10 de setembro de 2012

NO MAIS ALTO DOS CÉUS


Sendo seres humanos caídos com conhecimento limitado, podemos maravilhar-nos com aquilo que conhecemos da nossa fé: o Criador, o Ser mais elevado do Universo, Aquele que é maior do que o Universo, Aquele que estava acima dele, tornou-Se no mais pequeno de todos e morreu a segunda morte do pecador, para que nenhuns pecadores tivessem que enfrentar essa morte pessoalmente. Aquele que é igual a Deus, Aquele que é Deus, Aquele que é o maior e mais exaltado em toda a Criação, torna-Se no menor na cruz, fazendo-Se “maldição por nós” (Gál. 3:13) para que nunca tivéssemos que enfrentar essa condenação nós mesmos.
O apóstolo Paulo escreveu sobre Jesus: “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz!” (Fil. 2:6-8). Aquele que fez tudo, “aniquilou-Se a Si mesmo” para podermos ter a promessa da vida terna.
Incrivelmente, ainda há mais um ponto no qual não nos deleitamos frequentemente, mas que torna o trabalho de Cristo por nós ainda mais surpreendente. Ellen White escreveu: “Pela Sua vida e morte, Cristo realizou ainda mais do que a restauração da ruína produzida pelo pecado. Era intuito de Satanás causar entre o homem e Deus uma eterna separação; com Cristo, porém, chegamos a ficar numa união mais íntima com Ele do que se nunca tivéssemos pecado. Ao tomar a nossa natureza, o Salvador ligou-Se à humanidade por um laço que nunca mais se partirá. (…) Para nos assegurar o Seu imutável conselho de paz, Deus deu o Seu Filho unigénito a fim de que Se tornasse membro da família humana, retendo para sempre a Sua natureza humana. (…) Deus adotou a natureza humana na pessoa do Seu Filho, levando a mesma ao mais alto Céu. É o “Filho do homem”, que partilha do trono do Universo” (O Desejado de Todas as Nações, ed. P. SerVir, p. 16).
O Senhor não só assumiu sobre Si a humanidade, mas Ele reterá essa humanidade para sempre; a humanidade, na pessoa de Cristo, partilhará o trono do Universo por toda a eternidade. Como se as manifestações de Cristo antes e depois da cruz não fossem mais do que o suficiente para a nossa mente caída compreender, agora ainda acrescentamos isto?
Com algo tão incrível que nos é apresentado, a pergunta é: O que nos diz a Bíblia sobre a humanidade de Cristo depois da cruz?

Na Fornalha Ardente.
Uma das histórias bíblicas mais conhecidas é a dos três Hebreus atirados para uma fornada ardente pela sua recusa em quebrar um dos Dez Mandamentos, neste caso o Mandamento contra a idolatria. Vejam aquilo que aconteceu: “Então aqueles homens (Sadrach, Mesach e Abed-nego) foram atados com as suas capas, seus calções, e seus chapéus, e seus vestidos, e foram lançados dentro do forno de fogo ardente. (…) Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa, falou, e disse aos seus capitães: não lançámos nós três homens, atados, dentro do fogo? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei. Respondeu, e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, e nada há de lesão neles; e o aspeto do quanto é semelhante ao filho dos deuses” (Dan. 3:21-25). Nesta história, séculos antes da cruz, Jesus é retratado como o “Filho de Deus”.
Alguns capítulos mais à frente, em Daniel 7, é apresentada ao profeta uma visão do grande julgamento pré-Advento, um julgamento que terá lugar imediatamente antes da Segunda Vinda, um julgamento que parece conduzir directamente à Sua própria vinda. Reparem: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu Um como o filho do homem: e dirigiu-Se ao ancião de dias, e O fizeram chegar até ele. E foi-Lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas O servissem.” (Dan. 7:9-14).
Ao contrário da prévia manifestação de Cristo, que ocorreu séculos antes da cruz, este acontecimento, que tem lugar muito depois da cruz, apresenta Jesus como o “Filho do homem”, uma expressão que se entende geralmente que enfatiza a humanidade de Jesus. Portanto, Cristo é descrito com uma imagem que revela a Sua natureza humana muito depois da Sua morte e ressurreição.

Nas Nuvens do Céu.
Inúmeras vezes quando aqui esteve em carne, Jesus referiu-Se a Si mesmo como o “Filho do homem” – mais uma referência à Sua humanidade e aos Seus laços com a família humana. “E, chagando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os Seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” (Mat. 16:13; ver também Mat. 17:12; Mar. 14:41; Luc. 9:58). Todas estas referências pré-cruz e pré-ressurreição a Si mesmo fazem sentido quando consideramos quão importante e central a humanidade de Cristo é para o plano da salvação. Ele tinha que Se tornar humano, tinha que carregar sobre Si a nossa humanidade, para poder ser o nosso Substituto e o nosso Exemplo.
Reparem, no entanto, nos seguintes textos: “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será, também, a vinda do Filho do homem” (Mat. 24:27). “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem.” (v.30). “E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu.” (Mar. 14:62).
Estas são todas as referências inconfundíveis à Segunda Vinda de Jesus e todas incluem a expressão “o Filho do homem”. Se, de alguma forma, depois da cruz e da ressurreição. Cristo tivesse perdido a Sua humanidade (uma vez que o Seu trabalho na Terra estava terminado), porquê usar a expressão “Filho do homem” – uma referência evidente à Sua humanidade – quando falou da Segunda Vinda? Estes textos apontam para a Sua natureza humana muito depois da Sua encarnação terrena.

Mãos e Pés.
Temos também aos aparições de Cristo depois da Sua ressurreição, nas quais a realidade do Seu corpo humano é enfatizada. Quando apareceu primeiramente aos Seus discípulos, que pensaram que fosse uma espécie de aparição, Jesus disse-lhes: “Porque estais perturbados, e porque sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as Minhas mãos e os Meus pés, que sou Eu mesmo: apalpai-Me e vede; pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho. E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E não o crendo eles ainda, por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa de comer? Então eles apresentaram-Lhe parte de um peixe assado e um favo de mel. O que Ele tomou e comeu diante deles” (Lucas 24:38-43).
Obviamente, as mãos e os pés de Jesus deviam mostrar-lhes as Suas cicatrizes (ver João 20:26-28); o comer mostrou-lhes a realidade da Sua humanidade, da Sua carne humana. Mais uma vez, tudo isto aconteceu depois da sua morte e ressurreição. Embora a ênfase aqui seja no facto de Ele ter ressuscitado, Ele utilizou o facto físico do Seu corpo humano, a Sua carne, os Seus ossos e as Suas cicatrizes, bem como a Sua fome, para confirmar este ponto.
Continua.