“E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.” Mateus 10:30
O ritmo de vida desenfreado ao qual estamos sujeitos quotidianamente leva-nos, com frequência, a desenvolver sentimentos terrivelmente negativos, tais como, “não consigo sentir-me realizado(a)”, “não presto”, “a minha vida não tem nenhum sentido”, “vale mais morrer que viver”.
Estes sentimentos amarguram-nos e quase sempre impedem que realizemos projectos, que revelemos dons que Deus graciosamente nos deu, que exprimamos sentimentos de amor, de gratidão. Impedem-nos de oferecer sorrisos que fariam a nossa família e os que connosco privam muito mais felizes, o que contribuiria para o nosso próprio bem-estar. E levar-nos-ia a sermos muito mais úteis no nosso lar, na nossa igreja e até na nossa vida profissional.
A verdade, porém, é que estes sentimentos negativos que habitam o nosso emocional, não são propriedade particular, são herança de todo o ser humano, e até de homens e mulheres da Bíblia, só que estes, aproximando-se de Deus, descobriram que eram pessoas particulares e únicas para Ele. E em consequência disso as suas vidas foram radicalmente transformadas.
Penso no caso de David. Era membro de uma família de oito irmãos. O mais novo, cuja missão era guardar as poucas ovelhas do seu pai. Convenhamos que não era missão fácil. Os restantes membros da família certamente que eram agricultores. Havia animais para lavrar a terra, semeavam, esperavam que a colheita crescesse, colhiam, tudo isto dividido por sete irmãos e o pai a ajudar... até deveria ser interessante; conversavam, riam, comiam a horas certas, etc.
David, não tinha nada disto.
Um dia o profeta Samuel vai a casa do pai de David, de nome Jessé, para escolher, entre os oito, um rei. A verdade, porém, é que os únicos que são apresentados são os sete irmãos mais velhos e nenhum deles era o escolhido de Deus. O profeta, confundido, pergunta: “Acabaram-se os mancebos?” Queria dizer: “O que é que se passa aqui? O Senhor que não Se engana mandou-me escolher um rei entre os teus filhos, mas nenhum destes é o escolhido, será que Deus mudou de ideias?”
Deus não tinha mudado de ideias, mas David, tinha sido literalmente ignorado pela família. Eu não digo que eles o não amassem, mas não lhe reconheciam valor, inteligência, habilidade. Era muito novo para ser rei de Israel!
Esta atitude dos seus pais e irmãos era conhecida de David e era para ele um espinho na carne. Ele chega mesmo a considerar-se: “...a quem persegues? A um cão morto? A uma pulga?” (I Samuel 24:14).
Um cão morto, uma pulga! Que valor tem um cão morto ou uma pulga? Nenhum! Estas palavras revelam recalcamento, frustração, memória ferida, certamente provocada por palavras que o desconsideravam. Mas um dia ele conheceu o sublime amor de Deus, teve consciência que era um ser maravilhoso e único para o seu querido Criador.
E então exprime palavras de gratidão, de louvor, de libertação. Leia o Salmo 139:15-17. Isto é também para si. Somos, para o nosso Pai, um ser único!