16 de fevereiro de 2012

A Saga do Anjo Caído

Este tema tratará um assunto de especial interesse e que poderíamos chamar o Grande Conflito, ou o Conflitos dos Séculos. Esta é a designação teológica para nos referirmos à Guerra cósmica entre o bem e o mal.
Este conflito não tem este nome na Bíblia. Fala-se da sua acção e é perfeitamente perceptível. É uma saga que se iniciou no Céu e acabou por ter a Terra como palco principal, com a criação do ser humano.
1- Dois mistérios em acção.
A queda de Lúcifer: “Tu eras querubim da guarda ungido, e te estabeleci; estavas no monte santo de Deus, andavas entre as pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor. ... Pela multidão das tuas iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários...” Ezequiel 28:14, 17, 18

Esta passagem refere-se a Satanás, que se tornou “o deus deste século.” Era um querubim protector. Tinha uma elevada posição no Céu.

Os seres celestiais são: anjos, serafins e querubins.

Em Isaías 6:2, 3 mencionam-se os serafins: “Os serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor dos Exércitos: toda a terra está cheia da sua glória.”

Ezequiel 10:20-22, refere-se aos querubins: “São estes os seres viventes que vi debaixo do Deus de Israel, junto ao rio Quebar, e percebi que eram querubins. Cada um tinha quatro rostos e cada um quatro asas, e a semelhança de mãos de homem debaixo das suas asas. A semelhança dos seus rostos era a dos rostos que eu tinha visto junto ao rio Quebar; tinham o mesmo aspecto, eram os mesmos seres. Cada um andava em linha recta para a frente.”

Lúcifer tinha estes dois títulos: serafim e querubim. Era uma espécie de anjo chefe de todos os anjos. Era o director do coro celestial. Comandante dos anjos, anunciador dos propósitos de Deus a todo o Universo.

Era quem estava mais perto do Trono do Altíssimo, conhecia, como nenhum outro anjo, o carácter, o governo, os métodos e projectos de Deus. Por isso foi grande a perplexidade dos seres celestiais quando, como diz a Bíblia:
– “...foi encontrada iniquidade em ti.”
– “...o teu interior estava cheio de violência, e pecaste.”
– “...elevou-se o teu coração por causa da tua formosura.”
– “...corrompeste a tua sabedoria.”
– “...profanaste o teu santuário.”

Como é isto possível, na presença de Deus?
Na pureza e na santidade do Céu?
No meio das pedras de fogo (anjos)?

Não sabemos, é um mistério. É o mistério da iniquidade. Impossível explicar a origem do pecado e encontrar uma razão para a sua existência. Só podemos compreender a disposição do pecado e as causas.
Ilustração:
Duas da manhã, uma jovem à morte. Sou visto a sair duma casa duvidosa. As pessoas começam a murmurar. Alguém amigo um dia fala comigo, e conta-me o murmúrio.
Fui visto a sair duma casa duvidosa às 2 h da manhã.
É intrigante. Como é possível?
Um homem que fala do Evangelho de Cristo e de moral, visto a sair dum local tão duvidoso?
Por fim, diz:
– Pastor, deve haver uma explicação, um mal entendido. Eu não acredito no que se diz. Conheço-o suficientemente bem para saber que não faria tal coisa.
– Estou muito grato pela sua confiança. E expliquei o que se passou.
Uma jovem foi assistir duas noites à série de conferências que realizei na igreja. Na segunda noite, falou-me da sua vida, e do desejo que tinha de amar e seguir a Jesus. Mas encontrava-se num lamaçal moral de onde seria muito difícil sair. Falei-lhe do amor de Jesus e de como Ele tinha ajudado uma mulher com o mesmo estilo de vida que ela levava: Maria Madalena. Ela agradeceu e prometeu voltar.

Passava da meia-noite quando um carro, em alta velocidade, foi contra ela. Vivia num quarto alugado. Pediu à senhoria para telefonar ao pastor da Igreja Adventista. Precisava de lhe falar, de receber algum conforto e conselho.
Quando lá cheguei, um médico disse-me, em privado, que não havia nada a fazer. Ela ainda estava viva, mas ele não sabia como. Era muito grave. Entrei no quarto onde ela se encontrava. A primeira coisa que me perguntou, com voz cansada:

– Será que Jesus pode ter misericórdia de mim, será que Ele me perdoa?

Expliquei, a quem me pedia explicações, que lhe tinha falado do amor de Jesus na Cruz do Calvário, e que a jovem tinha adormecido no sono da morte, com um sorriso de esperança.

Terminei perguntando: o irmão acha que fiz mal ou bem?

– Fez muito bem, pastor, muito bem! Afirmou.

E vocês o que acham?
Todos dizem que fiz bem, porque eu tenho uma explicação lógica e boa para a aparência do mal. O pecado e a sua origem não têm explicação. Por que razão Lúcifer, o anjo mais poderoso do Céu, se revoltou contra o Deus da misericórdia e da bondade? Porque se revoltou contra o Criador? O seu Criador!
Mas devemos pensar. Talvez não se chegue a uma compreensão total, mas a interrogação é um processo normal em todo o ser inteligente. Os seres celestiais são seres livres. Capazes de interrogar, de fazer juízo de valores. Têm emoções, desejos, personalidade e preferências.

Não era normal que Lúcifer, como ser criado, questionasse os mistérios e a vontade de Deus? Não seria isto normal para todo o ser racional e inteligente?
Creio ser normal que os seres do Universo, nalgum momento, se tenham interrogado sobre a soberana vontade de Deus, sobre a sabedoria, “será que Ele sabe mesmo todas as coisas?”, sobre a justiça de Deus, “será que Ele é justo em tudo?”

Creio que interrogar-se sobre Deus é saudável, é uma afirmação de que Ele existe e que O abordamos como um Ser pessoal.

Mas, há um momento, um espaço, em que as mentes finitas, e Lúcifer ainda que o anjo mais brilhante do Universo tendo uma mente finita, não pode querer entrar no que é uma mente infinita. Aí só resta a confiança. E a confiança é repousar plenamente no ser amado, compreender que há um ponto em que não se pode compreender, e deixar o que não é compreensível nas mãos de Deus, a quem se ama e em cujo amor, justiça e sabedoria se confia plenamente.

Para um fiel filho de Deus, o que não compreende não o perturba. Porque para eles é o princípio da confiança.

“As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus; porém as reveladas pertencem a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” Deuteronómio 29:29

A sua felicidade não está em compreender, mas em confiar e deixar a sua vida sob a direcção total de Deus. Nisto consiste a felicidade eterna dos filhos de Deus. E é desta forma que têm permanecido fiéis.

O que se passou com Lúcifer foi que quando chegou ao ponto em que tinha que colocar toda a sua confiança no amor, na justiça, na sabedoria de Deus, não o fez. Pouco a pouco os seus pensamentos desviaram-se da confiança de Deus e nasceu dentro dele a desconfiança. Transferiu a confiança que tinha em Deus para a sua própria sabedoria. O que não podia compreender converteu-o num problema de independência.

E desta forma afastou-se de Deus, para confiar em si próprio. Nisto consiste o pecado. Não querer ser guiado pela vontade de Deus, mas pela sua própria vontade.

O amor por Deus e pelos outros é o que predomina no coração. E como isso é o princípio mestre na conduta do reino de Deus, ele, Satanás, estabeleceu outro princípio orientador da vida. A esse princípio chama-se egoísmo, orgulho. Tem origem exclusiva em Satanás. Não tem equivalência em nenhum outro princípio do Universo de Deus. Não se trata da deformação dos princípios divinos, mas uma invenção original de um ser criado.

Ao deixar de ter no coração o amor por Deus e pelos seus semelhantes, centra-se em si próprio, nos seus interesses, nos seus privilégios, pecou. Esta é a essência do pecado e de muitas doenças do foro psicológico.

Nem sempre as possessões demoníacas se revelam através de cenas de carácter sobrenatural, mas de carácter mental. Não estamos a condenar, nem a acusar, mas a verdade é que em determinado momento da vida, houve uma concentração dos interesses de forma muito intensa no eu. A pessoa torna-se autista.

Sabemos que há casos muito particulares e não queremos generalizar, somos conscientes de uma verdade irrevogável, o pecado teve a sua origem no egoísmo. É uma lei universal que “não se pode ao mesmo tempo procurar a sua própria glória e a glória de Deus.”
O pecado é independência de Deus. O que se afasta da autoridade divina toma o seu destino nas suas mãos. Faz a sua própria vontade, faz-se deus, porque a essência de Deus é ser absolutamente livre, independente de tudo e completamente imparcial. Ama a todos e a todos quer de igual modo.

O amor de Deus pelas Suas criaturas não nasceu depois do pecado, mas Deus é amor. A maior prova do amor de Deus manifesta-se no facto de nos amar tal como somos, com as nossas fragilidades e necessidades. Nenhuma outra razão pode explicar o mistério da Cruz.

Ser filho de Deus não é, primeiro que tudo, assumir uma infinidade de compromissos e obrigações. É, sim, deixar-se amar por Deus.

O amor de Deus para connosco, como nosso Pai, é um amor forte e fiel, um amor cheio de compaixão, um amor que nos possibilita esperar a graça da conversão, depois de termos pecado.

Por isso desde a eternidade Deus fez leis e princípios bem objectivos para tudo e para todos. Por isso pecar é transgredir a lei: “Todo aquele que comete pecado, transgride a lei, pois o pecado é a transgressão da lei.” I João 3:4

Deus fez as Suas leis para Ele e para todos. Deus não é arbitrário, não castiga ou pune ou dá o inferno porque não gosta de um ou de outro. Não dá o céu por preferência. Mas porque o ser que Ele criou ama e se deixa amar.
O que se revolta contra o Senhor do Universo, separa-se de Deus, rompe com a Fonte da vida, peca e morre. Pecado é não amar a Deus. Pecar é não servir Deus. É amar-se e servir-se a si mesmo.

A virtude suprema de Deus é o amor abnegado. Esquecimento de si mesmo em favor das Suas criaturas. E é também o atributo mais importante de todos os seres humanos.
Quem não admirou a madre Teresa de Calcutá?

A lei é o que rege as relações no reino de Deus. O universo funciona em sintonia com os ritmos do coração de Deus.

Lúcifer estabeleceu o seu próprio ritmo. Estabeleceu a sua própria lei. Este é o mistério do pecado. Uma lei que se opõe à lei de Deus.

Aprecio um poema de Victor Hugo que diz:

Há seis milénios que a guerra apraz
Aos povos altercadores,
Enquanto Deus, sem perder tempo, faz
As estrelas e as flores.

É bem a atitude de Satanás que vive há seis milénios altercado: “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu tono; no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte.
Subirei acima das mais altas nuvens; serei semelhante ao Altíssimo.” Isaías 14:13, 14.
Por isto se chama o Conflito dos Séculos, ou Mistério da Iniquidade ao facto de uma criatura conceber a ideia, de lutar para ser igual a Deus, não na santidade, no amor, no exemplo, mas para Lhe usurpar a Preeminência inerente ao Criador. A criatura quer o lugar do Criador!

Essa ambição do coração de Lúcifer causou controvérsia no Céu. Lúcifer tentou ocupar o trono de Deus e seguramente matar Deus. É um mistério incompreensível. Esse conflito que se iniciou no Céu foi arrastado para a Terra e colocou em perigo a existência do Universo.

Deus, na Sua infinita sabedoria, colocou um plano em acção para resolver o problema causado por este Mistério da Iniquidade. A esse plano podemos chamar o Mistério da Piedade: “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele (Deus) que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória.” I Timóteo 3:16
Que Deus, o Criador, por amor, tenha decidido fazer-se homem, encarnar, manifestar-se em carne, é
um mistério inefável. E esse sacrifício foi feito para desfazer o ministério da iniquidade. Estamos perante o mais maravilhoso de todos os actos de toda a história da eternidade.

Os seres criados não cessarão de louvar a Deus por toda a eternidade por este tão grande acto de amor, de abnegação e sacrifício.

2- A primeira grande batalha final de Deus.
Deus poderia ter destruído Lúcifer. O amor e a justiça exigiam destruição. Mas a sabedoria não o permitiu.

Lúcifer iniciou uma obra misteriosa. A sua oposição e rebelião a Deus aconteceu porque se corrompeu. Aquela mente ficou dedicada ao engano. Suscitou dúvidas e suspeitas no que diz respeito ao amor, justiça, misericórdia e sabedoria de Deus.

Jesus é a Palavra, Jesus é o Príncipe do Céu. Por Ele foram feitas todas as coisas. Jesus foi ter com esta criatura amada, e falou-lhe ao coração, sem forçar a sua livre vontade. Procurou tocar-lhe nas cordas sensíveis da alma. Sabemos que Lúcifer vacilou, reconheceu que estava errado.

Porém ele tinha uma alta posição. Era o anjo que estava mais próximo do trono da Trindade e isso dava-lhe uma tremenda influência junto de todos os anjos do Céu, que dele recebiam directamente as ordens. Ele exercia um estatuto junto dos anjos. E uma terça parte dos anjos uniu-se a ele na rebelião contra o Soberano do Universo.
“E a sua cauda levou, após si, a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra.” Apocalipse 12:4

O objectivo era conquistar todos os anjos e todos os mundos do Universo.

Na verdade, no princípio nem o próprio Satanás compreendeu os seus próprios sentimentos, a natureza dos seus pensamentos. Nem sequer os anjos que não caíram podiam discernir bem o seu carácter, nem ver para onde se encaminhava a sua obra.

Ele colocava em causa os juízos, o fundamento da autoridade e o trono de Deus.
Mas os habitantes do Céu e dos mundos, não estando preparados para compreender a natureza e as consequências do pecado, não podiam discernir a justiça de Deus e a destruição de Satanás.
Era por isso necessário que os seus planos se evidenciassem mais para que a sua natureza e as suas tendências fossem vistas e compreendidas por todos.
Deus, a Trindade, perante isto decidem que se devia dar a oportunidade a Satanás, tempo para que desenvolvesse os princípios que serviriam de fundamento ao sistema do seu governo.
Mas muitas pessoas perguntam: “Porque é que Deus não destruiu logo Satanás e os anjos que se revoltaram?”

Ilustração:
Eu tenho um quintal e todos os anos compro árvores para aí plantar. Compro-as sempre ao mesmo arvicultor.
O ano passado comprei uma tangerineira, mas como já era muito grande e não cabia no meu carro, ele foi muito simpático e levou a tangerineira na sua camioneta.
Quando chegou ao meu quintal, disse:
– Os citrinos dão-se bem aqui. Começou a analisar as árvores. Parou ao pé de uma laranjeira e disse:
– Esta é brava, vai produzir laranjas muito ácidas.
– O senhor está enganado, porque foi transplantada de uma laranjeira que dá laranjas deliciosas, garanto-lhe, já comi dessas laranjas.
– Sou especialista e não é o senhor que me vai ensinar se são doces ou amargas.
Que fazer? Arrancar a árvore? Ficar com a dúvida?
Respondi: – Só há uma forma de saber com toda a certeza. Esperar que a árvore cresça e dê frutos para os poder provar.

Assim, se Lúcifer fosse imediatamente destruído, como o iriam compreender os anjos e os mundos não caídos? Em que base ficaria o trono de Deus? De confiança ou de temor?

Deus sabia que os princípios que estavam em causa precisavam de tempo para revelar-se. Se o tivesse destruído, não haveria oportunidade de provar os propósitos de Satanás e a dúvida, o temor, fariam tremer os alicerces do trono de Deus para toda a eternidade.
Nem anjos, nem outros mundos, seriam mais felizes. Nunca mais!

“E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhava o dragão e os seus anjos; mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.” Apocalipse 12:7-9.

Foi a primeira grande batalha final de Deus. Ela pôs fim à rebelião no Céu.
A última grande batalha final de Deus descreve-se em Apocalipse 16:14. Chama-se: “a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso.”

E porá fim à rebelião na Terra, que ainda envolverá as forças do Céu e de todo o Universo.
3- O conflito na Terra.

Deus lançou Satanás para a Terra porque não teve outro lugar para o lançar. Lançou-o aqui depois de ter criado um palco, para que o conflito fosse à vista de todo o Universo.

Aqui, nesta Terra, todos os seres inteligentes do Universo teriam a oportunidade de ver em acção os princípios de Deus e os princípios de Satanás. Era preciso que o Universo inteiro visse o sedutor desmascarado. Na verdade o nosso pequeno mundo, com a presença de Satanás, passou a ser um livro de texto para todos.

Deus fez as coisas como é Seu princípio, bem e perfeitas. A Terra era um paraíso, não faltava nada de que os seres aqui criados sentissem falta. Deus criou Adão como Seu colaborador, instrumento da Sua graça, o seu representante, o Seu campeão no grande conflito.
Adão era a coroa da Criação. A última obra criadora de Deus na Terra: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança: e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o mar, e sobre toda a terra, e sobre o gado, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.” Génesis 1:26, 27
Adão e Eva pertenciam a uma classe especial de seres vivos.
Todo o Céu ficou encantado e com profundo interesse na criação do mundo e do homem. Cantaram aleluias de glória. Porque os seres humanos constituíam uma classe nova, distinta, nobre. Foram feitos à imagem de Deus e era o propósito do Senhor que eles povoassem a terra.

Eva era a colaboradora de Adão. Um apoio especial para ele. Uma ajuda idónea, para que cumprisse um propósito na criação – ser colaboradores de Deus na solução do grande conflito.

Que privilégio extraordinário, vindicar, afirmar o carácter de Deus. Desmentir as acusações de Satanás. Mostrar que o homem é feliz vivendo sob os princípios divinos.
Mostrar que os princípios divinos, a lei de Deus, contribuem para o bem-estar, a felicidade e o desenvolvimento da vida das criaturas.
E isto seria demonstrado numa disposição em obedecer à vontade de Deus.
Tudo isto dava significado especial à árvore do conhecimento do bem e do mal.
“E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: de toda a árvore do jardim comerás livremente. Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Génesis 2:16, 17

Qual era o problema da árvore?
Era venenosa?

Quão obscuramente compreendemos os propósitos da misericórdia que se escondem por detrás das ordenanças divinas!
A razão é bem evidente: Satanás não os perseguiria continuamente com as suas tentações; só poderia aproximar-se deles, se eles se aproximassem da árvore.

Essa a razão da proibição. Não deviam aproximar-se da árvore nem tocar nos seus frutos, nem comê-los, porque Satanás estava ali. Se se aproximassem da árvore, estariam sob a influência do Diabo, e Deus queria evitar esse perigo.

Essa é a razão que sobressai de toda a proibição divina. Se são severas como às vezes nos parecem, é porque obedecendo somos protegidos de grande perigo.

É a filosofia divina a obediência. Deus pede-nos que Lhe obedeçamos para nosso bem. Sabe quais são os nossos melhores interesses e quando estes correm perigo.

Satanás estava na árvore, não porque tivesse preferência por esse lugar. Deus tinha-o confinado aí. Era uma cadeia de circunstâncias que o mantinha ali.

Deus não permitiria que o inocente par fosse perseguido por todo o jardim.

Para poderem ser tentados era necessário que Adão e Eva dessem início a um processo de desobediência.

Deus tinha-lhes imposto aquela limitação, ou melhor aquela cooperação. Serem cooperadores do Deus eterno. Cada dia que passava em obediência à vontade divina demonstravam que eram felizes e que as acusações de Satanás eram falsas.

Cada dia que passava eram mais felizes e demonstravam a todo o Universo que se podia viver próximo do Inimigo de Deus, que era uma derrota para Satanás, que as suas acusações eram falsas. Com Deus, obedecendo às normas do Seu governo há delícias de prazer.

E cada dia que passava, Satanás ficava mais irado. Porque o seu tempo estava a passar, e seria destruído, a sua ira aumentava.

E tudo isto acontecia à vista de todo o Universo. Imaginemo-lo na árvore, esperando, 1, 10, 100, 1000 anos. Preso a uma cadeia de circunstâncias. Esperando que Adão e Eva iniciassem o processo da desobediência e se aproximassem da árvore.

Ilustração: Sabemos que a serpente não persegue as suas vítimas: espera.

Já ouvimos histórias de serpentes que engoliram coelhos, pombas, e outros animais. A serpente não os persegue. Espera-os. Hipnotiza-os com o seu olhar. As vítimas vieram sozinhas enfiar a cabeça na sua garganta.

– Que teria acontecido se não tivessem tocado no fruto?
– Quanto tempo teriam vivido debaixo da prova da árvore?
– Toda a eternidade?
– Que teria acontecido se passasse muito tempo sem que eles tivessem tocado nos frutos da árvore?
O mesmo que no fim do milénio!
A Bíblia diz que no final do milénio Satanás confessará o seu pecado e testemunhará que o Carácter de Deus é Fiel.
Satanás, com todos os ímpios, antes de serem destruídos dirão:
“Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos.” Apocalipse 15:3.

“Porque apregoarei o nome do Senhor: dai grandeza a nosso Deus. Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos juízo são: Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e recto é.” Deuteronómio 32:3, 4.
Isso era o que teria acontecido junto da árvore. O momento chegaria em que Satanás se daria por vencido. Derrotado pela fidelidade de Adão e Eva.

Teria confessado o seu pecado. Teria dito que nunca teve razão para revoltar-se contra Deus. Teria aconselhado todo o Universo a ser fiel por toda a eternidade.

O Universo ficaria livre da rebelião. Mas não foi assim que aconteceu. Este é um tema importante. A nossa dor, as nossas angústias, não são só do foro psiquiátrico, mas podem ter uma outra dimensão.

Para serem definitivamente curadas, é preciso compreender o impulso exterior que vem do Causador de todo o sofrimento e dor, para realmente ir ao que tem o remédio para todo o sofrimento: Jesus, o Amado Salvador.
Cristo espera-vos! Podemos abrir-Lhe o nosso coração e agarrar-nos a Ele com oração sincera e fé indestrutível.
Nos momentos terríveis em que nos sentimos seduzidos pelo Inimigo, Jesus é a Esperança. Ele é tudo para nós. Ele é a solução para as nossas dúvidas.
Abra-Lhe o coração. Abra o coração de par em par, a Cristo. Não tenha medo! Seja generoso. Quem dá pouco, pouco colherá. Quem dá com generosidade, receberá uma colheita abundante.

Vale a pena seguir Cristo. Ele é o único que não desilude! A cada um de nós Jesus dirige uma palavra que nos leva a meditar e a responder: Sim ou não.

Lúcifer também teve esta oportunidade, mas não aceitou Jesus como o melhor Amigo, o companheiro de viagem. Quem quer fazer de Jesus o Companheiro de viagem nesta vida e a Esperança para a vida eterna?

Louvado seja Deus pela vossa resposta, o Senhor manda aos Seus anjos para escreverem o vosso gesto no livro do Céu.

Deus vos abençoe!
Pr. José Carlos Costa