Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele se alimenta entre os lírios.”
Cantares de Salomão 6:3
No capítulo 5:10, diz: “O meu amado é cândido...” e o versículo 16, “O seu falar é muitíssimo suave; sim ele é totalmente desejável.”
Aqui a jovem noiva manifesta admiração, um certo orgulho pelo seu amado. Ele distingue-se entre dez mil.
O seu egoísmo dilui-se, pensa mais nele do que nela. Inverteu a declaração: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu.”
No entanto nota-se ainda a noção do dar e do receber. Mas, é um passo no progresso do amar a Deus. Ama Deus porque é Deus, porque deseja pertencer-Lhe. A admiração tem uma razão lógica: o amado é belo, cândido, o Seu falar é muito suave. Este estado do amor pelo Senhor é maravilhoso, ama-se por tudo o que Ele é. É o amor admiração.
Mas o amor autêntico deve ir além deste estado. O amor genuíno é mais que admirar, ou ter simpatia.
O amor gratidão e admiração têm uma coisa em comum: amamos “porque”. Amamos porque necessitamos das bênçãos do Senhor e amamos porque é bom estar na Sua companhia.
O amor que tem como base uma justificação, é um amor racional e ainda não chegou a um estado de verdadeira pureza.
Falar de amor hoje é uma coisa comum, para não dizer vulgar. O amor é recitado em belos poemas, canta-se o amor e até se chora diante de uma telenovela romântica, que não tem nenhum conteúdo de verdade. No entanto, se na rua uma velhinha pobre e andrajosa nos estender a mão suplicante e rogar: “Dê-me qualquer coisinha”. Olhamos para o lado na nossa arrogante indiferença e à noite voltamos a chorar diante da telenovela!
O puro e autêntico amor é mais do que um sentimento ou uma grande admiração. Quantos maridos dizem amar e admirar as suas esposas e no entanto agem de modo a anulá-las, tratam-nas sem o mínimo dos afectos?
O amor para o qual Cristo quer conduzir a Sua noiva nasce da contemplação:
“A contemplação do Seu amor, manifestado no Seu Filho, comoverá o coração e despertará as energias da alma como nenhuma outra coisa o poderia fazer.” Desejado de Todas as Nações, p. 360.
Este é o segundo passo no crescimento do amor por Aquele que aceita o amor gratidão, admiração, mas deseja no entanto, e pela contemplação do sublime sacrifício de Jesus, que cheguemos ao amor dádiva generosa.
Chegados a este ponto, seria bom que fizéssemos um exame introspectivo no sentido de avaliar os nossos amores (pelo marido, mulher, família, pelos membros da minha igreja e por Deus).
Esta avaliação deve ter a seguinte formulação:
• Será que coloco o outro em primeiro lugar?
• Será que me esqueço dos outros?
• Será que me dou acolhendo sem reserva a vontade de Deus?
• Qual é a Sua vontade para mim?