A questão do livre-arbítrio é o centro da análise sobre a origem do mal. Indagado sobre o maior mandamento da lei, Jesus respondeu de maneira breve, mas clara: “Ama o Senhor” (Mat. 22:37). Só três palavras, que contêm a essência de toda a lei.
No nosso relacionamento com Deus, o amor é o elemento mais importante. Tudo o que Deus fez por nós teria sido impossível sem o amor. Tudo o que estamos a tentar fazer por Ele não tem sentido sem o amor. Somente quando abrimos o nosso coração e aceitamos o amor de Deus, podemos ser capazes de refletir esse amor a outros e cumprir todos os outros mandamentos. Tudo é uma resposta a esse amor.
O amor é a única base aceitável no relacionamento com Deus. Esta é a chave para se entender que fora do amor espontâneo, tal relacionamento seria envenenado. Imagine relacionamentos entre namorados, noivos, cônjuges, entre pais e filhos, onde o amor fosse imposto, ou se tornasse uma exigência legal. Todos sabemos que amor verdadeiro não se compra, não se força, não se exige, não se vende, não se negocia, não se impõe, nem empresta. Para merecer este nome, o amor deve ser oferta livre e voluntaria.
Mas o amor tem uma extraordinária fraqueza: Ele pode ser rejeitado. Todos nós também sabemos de amores extraordinários na sua grandeza, pureza e legitimidade, e que foram abandonados, rejeitados, desprezados, e ridicularizados. Apesar de toda a sua força e poder, não há absolutamente nada que o amor possa fazer a respeito da sua rejeição. O amor pode ser rejeitado, esta é a chave para começarmos a entender o grande drama do mal no Universo. Criando seres moralmente livres, Deus correu o risco das pessoas que amam: o de ser rejeitado!
Para amarmos a Deus temos que ser livres. É simples assim. O amor não pode existir sem liberdade moral, e a liberdade moral não pode existir sem a capacidade de errar.
O Livre-Arbítrio e a Possibilidade do Mal
Para obedecer é preciso ter liberdade moral. Os estudantes da Bíblia estão familiarizados com o registo de que no princípio Deus criou os céus e a Terra. Ele não dependia de matéria nem de condições preexistentes. Ele fez tudo existir por Sua palavra, que é a expressão da Sua mente (João 1:1-3). Às Suas criaturas inteligentes, concedeu os atributos da individualidade e da liberdade pessoal de escolha. Mas a escolha, por sua própria natureza, envolve a opção de escolher entre o que é certo e o que é errado. Por esse motivo, desde o princípio havia a possibilidade do mal.
Os nossos ancestrais, Adão e Eva, desviaram-se do caminho. Deus tinha-os criado com a possibilidade de escolher entre confiar n´Ele e obedecer ao que Ele dissesse, ou experimentar o outro caminho: o do
desrespeito e da desobediência. Eles não estavam predestinados ou programados para escolher só o caminho certo. Não teria sido justo. Possuíam livre-arbítrio para tomar as suas próprias decisões. E exerceram essa liberdade sem perceber todas as consequências que viriam depois.
A Rebelião de Satanás no Céu
No livro Patriarcas e Profetas, a escritora cristã, Ellen White, analisa em detalhes os eventos ocorridos no Céu, antes da criação do homem, tomando por base o relato extraído das Escrituras Sagradas com relação ao livre-arbítrio concedido primeiramente aos anjos. Segue a transcrição de alguns trechos extraídos do capítulo intitulado: “Por Que Foi Permitido o Pecado?”. Diz Ellen White:
“Houve um ser que perverteu a liberdade que Deus concedera às Suas criaturas. O pecado originou-se com aquele que, abaixo de Cristo, fora o mais honrado por Deus, e o mais elevado em poder e glória entre os habitantes do Céu. Lúcifer, “filho da alva”, era o primeiro dos querubins cobridores, santo, incontaminado.
“Assim diz o Senhor Jeová: Tu és o aferidor da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus; toda a pedra preciosa era a tua cobertura. … Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti.” Ezeq. 28:12-15.
Pouco a pouco Lúcifer veio a condescender com o desejo de exaltação própria. Dizem as Escrituras: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor.” Ezeq. 28:17. “Tu dizias no teu coração: … acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono. … Serei semelhante ao Altíssimo.” Isa. 14:13 e 14.
(…) Deus permitiu que Satanás levasse avante a sua obra até que o espírito de desinteresse amadurecesse em ativa revolta. Era necessário que os seus planos se desenvolvessem completamente a fim de que todos pudessem ver a sua verdadeira natureza e tendência. Lúcifer, sendo o querubim ungido, fora altamente exaltado; era grandemente amado pelos seres celestiais, e forte era a sua influência sobre eles. O governo de Deus incluía não somente os habitantes do Céu, mas de todos os mundos que Ele tinha criado; e Lúcifer concluiu que, se ele pôde levar consigo os anjos do Céu à rebelião, poderia também levar todos os mundos.
Mesmo quando foi expulso do Céu, a Sabedoria infinita não destruiu Satanás. Visto que unicamente o serviço de amor pode ser aceite por Deus, a fidelidade das Suas criaturas deve repousar na convicção da Sua justiça e benevolência. Os habitantes do Céu, e dos mundos, não estavam preparados para compreender a natureza ou consequência do pecado, não poderiam ter visto então a justiça de Deus na destruição de Satanás. Houvesse ele sido imediatamente destruído, e alguns teriam servido a Deus pelo temor em vez de o fazer pelo amor. A influência do enganador não teria sido completamente destruída, tão pouco o espírito de rebelião teria sido totalmente desarraigado. Para o bem do Universo todo, através dos intérmináveis séculos, ele deveria desenvolver mais completamente os seus princípios, a fim de que suas acusações contra o governo divino pudessem ser vistas sob sua verdadeira luz, por todos os seres criados, e a justiça e a misericórdia de Deus, bem como a imutabilidade da Sua lei, pudessem para sempre ser postas fora de toda a questão.
A rebelião de Satanás deveria ser uma lição para o Universo, durante todas as eras vindouras – perpétuo testemunho da natureza do pecado e dos seus terríveis resultados. A actuação do governo de Satanás, os seus efeitos tanto sobre os homens como sobre os anjos, mostrariam qual seria o fruto de se pôr de parte a autoridade divina. Testemunhariam que, ligado à existência do governo de Deus, está o bem-estar de todas as criaturas que Ele fez. “Assim, a história desta terrível experiência com a rebelião seria uma salvaguarda perpétua para todos os seres santos, para impedir que fossem enganados quanto à natureza da transgressão, para salvá-los de cometer pecado, e de sofrerem sua pena.” – Ellen White, Patriarcas e Profetas, págs. 33/43.
O facto é que Deus criou Lúcifer perfeito, sem qualquer propensão para o mal. Mas, como agente moral livre, esse anjo “portador de luz” tinha liberdade para divergir d´Aquele que o trouxera à existência e lhe dera sua exaltada posição. Evidentemente, atitudes e acções têm consequências. Verdade e justiça não são questão de opinião subjetiva, mas de revelação absoluta, que forma o caráter e a conduta.
É importante observar que Deus, Todo-poderoso, não impediu o deslize moral de Lúcifer. Isso diz muito sobre a responsabilidade da liberdade moral.
Deus é o autor de tudo o que foi criado, mas Ele não é o autor de tudo o que existe. Deus não criou o diabo. Deus não criou o mal. Este surgiu em resultado do uso da liberdade de escolha. Não se pode ter seres morais sem que estes sejam agentes moralmente livres para escolher. Lúcifer escolheu rejeitar o amor do seu Criador.
Devemos lembrar, então, que o pecado é um tipo de amor: amor focalizado no objeto errado. Lúcifer tornou-se “apaixonado por si mesmo.” Observe em Isaías 14:12 quantas vezes o pronome pessoal, ocorre na primeira pessoa do singular (de forma clara ou oculta): “Eu subirei ao Céu; eu exaltarei o meu trono; eu me assentarei nas extremidades do norte; eu subirei acima das mais altas nuvens”; eu serei semelhante ao Altíssimo.”
Se em definição simples, fé é a transferência de confiança: do eu para Deus, pecado é, essencialmente, o movimento inverso, transferência da confiança de Deus para o eu. Autonomia, independência de Deus, em última análise, constitui a essência do pecado!
A Estratégia do Conflito na Terra
Apocalipse 12:12 aconselha aos seres terrestres que se previnam, porque o diabo veio até nós cheio de grande ira. A história do Éden nos apresenta um protótipo, um modelo, de como o diabo, que seduz todo o mundo (v.9), age para enganar a todos.
A estratégia que ele utiliza vem bem exposta no citado livro “Patriarcas e Profetas”, no capítulo intitulado “A Tentação e a Queda”, cujos principais trechos são abaixo transcritos:
“Não mais se achando livre para instigar a rebelião no Céu, encontrou a inimizade de Satanás contra Deus um novo campo, ao tramar a ruína do género humano. (…) Os nossos primeiros pais não foram deixados sem avisos do perigo que os ameaçava. Mensageiros celestiais expuseram-lhes a história da queda de Satanás, e as suas tramas, explicaram mais completamente a natureza do governo divino, que o príncipe do mal estava a procurar transtornar. (…) Os anjos avisaram a que estivessem de sobreaviso contra os ardis de Satanás; pois os seus esforços para os enredar seriam incansáveis. Enquanto fossem obedientes a Deus, o maligno não lhes poderia fazer mal; pois sendo necessário, todos os anjos do Céu seriam enviados em seu auxílio. Se com firmeza repelissem as suas primeiras insinuações, estariam tão livres do perigo como os mensageiros celestiais. Se, porém, cedessem uma vez à tentação, a sua natureza tornar-se-ia tão depravada que não teriam em si poder nem disposição para resistir a Satanás.
A árvore da ciência tornara-se a prova da sua obediência e amor a Deus. O Senhor achara conveniente não lhes impôr senão uma proibição quanto ao uso de tudo que estava no jardim; mas, se não atendessem à Sua vontade neste particular, incorreriam na culpa da transgressão. Satanás não os acompanharia com tentações contínuas; poderia ter acesso a eles unicamente junto à árvore proibida. Se eles tentassem examinar a natureza da mesma, estariam expostos aos seus ardis. Foram admoestados a dar cuidadosa atenção à advertência que Deus lhes enviara, e a estarem contentes com as instruções que Ele achara conveniente comunicar-lhes.
(…) Os anjos haviam avisaram Eva de que tivesse o cuidado de não se afastar do esposo enquanto se ocupavam com o seu trabalho diário no jardim; junto dele estaria em menor perigo de tentação, do que se estivesse sozinha. Mas, absorta na sua aprazível ocupação, inconscientemente se desviou do seu lado. Percebendo que estava só, sentiu uma apreensão de perigo, mas afugentou os seus temores, concluindo que ela possuía sabedoria e força suficientes para discernir o mal e resistir-lhe. Esquecida do aviso do anjo, logo se achou a contemplar, com um misto de curiosidade e admiração, a árvore proibida. O fruto era muito belo, e ela perguntava a si mesma por que seria que Deus os privara do mesmo. Era então a oportunidade do tentador. Como se fosse capaz de distinguir as cogitações do seu espírito, a ela assim se dirigiu: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” Gén. 3:1.
(…) Em vez de fugir do local, deteve-se, maravilhada, a ouvir uma serpente falar. Tivesse se dirigido a ela num ser semelhante aos anjos, e ter-se-iam despertado os seus receios; ela, porém, não tinha ideia alguma de que a fascinadora serpente pudesse tornar-se o intermediário do adversário decaído.
À pergunta ardilosa do tentador, ela responde: “Do fruto das árvores do jardim comeremos, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” Gén. 3:2-5.
Participando desta árvore, declarou ele, atingiriam uma esfera mais elevada de existência, e entrariam para um campo mais vasto de saber. Ele próprio tinha comido do fruto proibido, e como resultado adquirira o dom da fala. E insinuou que o Senhor cuidadosamente desejava privá-los do mesmo, para que não acontecesse serem exaltados à igualdade do Criador. Foi por causa das suas maravilhosas propriedades, que comunicavam sabedoria e poder, que Ele lhes tinha proibido prová-lo, ou mesmo nele tocar. O tentador insinuou que a advertência divina não devia ser efectivamente cumprida; destinava-se simplesmente a intimidá-los. Como seria possível morrerem eles? Não tinham comido da árvore da vida? Deus estava a procurar impedi-los de atingir um desenvolvimento mais nobre, e de encontrarem maior felicidade.
Tal tem sido a obra de Satanás desde os dias de Adão até ao presente, e com a mesma tem ele prosseguido com grande êxito. Ele tenta os homens a desconfiarem do amor de Deus, e a duvidarem da Sua sabedoria. Está constantemente a procurar despertar um espírito de irreverente curiosidade, um inquieto, inquiridor desejo de penetrar os segredos da sabedoria e poder divinos. Nos seus esforços para pesquisarem o que Deus foi servido recusar-lhes, multidões descuidam-se das verdades que Ele revelou, e que são essenciais para a salvação. Satanás tenta os homens à desobediência, levando-os a crer que estão a entrar num maravilhoso campo de saber. Mas tudo isto é um engano. Desvanecendo-se com as suas idéias de progresso, acham-se eles em terreno pantanoso e os mandamentos de Deus, calcados aos pés na senda que leva à degradação e morte.
Satanás fez parecer ao santo par que eles ganhariam, violando a Lei de Deus. Não ouvimos hoje idêntico raciocínio? Muitos falam da estreiteza daqueles que obedecem aos mandamentos de Deus, enquanto afirmam possuir idéias mais amplas e desfrutar de maior liberdade. O que é isto senão um eco da voz do Éden: “No dia em que dele comerdes”, isto é, transgredirdes a ordem divina, “sereis como Deus”? Gén. 3:5. Satanás argumentou ter recebido grande benefício, comendo do fruto proibido, mas não deixou transparecer que pela transgressão viera a ser expulso do Céu. Embora tivesse achado que do pecado resulta infinita perda, ocultou a sua própria miséria, a fim de arrastar outros à mesma posição. Assim hoje o transgressor procura disfarçar o seu verdadeiro carácter; ele pode pretender ser santo; mas a sua elevada profissão apenas o torna mais perigoso como enganador. Acha-se ele do lado de Satanás, pisando a lei de Deus, e levando outros a fazerem o mesmo para a sua ruína eterna.
Eva creu realmente nas palavras de Satanás, mas a sua crença não a salvou da pena do pecado. Desacreditou das palavras de Deus, e isto foi o que a levou à queda. No Juízo, os homens não serão condenados porque conscienciosamente creram na mentira, mas porque não acreditaram na verdade, porque negligenciaram a oportunidade de aprender o que é a verdade. Apesar do sofisma de Satanás indicando o contrário, é sempre desastroso desobedecer a Deus. Devemos aplicar o coração a conhecer o que é a verdade. Todas as lições que Deus fez com que fossem registadas na Sua Palavra, são para a nossa advertência e instrução. São dadas para nos salvar do engano. Da negligência às mesmas resultará ruína a nós mesmos. O que quer que contradiga a Palavra de Deus podemos estar certos de que procede de Satanás.
A serpente apanhou o fruto da árvore proibida e colocou-o nas mãos de Eva, que estava meio relutante. Fê-la então lembrar-se das suas próprias palavras de que Deus lhes proibira tocar nele, para que não morressem. Não receberiam maior mal comendo o fruto, declarou ele, do que nele tocar. Não percebendo os maus resultados do que fizera, Eva ficou mais ousada. Quando viu “que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu”. Gén. 3:6.
(…) O amor, a gratidão, a lealdade para com o Criador, tudo foi suplantado. Adão não pôde suportar a idéia de a perder, ela era uma parte dele, e ele não podia suportar a idéia da separação. Não compreendia que o mesmo Poder infinito que do pó da terra o tinha criado, como um ser vivo e belo, e amorosamente lhe dera uma companheira, poderia preencher a falta desta. Resolveu partilhar a sua sorte; se ela devia morrer, com ela morreria ele. Afinal, raciocinou, não poderiam ser verdadeiras as palavras da sábia serpente? Eva estava diante dele, tão bela, e aparentemente tão inocente como antes deste acto de desobediência. Exprimia maior amor para com ele do que antes. Nenhum sinal de morte aparecia nela, e ele decidiu a afrontar as consequências. Tomou o fruto, e o comeu rapidamente.
(…) Começaram então a ver o verdadeiro carácter do seu pecado. Adão censurou a companheira pela sua insensatez em sair do seu lado, e deixar-se enganar pela serpente; mas ambos acalentaram a esperança de que Aquele que lhes tinha dado tantas provas do Seu amor, perdoaria esta única transgressão, ou de que não seriam submetidos a um tão horrendo castigo como tinhsm receado.
Satanás exultou com o seu êxito. Tinha tentado a mulher a desconfiar do amor de Deus, a duvidar da Sua sabedoria, e a transgredir a Sua lei e, por meio dela, ocasionara a derrota de Adão.
Entretanto, o grande Legislador estava para tornar conhecidas a Adão e Eva as consequências da sua transgressão. Manifestou-Se no jardim a presença divina. Na sua inocência e santidade tinham eles alegremente recebido a aproximação do seu Criador; mas agora fugiram aterrorizados, e procuraram esconder-se nos mais profundos recessos do jardim. Mas “chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” Gén. 3:11.
Adão não podia negar nem desculpar o seu pecado; mas, em vez de manifestar arrependimento, esforçou-se por lançar a culpa sobre a esposa, e assim sobre o próprio Deus: “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e eu comi”. Gén.3:12. Aquele que, por amor a Eva, tinha deliberadamente preferido perder a aprovação de Deus, o seu lar no Paraíso, e uma vida eterna de alegria, podia, agora, depois de sua queda, procurar tornar a sua companheira, e mesmo o próprio Criador, responsáveis pela transgressão. Tão terrível é o poder do pecado.
Quando a mulher foi interrogada: “Por que fizeste isto?” ela respondeu: “A serpente me enganou, e eu comi”. Gén.3:13. “Por que criaste a serpente? Por que lhe permitiste entrar no Éden?” – Tais eram as perguntas envolvidas na sua desculpa apresentada pelo pecado. Assim, como fizera Adão, lançou sobre Deus a responsabilidade da sua queda. O espírito de justificação própria originou-se com o pai da mentira; foi alimentado por nossos primeiros pais logo que se renderam à influência de Satanás, e tem sido apresentado por todos os filhos e filhas de Adão. Em vez de humildemente confessarem os pecados, procuram escudar-se e lançar a culpa sobre outros, sobre as circunstâncias, ou sobre Deus, fazendo mesmo das Suas bênçãos um motivo para murmuração contra Ele.
O Senhor então pronunciou a sentença sobre a serpente: “Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campos; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.” Gén. 3:14. Visto que tinha sido empregue como o intermediária de Satanás, a serpente devia participar da visitação do juízo divino. Da mais linda e admirada das criaturas do campo, devia tornar-se na mais rasteira e detestada de todas elas, temida e odiada tanto pelo homem como pelos animais. As palavras dirigidas em seguida à serpente aplicam-se directamente ao próprio Satanás, indicando de antemão a sua derrota final e destruição: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Gén. 3:15.
Referiram-se a Eva a tristeza e a dor que deveriam dali em diante ser o seu quinhão. E disse o Senhor: “O teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará”. Gén. 3:16. Na criação Deus a fizera igual a Adão. Se houvessem eles permanecido obedientes a Deus – em harmonia com a Sua grande lei de amor – estariam sempre em harmonia um com o outro; mas o pecado trouxera a discórdia, e agora poderia manter a sua união e conservar a harmonia unicamente pela submissão por parte de um ou de outro. Eva fora a primeira a transgredir; e caíra em tentação afastando-se do seu companheiro, contrariamente à instrução divina. Foi à sua solicitação que Adão pecou, e agora foi posta sob a sujeição do seu marido. Se os princípios ordenados na Lei de Deus tivessem sido acariciados pela raça decaída, esta sentença, se bem que proveniente dos resultados do pecado, ter-se-ia mostrado ser uma bênção para o género humano; mas o abuso da supremacia assim dada ao homem tem tornado a sorte da mulher mui frequentemente bastante amargurada, fazendo da sua vida um fardo.
Eva tinha sido perfeitamente feliz ao lado do esposo, no seu lar edénico; mas, semelhante às inquietas Evas modernas, lisonjeou-se com a esperança de entrar para uma esfera mais elevada do que aquela que Deus lhe designara. Tentando erguer-se acima de sua posição original, caiu muito abaixo da mesma. Idêntico resultado será alcançado por todas as que não estão dispostas a assumir com bom ânimo os deveres da vida, de acordo com o plano de Deus. Nos seus esforços para atingirem posições para as quais Ele não as adaptou, muitas estão a deixar vago o lugar em que poderiam ser uma bênção. No seu desejo de uma esfera mais elevada, muitas têm sacrificado a verdadeira dignidade feminina, e a nobreza de caráter, e deixaram por fazer precisamente o trabalho que o Céu lhes designou.
(…) Não era a vontade de Deus que o casal sem pecados conhecesse algo do mal. Livremente lhes dera o bem, e lhes recusara o mal. Mas, contrariamente à Sua ordem, tinham comido da árvore proibida, e agora continuariam a comer dela, isto é, teriam a ciência do mal, por todos os dias da sua vida. Desde aquele tempo o género humano seria afligido pelas tentações de Satanás. Em vez do trabalho feliz que até então lhes foi designado, a ansiedade e a labuta seriam o seu quinhão. Estariam sujeitos ao desapontamento, pesares, dor, e finalmente à morte.
A advertência feita aos nossos primeiros pais – “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gén. 2:17), não implicava que devessem eles morrer no próprio dia em que participassem do fruto proibido. Mas naquele dia a irrevogável sentença seria pronunciada. A imortalidade lhes era prometida sob condição de obediência; pela transgressão despojar-se-iam da vida eterna. Naquele mesmo dia estariam condenados à morte.
A fim de possuir uma existência eterna, o homem devia continuar a participar da árvore da vida. Privado disto, a sua vitalidade diminuiria gradualmente até que a vida se extinguisse. Era o plano de Satanás que Adão e Eva pela desobediência incorressem no desagrado de Deus; e então, deixassem de obter o perdão, esperava que comessem da árvore da vida, e assim perpetuassem uma existência de pecado e miséria. Depois da queda do homem, porém, santos anjos foram imediatamente comissionados para guardarem a árvore da vida. Em redor desses anjos chamejavam raios de luz, tendo a aparência de uma espada inflamada. A nenhum membro da família de Adão foi permitido passar aquela barreira para participar do fruto doador de vida; logo, não há nenhum pecador imortal.
A onda da desgraças que emanou da transgressão dos nossos primeiros pais, é considerada por muitos como uma consequência demasiado terrível para um pecado tão pequeno; e acusam a sabedoria e justiça de Deus no Seu trato com o homem. Mas, se eles olhassem mais profundamente para esta questão, poderiam discernir o seu erro. Deus criou o homem à Sua semelhança, livre do pecado. A Terra devia ser povoada com seres algo inferiores aos anjos; mas a sua obediência seria provada, pois que Deus não permitiria que o mundo se enchesse daqueles que desrespeitassem a Sua lei. Contudo, na Sua grande misericórdia, não designou a Adão uma prova severa. E a própria leveza da proibição tornou o pecado excessivamente grande. Se Adão não pôde suportar a menor das provas, não poderia ter resistido a uma prova maior, caso lhe tivessem sido confiadas a ele maiores responsabilidades.
Se tivesse sido designada a Adão alguma prova grande, aqueles cujo coração, se inclina para o mal desculpar-se-iam então, dizendo: “Isto é uma coisa trivial, e Deus não é tão exigente a respeito de coisas pequenas”. E haveria contínua transgressão em coisas consideradas pequenas, as quais ficam sem reprovação humana. O Senhor, porém, tornou patente que o pecado, em qualquer grau, é-Lhe ofensivo.
A Eva pareceu coisa pequena desobedecer a Deus provando o fruto da árvore proibida, e tentar o esposo a transgredir também; entretanto, o pecado deles abriu as portas ao dilúvio das desgraças sobre o mundo. Quem pode saber, no momento da tentação, as terríveis consequências que advirão de um passo errado?
(…) O pecado dos nossos primeiros pais acarretou a culpa e a tristeza sobre o mundo, e se não fora a bondade e misericórdia de Deus, teria mergulhado a raça humana em irremediável desespero. Que ninguém se engane. “O salário do pecado é a morte.” Rom.6:23. A lei de Deus não pode ser transgredida hoje com menos impunidade do que quando fora pronunciada a sentença sobre o pai da humanidade.
Depois do seu pecado, Adão e Eva não mais deviam habitar no Éden. (…) a sua natureza ficara depravada pelo pecado; tinham diminuído a sua força para resistir ao mal, e aberto o caminho para Satanás ganhar mais fácil acesso a eles. Na sua inocência tinham cedido à tentação; e agora, em estado de culpa consciente, teriam menos poder para manter a sua integridade.
(…) O jardim do Éden permaneceu sobre a Terra muito tempo depois que o homem fora expulso das suas deleitáveis veredas. Gén. 4:16. Foi permitido à raça decaída por muito tempo contemplar o lar da inocência, estando a sua entrada vedada apenas pelos anjos vigilantes. À porta do Paraíso, guardada pelos querubins, revelava-se a glória divina. Para ali iam Adão e os seus filhos a fim de adorarem a Deus. Ali renovaram os seus votos de obediência àquela Lei cuja transgressão os tinhs banido do Éden. Quando a onda de iniquidade se propagou pelo mundo, e a impiedade dos homens determinou a sua destruição por meio de um dilúvio de água, a mão que plantara o Éden o retirou da Terra. “Mas, na restauração final de todas as coisas, quando houver “um novo céu e uma nova Terra”, será restabelecido, mais gloriosamente adornado do que no princípio.”
O que assusta é que Satanás usou como chamariz para atrair a atenção do homem, e enganá-lo, uma mistura da verdade com o erro. Ele tomou uma ordem directa de Deus e simplesmente reformulou a frase de modo a parecer que estava praticamente a repetir o que Deus dissera, mas com um significado diferente. Por outras palavras, ele misturou a verdade com o erro de forma a parecer certa.
Embora tivesse sido enganada (I Tim. 2:14), Eva, por suas palavras, mostrou que sabia o que Deus lhe tinha dito que fizesse, sendo, assim, responsável por suas acções (Gén.3:2 e 3). O que provavelmente ela não conhecesse era as devastadoras consequências da sua desobediência. E nisto ela não é diferente de todos os seus filhos! A maioria desobedece e espera que de alguma forma, não tenha que “pagar a conta.” A semeadura da desobediência, contudo, segue as leis da agricultura: colhemos o que semeamos; colhemos numa outra altura; e colhemos muito mais que pensamos. Esta é uma lição muito clara para nós: poderíamos evitar muita aflição, pecado e engano se tão-somente obedecêssemos aos claros mandamentos de Deus, muito embora não entendamos certa situação ou todas as variáveis que existem nela. Por mais lamentável que tenha sido o pecado de Eva, Adão pecou com plena consciência do que fazia. Mesmo na ignorância, eles poderiam ter-se poupado do engano simplesmente pela obediência a Deus, confiando que os Seus caminhos são os melhores, embora não os entendessem.
Por ser assim tão estranho e tão habilmente disfarçado por o seu originador, o pecado precisou de tempo para manifestar todas as ramificações do seu verdadeiro caráter. Isso foi necessário a fim de preservar a paz, a harmonia e a liberdade no Universo. Era moralmente imperativo que cada um dos anjos e dos outros seres espiritualmente inteligentes em toda a Criação avaliassem e contrastassem o caráter e os frutos do bem e do mal, da verdade e do erro, da justiça e da injustiça.
Deus decidiu dar essa mesma liberdade de escolha a Adão e Eva, pais da recém-criada raça. Atraída pelos subtis sofismas de Satanás, Eva aceitou os comentários depreciativos de Satanás sobre Deus. Tendo duvidado das palavras verdadeiras de Deus, e confiado na sua própria razão, aliada ao falso testemunho de Satanás, ela ficou confusa e caiu em transgressão.
De facto, o diabo estabeleceu no nosso planeta um formidável império baseado na mentira. Pense nas diversas áreas humanas que são dominadas pela mentira: educação, arte, política, economia, sexo, casamento, governos, negócios, amizade, diversões, música. Não é de admirar que, quando Paulo fala da armadura de Deus, em Efésios 6:10-20, ele inicia com a verdade (v.14). A verdade é a nossa única forma de vitória sobre o reino da mentira.
Observe, no Éden, a estratégia no relato da tentação e a desobediência (Gén.3:1). Primeiro, o inimigo não se apresenta como quem realmente ele é: o diabo. Ele utiliza uma serpente (uma criatura de Deus), familiar a Adão e Eva. A tentação vem através de um dos subordinados do casal, não despertando suspeita inicial e apelando ao orgulho. No Novo Testamento, da mesma forma, para tentar Jesus o inimigo usa Pedro, alguém do Seu círculo (Mat.16:22-23). Mas, diferente de Cristo, Eva, como a maioria de nós, não discerniu o tentador por trás da tentação.
Outro aspecto é que o tentador não começa com uma discussão, mas com uma sugestão. O tom incrédulo das suas palavras é evidente: “Então, é assim que Deus disse…(?)” A questão é tanto perturbadora quando lisonjeira, insinuando que a palavra de Deus está sujeita ao julgamento humano. Logo, o exagero calculado: “… Não comereis de toda árvore do jardim?” – Assim, Eva é arrastada para entrar um debate com o oponente, sem perceber que neste caminho não haveria retorno.
Tentando corrigir o erro, a mulher parece ampliar e exagerar a severidade de Deus, e nisto ela teria muitos sucessores (Gén.3:2-3). Então, vem a aberta contradição: “Não morrerás” (v.4). O que temos aqui é a palavra da serpente contra a Palavra de Deus. O Julgamento é a primeira doutrina negada!
Deus tinha dito a Adão e Eva que não comessem da árvore proibida. Mas a serpente estava na árvore e tocou no fruto proibido, deu uma dentada no fruto, e não morreu. Até demonstrava qualidades que não lhe eram próprias – a possibilidade de falar. O que Eva contemplou era o contrário do que Deus tinha dito. Isto a surpreendeu e atraiu. Esta oportunidade foi imediatamente usada pelo inimigo (Gén.3:4 e 5).
Depois disto, sob o domínio do inimigo e do pecado, o homem torna-se especialista em contradizer a revelação divina. Coloca-se no lugar de Deus, porque ele passa a decidir, por si, o que é certo e o que é errado. O clímax desta história é uma mentira suficiente grande para interpretar a própria vida, e suficientemente grande para redirecionar a ambição humana: Ser como Deus, precisamente a ambição original de Lúcifer (Isa.14:14).
A consequência é que o processo da tentação continua o mesmo, praticamente inalterado: ouvir a criatura em lugar de ouvir o Criador. Seguir a impressão em lugar da instrução. Acção independente de Deus. Autonomia (quando o eu se torna a lei). Persuadir-se de que a desobediência significa enriquecimento e avanço pessoal: “abrirão os vossos olhos;” “sereis como Deus”. Julgar que a obediência à ordem divina nos priva de algo que nos tornaria mais felizes e realizados. Permitir que os olhos se tornem cegos para os trágicos resultados da rebelião.
Insinuando a desconfiança em Deus, descrevendo o amor divino como restritivo e malicioso, o tentador conseguiu a vitória. Eva seguiu as suas impressões: “Vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer e agradável aos olhos, e desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao seu marido…”(Gén.3:6). Com este acto impossível de ser desfeito, Adão e Eva, por indulgência egoísta, expulsaram do paraíso toda a raça humana (Rom.5:12), nos destruíram a todos, e abriram as portas da corrupção e da morte.
Infelizmente, Adão e Eva não passaram no teste da obediência – violaram a lei de Deus. Eva pisou o terreno de Satanás quando foi até a árvore do conhecimento do bem e do mal. É possível acontecer isso hoje com qualquer um de nós?
“Onde Estás?”
Encantada pelas mentiras subtis e não tão subtis de Satanás, a raça humana caiu. Imediatamente, toda a relação entre o Céu e a Terra mudou. O padrão do Paraíso foi radicalmente alterado. A harmonia, a paz e o equilíbrio do Éden foram quebrados. Naquele momento, a história do Universo mudou. A rebelião de Satanás, que estivera limitada só a ele mesmo e aos anjos caídos, tinha conquistado os seres terrestres.
Assim, a primeira coisa que Deus comunica às Suas criaturas caídas é uma pergunta que, de certo modo, faz desde então. Ele não pergunta a fim de saber; pergunta a fim de fazer Adão e Eva pensarem no que tinham feito. O que vemos aqui não é uma condenação, mas é o primeiro de uma série de infinitos apelos para que Adão e Eva, e todos os seus descendentes, reconheçam a sua posição pecaminosa, reconheçam a sua necessidade e que Deus está aqui para salvar.
Deus veio ao seu encontro. Deus vem para com eles se encontrar. Embora vejamos frequentemente Gén.3:15 como a primeira promessa evangélica, já aqui, nesta simples pergunta, “Onde estás?” (Gén.3:9) vemos o início do que só vai terminar no fim do tempo da graça: Deus está à procura e a tomar a iniciativa de nos salvar.
A quebra do relacionamento com Deus introduziu a desordem no nosso universo. Em resultado, o homem passou a ser dominado pelo impulso da fuga de Deus. A partir de então, ele já não mais podia ver os assuntos de Deus direito, pensar direito, sentir direito, agir direito, ou ouvir direito!
A resposta de Adão, contudo, revela a causa por trás do sintoma: “tive medo” (Gén.3:10). Esta é a primeira referência ao medo; e esta atitude de fugir de Deus tornou-se a marca da nossa condição caída. Precisamente aqui se encontra a seriedade do pecado: ele é um tipo de doença que leva as suas vítimas a fugirem do tratamento!
Frequentemente, ouvimos alguém dizer a outrem: “Você precisa buscar a Deus.” Com isso, dá a impressão de que é Deus quem está perdido, e nós devemos encontrá-Lo através dos nossos esforços e métodos de busca. Entretanto, os testemunhos das Escrituras revelam que, antes de termos a brilhante ideia de “buscar a Deus,” Ele já estava à nossa procura. A nossa busca de Deus não é senão resposta à acção do Espírito Santo em nós.
Note, por fim, que ao dirigir-Se à serpente, Deus não fez nenhuma pergunta. Ele simplesmente a condenou (Gén.3:14). Inversamente, no verso seguinte, Deus ofereceu a promessa de esperança a Adão e Eva. Essa promessa incluía o término do pecado e do seu causador, Satanás. Deste modo, o evangelho eterno foi revelado nesse ambiente de julgamento.
As folhas de figueira (Gén.3:7), representam a patética tentativa humana de corrigir os efeitos do pecado e melhorar a nossa condição moral (Isa.64:6; Rom.10:3). Mas não há salvação em nenhum outro método, senão naquele provido pelo Criador. Tentativas de solução baseadas em esforços humanos, não passam de “folhas de figueira”.
Génesis 3:15 é o anúncio da solução do problema do pecado. Ali está o primeiro lampejo do evangelho, que progressivamente passaria a brilhar mais e mais intensamente, até à sua plena revelação no Calvário. Este texto transmite uma sentença sobre o inimigo e, ao mesmo tempo, revela a promessa da salvação para a raça humana.
A figura de Satanás por trás da serpente seria, finalmente, desmascarada no Novo Testamento (Rom.16:20; Apoc.12:9; 20:2), a qual deveria ser destruída pelo Descendente da mulher. Na cruz, a antiga serpente, “chamada o diabo, e Satanás, a qual engana todo o mundo” (Apoc.12:9), seria totalmente derrotada, julgada e condenada.
A grande controvérsia entre Lúcifer e Cristo, iniciada no Céu, encontrou a sua definitiva resolução na cruz. Ali, o grande enganador no seu verdadeiro caráter foi plenamente exposto perante todo o Universo. É apenas quando vemos Satanás à luz da revelação da cruz, que realmente podemos vê-lo como ele realmente é. As boas-novas são que os cristãos não estão a lutar por vitória. A vitória já foi alcançada! A nós cumpre apenas aceitá-la na nossa vida.
A Parábola da Indecisão
Havia um grande muro que separava dois grandes grupos. De um lado do muro estavam Deus, os anjos e os servos leais a Deus. Do outro lado do muro estavam Satanás, os seus demónios e todos os seres humanos que não servem a Deus. E em cima de muro havia um jovem indeciso, que tinha sido criado num lar cristão, mas que agora estava em dúvida se continuaria a servir a Deus ou se deveria aproveitar um pouco os prazeres do mundo.
O jovem indeciso observou que o grupo do lado de Deus chamava e gritava sem parar por ele: – Ei, desce do muro agora… Vem para cá!
Já o grupo de Satanás não gritava e nem dizia nada. Essa situação continuou por algum tempo, até que o jovem indeciso resolveu perguntar a Satanás: – O grupo do lado de Deus está constantemente a chamar-me para descer e ficar do lado deles. Porque razão tu e teu grupo não me chamais e nem dizem nada para me convencer a descer para o vosso lado? Grande foi a surpresa do jovem quando Satanás respondeu: – É porque o muro é MEU.
Não existe meio termo. O muro tem dono.
Texto de autoria do Dr. Mauro Braga – IASD Brooklin