7 de maio de 2010

NOVOS RUMOS

O tema de hoje é, por assim dizer, uma continuação ou extensão daquilo que vimos ontem. Ontem falámos sobre algo que caracteriza a vida da nova pessoa que está em Cristo. Hoje vamos continuar a falar sobre aquilo que caracteriza a vida do genuíno crente em Jesus Cristo, debruçando-nos sobre UM ASPETO CRUCIAL DA VIDA CRISTÃ: A OBEDIÊNCIA, que levará a pessoa a caminhar literalmente por NOVOS RUMOS na sua vida!

VIDA DE OBEDIÊNCIA

Ontem, a propósito de dizermos que Deus opera na vida do crente em Cristo um “transplante” cardíaco, lemos este versículo:
“Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.” (Ezequiel 36:26).

Mas, sabem o que é que Deus diz logo a seguir? Leiamos:
“Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ezequiel 36:27).

Por outras palavras: quando Deus opera em nós o milagre da conversão, dando-nos um novo coração, coloca IGUALMENTE em nós o Seu Espírito Santo, capacitando-nos assim a observar todos os Seus estatutos ou juízos, isto é, os Seus mandamentos.

Não poderia ser de outra maneira! Senão vejamos:
Quando “um anjo do Senhor” apareceu “em sonho” a José (provavelmente “o anjo Gabriel”, o mesmo que apareceu depois a Maria – ver: Lucas 1:26-38), anunciando-lhe de QUEM Maria, a sua noiva, tinha engravidado, disse-lhe igualmente:
“Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” (Mateus 1:21; negrito acrescentado).

Quando o apóstolo Pedro testemunhou (referindo-se a judeus e a gentios):
“Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram.” (Atos 5:11; negrito acrescentado), e o apóstolo Paulo afirmou:
“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo - pela graça sois salvos,” (Efésios 2:4-5; negrito acrescentado), a que salvação estavam eles a referir-se, quando disseram “fomos salvos” ou “sois salvos”?

Bom, neste último versículo que lemos, Paulo foi muito claro ao afirmar que SOMOS SALVOS quando, “estando nós mortos em nossos delitos”, recebemos “vida juntamente com Cristo”! Por outras palavras, “fomos salvos” (para utilizar a mesma expressão que Pedro usou) dos nossos pecados ou delitos! Não foi para isso mesmo que Jesus veio a este mundo, segundo o testemunho do anjo que anunciou o Seu nascimento a José e a Maria?

Mas, o que é o pecado? A Bíblia diz-nos claramente o que é o pecado:
“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.” (1 João 3:4; negrito acrescentado).

Então pergunto-vos, amigos: se somos, por Cristo, SALVOS do pecado, e se o pecado é a transgressão da lei, então o que é que isto poderá significar senão que FOMOS SALVOS DA TRANSGRESSÃO DA LEI?

Por outras palavras, fomos SALVOS dos pecados que tínhamos cometido até ali, pelo perdão que recebemos para os mesmos de Cristo, mas, ao mesmo tempo, CAPACITADOS pelo Espírito Santo para, doravante, andarmos nos Seus estatutos e guardarmos os Seus juízos! Reparem, QUEM É RESPONSÁVEL pela nossa obediência: nós ou Deus? Leiamos novamente o versículo já lido:
“Porei dentro de vós o meu Espírito e [Eu] farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ezequiel 36:27; negrito acrescentado).

O apóstolo Paulo veiculou a mesma mensagem:
“a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que… andamos… segundo o Espírito.” (Romanos 8:4; negritos acrescentados).

Pensem nisto, amigos: que valor teria a VIDA CRISTÃ, ou que significado teria a expressão “se alguém está em Cristo, é nova criatura” (2 Coríntios 5:17), se continuássemos a fazer as mesmas coisas que fazíamos habitualmente até ao momento da nossa conversão? Faria isso algum sentido? Seríamos verdadeiramente uma “nova criatura”, na plena aceção do termo? É evidente que não!

Quando Jesus perdoou, um dia, os pecados de uma mulher adúltera, e lhe disse:
“vai e não peques mais” (João 8:11; negrito acrescentado), não estaria Cristo a ser terrivelmente injusto para com ela, depois de lhe ter manifestado uma tão grande misericórdia ao tê-la perdoado, se estivesse a colocar diante dela um alvo inatingível?

Não, Cristo não foi injusto para com ela, porque o alvo que Ele colocou diante dela – não peques mais! – é algo que Ele próprio, através do Seu Espírito Santo, a capacitaria a alcançar!

Esse alvo que Cristo colocou diante daquela mulher, É O MESMO que ele coloca diante de cada um dos Seus discípulos:
“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis.” (1 João 2:1; negrito acrescentado).

O amado João prossegue dizendo:
“Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.” (1 João 2:3-6; negrito acrescentado).

O apóstolo João enfatiza ainda:
“Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.” (1 João 3:7-10; negritos acrescentados).

É verdade que, depois da nossa conversão, e na prossecução desse IDEAL que Cristo agora nos propõe – NÃO PEQUEIS – podemos cair em pecado, mas acontecendo isso, devemos recorrer de imediato ao nosso Advogado, como nos diz João:
“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 João 2:1; negrito acrescentado).

Todavia, nunca deveríamos perder de vista esse alvo – NÃO PEQUEIS – que, REPITO, é obra do Espírito Santo em nós!

Mas, porque esse alvo SÓ PODE SER ATINGIDO PELO ESPÍRITO, o nosso alvo deveria estar focalizado, acima de tudo, num objetivo: ANDAR NO ESPÍRITO! O apóstolo Paulo enfatizou muito bem esta verdade:
“Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.” (Gálatas 5:16; negrito acrescentado).

Quantas vezes, segundo Paulo, satisfaremos os “apelos dos [nossos] instintos” se andarmos “debaixo da direção do Espírito” (versão “O Livro”)? Jamais! Nunca!

Sejamos honestos connosco próprios: se acontecer cairmos em pecado depois de nos termos entregues a Cristo, não significará isso que, em algum momento, deixámos de andar “debaixo da direção do Espírito”? Estará a Bíblia errada ou será que, por vezes, ou muitas vezes, não queremos ADMITIR que deixámos de andar “debaixo da direção do Espírito” e, por isso, caímos novamente em pecado? E por falar em “admitir”: lembram-se do que já vimos sobre a gravidade de encobrirmos as nossas transgressões?

Neste momento coloca-se diante de nós uma QUESTÃO FUNDAMENTAL: se FOMOS SALVOS do pecado, isto é, da transgressão da lei, e se, como disse o apóstolo João agora guardamos os Seus mandamentos, então que mandamentos são esses?

Lembram-se de termos falado daquele “homem de posição” que chegou junto de Jesus e Lhe perguntou: “Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?” (Mateus 19:16)?

Que lhe respondeu Jesus? “Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” (Mateus 19:17), o que significava: Entrega-te a Mim reconhecendo que és um pecador (por isso é que Jesus começou por lhe dizer: “ninguém é bom, senão um, que é Deus” – Lucas 18:19, para que ele reconhecesse que não era bom!), “depois vem e segue-me” (Lucas 18:22) e Eu então te capacitarei a guardares os Meus mandamentos, para entrares “na vida”!

Perante a afirmação de Jesus – “guarda os mandamentos” – “o jovem” (conforme Mateus lhe chamou em 19:22) “lhe perguntou: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe e amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mateus 19:18-19).

A que mandamentos se referiu Jesus em resposta à pergunta do jovem rico?

A que mandamentos se referiu o apóstolo Tiago, quando escreveu na sua epístola acerca da lei:
“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça num só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás também ordenou: Não matarás. Ora, se não adulteras, porém matas, vens a ser transgressor da lei. Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade.” (Tiago 2:10-12)?

Certamente que, quer Jesus quer Tiago, estavam-se referindo aos mesmos mandamentos, à mesma lei, uma vez que até citam dois mandamentos em comum! Que lei é esta? Pois bem amigos, esta é a lei pela qual havemos “de ser julgados”, como disse o apóstolo Tiago, esta é a lei que é conhecida como “OS DEZ MANDAMENTOS”.

Pergunto-vos então, amigos: se FOMOS SALVOS, pela Graça de Deus e mediante a operação do Seu Espírito em nós, DA TRANSGRESSÃO DA LEI, e se é por essa lei que um dia haveremos de ser julgados, então não consideram como sendo ALGO DA MAIS ALTA IMPORTÂNCIA, ficarmos a conhecer quais são TODOS esses mandamentos, tanto mais que Tiago afirmou igualmente que “qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça num só ponto, se torna culpado de todos”?

Então, para não corrermos o risco de guardarmos “toda a lei”, mas tropeçarmos “num só ponto” e assim nos tornarmos culpados “de todos”, VEJAMOS A TOTALIDADE dos mandamentos que compõem essa Lei, que aparecem na íntegra em Êxodo 20:3-17 e Deuteronómio 5:7-21:
OS DEZ MANDAMENTOS
(de acordo com Êxodo 20:3-17)

1º Mandamento: Não terás outros deuses diante de mim.

2º Mandamento: Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.

3º Mandamento: Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.

4º Mandamento: Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou.

5º Mandamento: Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá.

6º Mandamento: Não matarás.

7º Mandamento: Não adulterarás.

8º Mandamento: Não furtarás.

9º Mandamento: Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

10º Mandamento: Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.

Já alguma vez tinham tomado conhecimento desta Lei de Deus, na íntegra?

Sim, amigos, estes são os mandamentos que Jesus indicou que o jovem rico teria de guardar se quisesse “entrar na vida [eterna]” e a “lei da liberdade” de que Tiago falou, numa clara referência aos caminhos de liberdade em que andarão todos aqueles que já encontraram a genuína liberdade salvadora em Cristo, tal como Ele próprio disse:
“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8:36).

Infelizmente, muitos há, hoje em dia, que dizem que Cristo, com a Sua morte, aboliu esta lei e, por isso, os homens estão livres das suas reivindicações. Nada poderia estar mais longe da verdade, por não ter qualquer fundamento, nem lógico nem bíblico!

Se a lei tivesse sido abolida, então não haveria mais pecado, “porque o pecado é a transgressão da lei.” (1 João 3:4)! É o que o apóstolo Paulo conclui com muita lógica:
“mas o pecado não é levado em conta quando não há lei.” (Romanos 5:13);
“porque, sem lei, está morto o pecado.” (Romanos 7:8).

Ora, se não houvesse mais lei moral, não haveria mais pecado, como o próprio apóstolo Paulo afirmou! E, se não houvesse mais pecado, para que é que eu necessitaria de um Salvador para me perdoar “pecados” que não existem?!

A morte de Cristo na cruz, longe de abolir a lei, prova que ela é imutável! Se tivesse sido possível mudar a lei, ou pô-la de parte, não teria sido necessário que Cristo morresse para salvar a humanidade da punição do pecado!

Portanto, afirmar que Cristo anulou ou aboliu a Sua lei ao morrer na cruz é um verdadeiro ABSURDO!

Pelo contrário, Cristo afirmou claramente:
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.” (Mateus 5:17-20).

Esta lei foi tão válida nos tempos do Antigo Testamento, como foi válida nos tempos do Novo Testamento e É VÁLIDA AINDA HOJE, porque esta lei foi escrita pelo “dedo de Deus” (Êxodo 31:18; Deuteronómio 9:10) e Deus NÃO MUDA (negritos acrescentados):
“Porque eu, o SENHOR, não mudo” (Malaquias 3:6);
“Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.” (Hebreus 13:8);
“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.” (Tiago 1:17).

A lei de Deus, pela sua própria natureza, é imutável. É uma revelação da vontade e do caráter do seu Autor. Deus é amor, e a Sua lei é amor. Os seus dois grandes princípios são amor a Deus e amor ao homem.

“Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.” (Romanos 13:9-10; negritos acrescentados).

Reparem que Paulo diz que a afirmação “amarás o teu próximo como a ti mesmo” é um RESUMO da lei, não um substituto da lei!

Pois, como poderei eu amar genuinamente os meus semelhantes se não honro o meu pai e a minha mãe, se mato, adultero, furto, minto e cobiço os bens ou as pessoas que pertencem ao meu próximo?

Ou, da mesma maneira, como poderei eu amar a Deus genuinamente se adoro a outros deuses que não o Deus verdadeiro, se faço e adoro imagens, se desrespeito o Seu nome profanando-O ou tomando-O em vão, ou se não O honro respeitando o dia de repouso – o Sábado – que Ele próprio instituiu como memorial do Seu poder criador?

Deus, através do Seu profeta Isaías, lamentou-se da infidelidade do Seu povo nestes termos:
“Ah! Se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! Então, seria a tua paz como um rio, e a tua justiça, como as ondas do mar.” (Isaías 48:18), e o salmista declarou:

“Grande paz têm os que amam a tua lei; para eles não há tropeço.” (Salmos 119:165).

Queridos amigos, aqui está outro poderoso “SEGREDO” para se obter genuína paz e felicidade na vida: OBEDIÊNCIA À LEI DIVINA, que, como vimos, só é possível se andarmos NO ESPÍRITO, para que assim os preceitos da lei se cumpram em nós!

Que Deus vos motive a uma vida de obediência à Sua santa lei, para assim virdes a usufruir das grandes e poderosas bênçãos que Deus tem em reserva para cada um de vós!