31 de março de 2010

ORAR É SABER ESCUTAR

“Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui; se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar vaidade.” Isaías 58:9

Repetidas vezes a Bíblia Sagrada regista o apelo de Deus clamando: “Escuta ó Israel!” Se é verdade que a oração é falar com Deus, não é menos verdade que orar é escutar. E se na nossa vida espiritual acontecem, infelizmente, tantos fracassos, deve-se essencialmente ao facto de sermos nós a tomarmos as iniciativas sem procurarmos com sinceridade de coração ouvir Deus.

Em 1989, quando Michael Chang vencia o torneio de ténis de Roland Garros, dizia perante as câmaras da televisão sem a mínima relutância: “Todo o mérito do que me acontece pertence a Jesus Cristo. Confio n’Ele em todas as coisas. Todos os dias oro e leio a Bíblia. Depois, procuro seguir a Sua voz!”

Que testemunho extraordinário de um jovem que ama Jesus e procura escutar Deus na oração e na leitura da Sua Palavra. Realmente, é espantoso o testemunho de calma e de ética que ele dá perante todos os seus adversários. Certamente nem sempre o seu estado de espírito é condizente com o seu comportamento equilibrado, mas ele procura seguir os conselhos da Voz de Deus. Isso é o mais importante, não ele, mas Cristo nele.

Escutar Deus é dar mais importância àquilo que Ele tem a dizer do que ao que nós dizemos. Um princípio do bom ouvinte é saber colocar de parte todas as afirmações e súplicas, todas as tristezas e lamentos, para se concentrar n’Aquele que tem a resposta e a solução do problema.

Não há oração se não houver adoração, e como pode uma oração ser verdadeiramente um acto de adoração, se não for antes um acto de escuta?

Escutar Quem Ele é, estar consciente da Sua divindade, e de que Ele é o Soberano do Universo, o Deus Todo Poderoso, Omnisciente e Omnipresente e, particularmente, que é nosso Pai!

O erro mais frequente na oração é, sem dúvida, estarmos tão preocupados com o que dizemos, concentramo-nos de tal maneira em nós, no que nos preocupa, que nos esquecemos a Quem estamos a falar. E quando isto acontece, não há oração mas monólogo. Isto é, falamos para nós próprios, a nossa oração não passa do espaço que nos permite a escuta do que dizemos, por isso ela não atinge o Trono de Deus, porque não é n’Ele que estamos projectados, mas em nós.

Não significa isto que a oração pronunciada nestas condições não revele sinceridade e emoção, lágrimas até, mas falta-lhe a convicção, a visão. Concentramo-nos no que nos provoca o sofrimento, mas não no Senhor que o cura. Satanás regozija-se com esta situação.

Fixemos o nosso pensamento nas seguintes palavras do Senhor Jesus, pronunciadas na Sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, e enviou-me a curar os quebrantados do coração.” Lucas 4:18.

Não são os sofrimentos físicos os mais difíceis de suportar, mas os sofrimentos alojados no coração, na alma, na consciência. Esses dão origem a muitas doenças psicossomáticas e em muitos casos só Jesus é realmente a solução. Mas a solução passa por saber escutá-l’O. Por isso devemos terminar este momento de reflexão pronunciando o Nome do que cura. O apóstolo Paulo diz: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Timóteo 3:5.