22 de setembro de 2011

COLOSSENSES 2:16 E OS SÁBADOS CERIMONIAIS

Precisamos analisar, com isenção de ânimo, sem ideias preconcebidas, a passagem de Colossenses 2:16, e interpretá-la dentro do seu contexto e no sentido claro e evidente que contém. Notemos os seguintes factos:
a) Os sábados mencionados nesta passagem estão associados a dias de festas e Lua Nova, que eram solenes festividades nacionais judaicas, ou feriados fixos. Ora o sábado do Decálogo não tem esta natureza. Não era festivo nem típico.
b) Os sábados cerimoniais estavam incluídos entre instituições que eram “sombras das coisas futuras” – prefigurações de eventos que ainda estavam por vir. O sábado do Decálogo é comemorativo de um algo passado: a Criação. Não era sombra de coisas futuras. Sem dúvida, o texto refere-se aos sábados cerimoniais. Vejamos o que os eruditos dizem a este respeito:
* Jamieson, Fausset, and Brown, estudiosos fundamentalistas, assim comentam Colossenses 2:16: “Sábados… referem-se ao dia da Expiação e festa dos Tabernculos que chegaram ao fim com os cultos judaicos a que pertenciam (Levítico 23:32, 37 e 39). O sábado semanal repousa em base mais permanente, tendo sido instituído no Paraíso para comemorar o remate da Criação em seis dias. Levítico 23:38 expressamente distingue o ‘sábado do Senhor’ dos outros sábados.”
* Adam Clark, em seu autorizado comentário, assim interpreta Colossenses 2:16: “Não há aqui indicação de que o sábado fosse abolido, ou que sua obrigação moral fosse superada pelo estabelecimento do cristianismo. Demonstrei em outra parte que ‘Lembra-te do dia do sábado para o santificar’ – é um mandamento de obrigação perpétua, e nunca pode ser superado senão pela finalização do tempo.”
* Albert Barnes, em sua obra Notes on The New Testament, comenta Colossenses 2:16, textualmente: “Não há nenhuma evidência nessa passagem de que Paulo ensinasse que não havia mais obrigação de observar qualquer tempo sagrado, pois não há a mais leve razão para crer que ele quisesse ensinar que um dos Dez Mandamentos havia cessado de ser obrigatório à humanidade. Se ele tivesse escrito ‘O sábado’, no singular, então, certamente estaria claro que ele quisesse ensinar que aquele mandamento (o quarto) cessou de ser obrigatório, e que o sábado não mais devia ser observado. Mas o uso do termo no plural, e a sua conexão, mostram que o apóstolo tinha em vista o grande número de dias que eram observados pelos hebreus como festivais, como uma parte de sua lei Cerimonial e típica, e não a lei Moral, ou os Dez Mandamentos. Nenhuma parte da lei Moral – nenhum dos Dez Mandamentos – poderia ser referido como ‘sombra das coisas futuras.’ Estes mandamentos são, pela natureza da lei Moral, de obrigação perpétua e universal.”
Até parece um adventista que está falando… é forte a força da evidência. É esmagadora a força da verdade. Sim, estes sábados mencionados em Colossenses 2:16, e que foram cravados na cruz, não se confundem com o sábado do sétimo dia, porque este é de obrigação perpétua. São os adventistas que o afirmam? Muitos compreensivos estudiosos dos oráculos divinos ratificam essa afirmação.
* E a importante declaração de Strong, que muito nos tem ajudado neste mister. Diz textualmente: “Percebemos… a importância e o valor do sábado, como comemorativo do ato divino da Criação e, necessariamente da personalidade, soberania e transcendência de Deus. O sábado é de obrigação perpétua como o memorial estabelecido de Sua atividade criadora. A instituição do sábado antedata o decálogo e forma uma parte da lei moral. Feito na criação, ele se aplica ao homem em toda a parte e em época, em seu atual estado de criatura.” 1
* E continua A. H. Strong: “Nem nosso Senhor nem Seus apóstolos ab-rogaram o sábado do Decálogo. A nova dispensação anulou as prescrições mosaicas relativas à maneira de guardar o sábado, mas continua reafirmando sua observância como de origem divina necessária à natureza humana. Nem tudo na lei mosaica foi abolido por Cristo… Cristo não cravou na cruz mandamentos do Decálogo.” 2
* Esse testemunho fala por si: Os “sábados” de Colossenses 2:16 eram cerimoniais. Há estudiosos que alinham os sábados em sete, durante o ano judaico, e que no ano 30 de nossa eram assim se teriam seguido: 15 de Nisã (sexta-feira), 21 de Nisã (quinta-feira), 6 de Sivã (sábado), 1.º de Tishri (domingo), 10 de Tishri (terça-feira), 15 de Tishri e 22 de Tishri (domingo). De qualquer maneira, recaíam em dias diversos da semana. Deus descansou no sábado do sétimo dia, porém não fez o mesmo nos sábados anuais. Ao primeiro Deus chama “os Meus sábados” (Ezequiel 20:20); aos últimos, chama-os de “seus sábados” (Oséias 2:11; Isaías 1:13), etc. A própria Bíblia estabelece a distinção, como vimos.
* E os já citados Jamieson, Fausset, and Brown, no seu comentário, dizem: “Levítico 23:38 expressamente distingue ‘o sábado do Senhor’, de outro sábados. Um preceito positivo é ordenado por ser necessário e cessa de ser obrigatório quando ab-rogado; porém o preceito moral é ordenado eternamente, porque é eternamente necessário.”
→ E para concluir deve-se dizer que a posição daqueles que tentam livrar-se do mandamento do sábado do sétimo dia, insistindo que Colossenses 2:16 se refere a ele e que foi cancelado na cruz, é assaz comprometedora para eles mesmos. Afirmando a ab-rogação do quarto mandamento estão efetivamente cancelando a base do domingo, porquanto fora da lei moral não há mandamento para santificar um dia em sete – como entendem e procuram justificar.
Referências1. A. H. Strong, Systematic Theology, pág. 408.
2. Idem, pág. 409.