Fachada de uma Igreja Católica |
A cristandade, em qualquer dos seus ramos, nunca teve o
conceito que o Decálogo seja uma norma inadequada para a nossa época,
condicionado apenas aos tempos em que foi formulado, e vigorado somente para os
judeus como uma espécie de “rascunho” da lei divina superior do Novo
testamento, inspirada em princípios de amor fraternal, sendo agora a “lei de
Cristo”, supostamente diferente da “lei de Deus” do Velho Testamento.
A seguir veremos que a posição oficial das mais variadas
denominações cristãs sobre a universal e eterna lei de Deus, é sistematizada e
expressa para o homem na forma dos Dez Mandamentos, também universais e
eternos, que prosseguem válidos e vigentes como norma de conduta cristã. Fato
este reconhecido por doutíssimas autoridades em Teologia do presente e do
passado, pertencentes às mais diferentes confissões. Isto sim é o que sempre
constituiu o pensamento geral de toda a cristandade!
1.
Assembleia de Deus
O Pr. Carlo Johansson, famoso teólogo da Assembleia de Deus,
responde da seguinte maneira:
“A lei é a vontade de Deus, no Decálogo.” — Em “Síntese
Bíblica do Velho Testamento”, p. 48.
Já o Pr. Harold J. Brokke afirma isto:
“A lei é uma parte vital do governo divino no mundo em
nossos dias… a santa lei de Deus é um pré-requisito divino para uma experiência
mais profunda da graça. (…)
“Nós não podemos compreender a salvação sem entender a lei
de Deus. (…) Deus revela Sua vontade, no tocante ao procedimento do homem, por
meio dos mandamentos que lhe apresenta. (…) O propósito da lei é fazer com que
os homens sintam sua necessidade de Jesus Cristo e do Seu evangelho de perdão.
(…) Pela lei vem o conhecimento do pecado. Os homens precisam de buscar a Deus,
reconhecendo-se pecadores, ou seja, criaturas que sabem ter desobedecido à Lei
e ao governo de Deus, reconhecendo-se verdadeiros inimigos do próprio Deus pelo
desrespeito às Suas leis.” — Em “Prosperidade Pela Obediência”, p. 10, 14–17.
Por sua vez, o Pr. Myer Pearlman, professor de muitos
pastores, inclusive do Pr. N. Lawrence Olson, que foi por muitos anos o orador
do Programa de Rádio “A Voz das Assembleias de Deus”, assim se expressou:
“Os mandamentos representam e expressão décupla da vontade
de Jeová e a norma pela qual governa os Seus súbditos.” — Em “Através da
Bíblia”, p. 27.
Conforme foi visto acima, estes pastores pentecostais da Assembleia
de Deus têm a Lei de Deus, os Dez Mandamentos, numa alta estima. E o conselho
bíblico é que se deve obedecer aos pastores que falam a palavra de Deus. E
esses líderes estão apenas a defender o ensinamento bíblico sobre a Lei de
Deus, os Dez Mandamentos.
2. Igreja Presbiteriana
No “Catecismo Maior”, que é onde encontramos as instruções
essenciais para um crente presbiteriano, na resposta à pergunta 93, lemos:
“A Lei Moral é a declaração da vontade de Deus, feita ao género
humano, dirigindo e obrigando todas as pessoas à conformidade e obediência
pessoal, perfeita e perpétua a ela — nos apetites e disposições do homem
inteiro, alma e corpo, e no cumprimento de todos aqueles deveres de santidade e
retidão que se devem a Deus e ao homem, prometendo vida pela obediência e
ameaçando com a morte a violação dela.” — P. 93.
E a resposta à pergunta 98 diz:
“A Lei Moral acha-se resumidamente compreendida nos Dez
Mandamentos, que foram dados pela voz de Deus no monte Sinai e por Ele escritos
em duas tábuas de pedra, e estão registrados no capítulo vigésimo de Êxodo.” —
P. 95.
3.
Igreja Batista
Quem vai responder a esta primeira pergunta é o príncipe dos
pregadores batistas, Carlos H. Spurgeon, afirma o seguinte nos seus “Sermons”:
“A Lei de Deus é uma lei divina, santa, celestial, perfeita.
Aqueles que acham defeito na lei, ou que a depreciam em grau mínimo, não
compreendem o seu desígnio e não têm uma ideia correta da própria lei. Paulo
diz que ‘a lei é santa, mas eu sou carnal; vendido sob o pecado’. Em tudo
quanto dizemos concernente à justificação pela fé, nunca intencionamos diminuir
o conceito que os nossos ouvintes têm da lei, pois a lei é uma das obras de
Deus mais sublimes. Não há nenhum mandamento a mais; não há nem um a menos; mas
ela é tão incomparável que a sua perfeição é uma prova da sua divindade. Nenhum
legislador humano poderia ter trazido a existência uma lei semelhante à que
encontramos no Decálogo.” — Vol. 2, sermão 18, p. 280.
Diz também o famoso escritor, evangelista internacional e
líder religioso Billy Graham, que citando Wesley sobre os Dez Mandamentos, diz:
“A exemplo de Wesley, sinto que deva pregar a lei e o juízo
antes de pregar a graça e o amor. (…) Os dez mandamentos… são as leis morais de
Deus para a conduta das pessoas. Alguns pensam que eles foram revogados. Isso
não é verdade. Cristo ensinou a lei. Eles ainda estão em vigor hoje. Deus não
mudou. São as pessoas que têm mudado. (…) A Bíblia diz que todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus. Os Dez Mandamentos são um espelho para nos
mostrar como ficamos aquém em preencher os requisitos de Deus.” — Sermão em
Times Square, citado em George Burnham e Lee Fisher, “Billy Graham and the New
York Crusade” (Zondervan Publ. House, Grand Rapids, Mich.), p. 108–109.
Podemos transcrever aqui nada mais nada menos que o próprio
manual das Igrejas Batistas, o “New Hampshire Confession of Faith”,
sistematizado por Edward T. Hiscox, onde não há nenhum ensinamento da abolição
ou mesmo da alteração da Lei de Deus nesta positiva declaração:
“Cremos que as Escrituras ensinam que a Lei de Deus é a
norma eterna e imutável de Seu governo moral (Rom. 3:31; Mat. 5:17; Luc. 16:17;
Rom. 3:20; 4:15); que essa lei é santa, justa e boa (Rom. 7:12; 7:7, 14, 22;
Gál. 3:21; Sal. 119); e que a incapacidade, que as Escrituras atribuem aos
homens caídos, de cumprirem seus preceitos, resulta inteiramente de seu amor ao
pecado (Rom. 8:7, 8); livrá-los disso e restaurá-los por meio de um Mediador a
uma sincera obediência à santa lei, é o grande propósito do evangelho e dos
meios de graça relacionados com o estabelecimento da igreja visível (Rom.
8:2–4).” — Art. 12, p. 63–64. Também é encontrado no “Manual das Igrejas
Batistas”, por William Carey Taylor, ed. 4 (1949), p. 178, art. 12. Citado em O.C.S. Wallace, “What
Baptist Believe”, p. 79. Grifos acrescentados.
Conforme foi visto acima, estes teólogos e autoridades da
Igreja Batista têm a Lei de Deus, os Dez Mandamentos, numa alta estima.
Precisaríamos de mais alguma informação depois desta, dada pelo MANUAL DAS
IGREJAS BATISTAS, que regulamenta todas as praxes da denominação? Creio que
não!
4. Igreja Luterana
Martinho Lutero, o grande pai da Reforma e fundador da
Igreja Luterana, declara o seguinte no “Prefácio à Epístola aos Romanos” sobre
o verbete “Lei”:
“A lei é espiritual’. Que significa isso? Se a lei fosse
carnal, ela poderia ser satisfeita com obras. Sendo, porém, espiritual, ninguém
a satisfaz, a não ser que venha do coração o que fazes. Mas ninguém proporciona
semelhante coração, senão o Espírito de Deus, que é Quem iguala a pessoa à lei,
de sorte a receber de coração a disposição para a lei, agora tudo fazendo, não
por temor ou obrigação, mas de coração livre, espontaneamente. (…) uma coisa é
realizar as obras da lei e outra coisa muito distinta, cumprir a lei. (…) Como
se pode preparar para o bem através de obras quem não faz uma boa obra livre de
indisposição e má vontade no coração? Como haverá de agradar a Deus a obra que
provém de um coração indisposto e desobediente?
“Entretanto, cumprir a lei significa realizar sua obra com
vontade e amor, levar uma vida reta e conforme a vontade de Deus livremente sem
a coação da lei, como se não houvesse lei ou punição. Semelhante disposição
partindo do livre amor é o Espírito Santo quem a dá ao coração (…)
“Daí sucede que somente a fé torna justificado e cumpre a
lei; pois ela traz o Espírito proveniente do mérito de Cristo, e o Espírito
cria um coração disposto e livre, como o exige a lei; assim, portanto, as boas
obras se originam da própria fé. Isto é o que ele quer dizer no capítulo 3:21,
depois de ter repudiado as obras da lei, dando a impressão de que quisesse
suprimi-la mediante a fé: Não (diz ele), nós afirmamos a lei através da fé,
isto é, nós a cumprimos mediante a fé.” Uma outra tradução desse documento pode
ser encontrada no seguinte web site: http://solascriptura-tt.org/Diversos/Romanos-PrefacioPorLutero.htm.
Diz o Catecismo de Heidelberg (1563) na parte sobre os 10 mandamentos:
“92. Que diz a lei do SENHOR?
“R. Deus falou todas estas palavras (Êxodo 20:1–17; Deuteronómio
5:6–2: [a seguir é mostrado todos os Dez Mandamentos segundo a Bíblia]).
“93. Como se dividem estes Dez Mandamentos?
“R. Em duas partes. A primeira nos ensina, em quatro
mandamentos, como devemos viver diante de Deus; a segunda nos ensina, em seis
mandamentos, as nossas obrigações para com nosso próximo.”
A “Confissão de Fé Helvética” declara o seguinte a respeito
“Da Lei de Deus”:
“A lei é completa e perfeita. Cremos que toda a vontade de
Deus e todos os preceitos necessários a cada esfera da vida são nesta lei
ensinados com toda a plenitude. De outro modo o Senhor não nos teria proibido
de adicionar-lhe ou de subtrair-lhe qualquer coisa; nem nos teria mandado andar
num caminho reto diante desta Lei, sem dela nos declinarmos para a direita ou
para a esquerda (Deut 4.2; 12.32, 5.32, cf. Num 20–17 e Deut 2.27).”
5. Igreja Metodista
O bispo metodista Mateus Simpson apresentou em Yale, no ano
1878, uma série de preleções sob o título “Pregação”, a qual foi publicada mais
tarde por “Eton and Mains”. Em sua quarta preleção, diz ele:
“A Lei de Deus… deve ser apresentada claramente. Nossas
congregações devem ser reunidas como que em torno do Monte Sinai, enquanto de
seu topo é ouvida a voz de Deus a pronunciar aqueles mandamentos que são
inalteráveis e eternos. (…) Há muitos pregadores que gostam de insistir sobre o
evangelho apenas… mas às vezes vão além disso e verberam contra a pregação da
lei — insinuam que ela pertence a uma época passada… Tal evangelho pode erigir
uma bela estrutura; mas seu fundamento está sobre a areia. Nenhum verdadeiro
edifício pode ser construído sem que os seus fundamentos sejam cavados
profundamente pelo arrependimento para com Deus… A lei sem o evangelho é
sombria e desesperadora; o evangelho sem a lei é ineficiente e destituído de
poder; aquela conduz a escravidão, este ao antinomianismo. Combinados, porém,
os dois produzem ‘a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de
uma fé não fingida’.” — P. 128–129.
6. Igreja Congregacional
Quem nos responde é a “Lição da Escola Dominical” da UIECB
(União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil) de 15/08/1971, que
ensina:
“A transmissão da Lei no Monte Sinai constitui-se em um dos
acontecimentos mais destacados, e mais universal. (…) Como as rochas… da
montanha em que foram transmitidos, estes preceitos formam a base imóvel da
vida moral de homens e de nações, o fundamento duradouro de toda civilização
digna e firme.”
7. Igreja Católica
O Pe. Fernando Bastos de Ávila, SJ, é quem fica responsável
por esta resposta. Vejamos o que diz:
“DECÁLOGO. Do grego ‘deka’ dez ‘logos’ razão, sentença. É o
conjunto dos Dez Mandamentos da Lei de Deus que, segundo a tradição bíblica,
foram comunicados por Jeová a Moisés, no Monte Sinai, insculpidos em pedra, que
os israelitas conservaram na Arca da Aliança. Ele é a explicitação mais
essencial à lei natural. (…) o Decálogo é a síntese mais perfeita de toda a
experiência moral e religiosa da humanidade. É o código mais simples e mais
fundamental sobre o qual, em última análise, repousam todas as legislações que
regulam o comportamento humano.” — Em “Pequena Enciclopédia de Moral e
Civismo”, p. 170.
Muitas pessoas pensam que o Decálogo foi dado apenas ao povo
de Israel, lá no Monte Sinai, e que não serve mais para o povo de Deus, na atualidade.
O que podemos pensar disso? Quem vai responder isso é o famoso “Dicionário
Enciclopédico da Bíblia”, organizado pelo Dr. A. Van Den Born, e publicado pela
“Editora Vozes Ltda”. (católica). Diz:
“O dom da lei de Deus, porém, e particularmente o do
Decálogo não era destinado apenas para o Israel segundo a carne, mas também
para o ‘novo Israel’, que é a Igreja de Cristo. Por isso o Decálogo é várias
vezes citado no Novo Testamento por Jesus e pelos apóstolos.” — Coluna 363.
A contribuição do erudito Pe. Júlio Maria:
“Deus escreveu os mandamentos em duas pedras como no-lo
indica a Bíblia. (…) Na primeira pedra estavam escritos os mandamentos que
indicam os nossos deveres para com Deus… e na segunda, estavam escritos os
nossos deveres para com os homens. (…) Os mandamentos da lei de Deus
encontram-se no Êxodo e no Deuteronómio (5:6-21).” — Em “Ataques Protestantes”,
p. 86 e 95.
Muito esclarecedor este texto acima!
* Deus escreveu em tábuas de pedra, os Dez Mandamentos;
—> A primeira tábua tem os deveres do homem para com
Deus; isto é, o “amar a Deus sobre todas as coisas”;
—> A segunda tábua tem os deveres do homem para com o
homem; isto é, “amar o próximo como a si mesmo”;
—> E os Dez Mandamentos se encontram, nas Sagradas Escrituras,
nos livros de Êxodo (cap. 20) e de Deuteronómio (cap. 5).
Conforme foi visto acima, esses teólogos e autoridades da
Igreja Católica têm a Lei de Deus, os Dez Mandamentos, numa alta estima. Muito
diferente de alguns católicos leigos, mal-informados do seu próprio credo.
8. Outras denominações
* Joseph Fielding Smith, o grande profeta e fundador da
“Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias” (mais conhecidos como
Mórmons), declara nos seus escritos:
“Há aqueles que gostariam de destruir o Decálogo, ou os Dez
Mandamentos… Tais mandamentos não foram ab-rogados, nem anulados e estão em
vigor hoje da mesma forma como estiveram quando pronunciados em meio aos
trovões no Monte Sinai, embora não sejam observados.” — Em “The Heed to
Yourselves”, p. 133.
*Alexander Campbell, o fundador de uma denominação chamada
“Igreja de Cristo” (conhecida como “Discípulos de Cristo” no Brasil), declarou
o seguinte num debate com Purcell:
“As dez palavras de Deus… não apenas no Velho Testamento,
mas em toda a revelação, são as mais enfaticamente consideradas como a sinopse
da religião e moralidade.” — Em “Debate on the Roman Catholic Religion”, p.
214.
O dicionário da Bíblia de Smith declara:
“Ainda que o Decálogo seja influenciado pelo Novo
Testamento, não o é no sentido de revogação ou extinção. Ele é exaltado,
enaltecido, glorificado aí, mas ele próprio mantém a sua autoridade e
supremacia.” — Ed. de 1863, vol 3, p. 1071.