Numa análise crítica elogiosa do livro do Dr. Samuele
Bacchiocchi, Divine Rest for a Restless Humanity [Divino Descanso Para Uma
Humanidade Intranquila] a tradicional revista evangélica americana Christianity
Today menciona que o mandamento do
sábado é o "mais negligenciado" na sociedade moderna. E as desculpas
com que se busca justificar tal negligência são várias, mas alistamos 10 das
mais "clássicas", porém não menos "esfarrapadas".
1 - A lei foi inteiramente abolida, restando-nos agora
apenas os mandamentos de amor a Deus e ao próximo; não mais o velho código de
leis veterotestamentário, mas regras esparsas aqui e acolá pelo Novo
Testamento; nada de codificação legal à base do “faça isso” ou “não faça
aquilo” .
Ponderações e perguntas para reflexão: Os princípios de amor
a Deus e ao próximo são só do Novo Testamento? Que tal examinar Levítico 19:18
de Deuteronómio 6:5? Jesus mesmo declarou: “Se Me amais, guardareis os Meus
mandamentos” (João 14:15). Também no Novo Testamento temos inúmeras regras de
“faça isso” e “não faça aquilo”. Os autores do Novo Testamento não dizem
simplesmente: “Contemplem a Cristo e isso é tudo quanto precisam fazer. Não se
preocupem com regras nenhumas, de fazer isto ou não fazer aquilo”.
O contemplar a Cristo deve motivar o crente e buscar saber
como melhor servi-Lo, e quantas instruções específicas se acham nas páginas
neotestamentárias a respeito do que fazer e não fazer. Eis alguns exemplos
tomados ao acaso: “compartilhai as necessidades dos santos”; “praticai a
hospitalidade”; “não sejais sábios aos vossos próprios olhos”; “apresentai os
vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”; “lançai fora o
velho fermento”; “não vos associeis com os impuros”; “fugi da impureza”; “se
alguém tem fome, coma em casa, a fim de não vos reunirdes para juízo”; “não
havendo intérprete, fique calado na igreja”; “tornai-vos à sobriedade”; “orai
sem cessar”.
2 - Devemos ser santos ao Senhor todos os dias, não somente
no dia de sábado.
Ponderações e perguntas para reflexão: Acaso o conceito de
santidade diária EXCLUI a necessidade de manter-se esse dia de repouso? Uma vez
que Cristo disse ter sido o sábado estabelecido “por causa do homem” (Marcos
2:27), isso se aplica a todos os povos, em todas as épocas.
O dever de ser santos ao Senhor sempre NÃO É NENHUMA
NOVIDADE, coisa só da “dispensação cristã”, como alguns imaginam. Basta ler a
ordem divina em Êxo. 19:6--“sereis nação santa”. E em Deut. 5:32 e 33 é
ordenado ao povo de Israel: “Cuidareis em fazerdes como vos mandou o Senhor vosso
Deus:
não vos desviareis, nem para a direita, nem para a esquerda. Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor vosso Deus, para que vivais, bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir.” No capítulo seguinte lemos ainda: “Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te” (Deut. 6:6, 7). Assim, na “dispensação cristã” é reiterado, não “inaugurado” esse princípio de sermos SEMPRE santos ao Senhor: “Sede, vós, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:48). Simples de entender e perceber, não tão simples de praticar, não é mesmo?
não vos desviareis, nem para a direita, nem para a esquerda. Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor vosso Deus, para que vivais, bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir.” No capítulo seguinte lemos ainda: “Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te” (Deut. 6:6, 7). Assim, na “dispensação cristã” é reiterado, não “inaugurado” esse princípio de sermos SEMPRE santos ao Senhor: “Sede, vós, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:48). Simples de entender e perceber, não tão simples de praticar, não é mesmo?
3 - Guardar o sábado “judaico” seria posicionar-se “debaixo
da lei”, mas nós agora estamos é “debaixo da graça".
Ponderações e perguntas para reflexão: Por que somente
atribuem ao mandamento do sábado o qualificativo de “judaico”, embora os outros
nove pertençam ao mesmo código? O “não matarás”, “não furtarás”, “honra teu pai
e tua mãe”, “não dirás o nome do Senhor Teu Deus em vão” não seriam também
“judaicos”? Por outro lado, o estar “debaixo da lei”, tanto no contexto de Rom.
6:14 como Gálatas 5:16-21 significa estar vivendo na prática do pecado, e não
em obediência a essa lei. O início de Rom. 6:14 declara, “porque o pecado [não
a lei] não terá domínio sobre vós”. A definição bíblica de pecado encontramos
em 1 João 3:4--“pecado é transgressão da lei”.
4 - O sábado é mandamento “cerimonial”, e não moral, pois a
Bíblia não diz que Adão o guardasse; tampouco há divisão na lei em mandamentos
morais, cerimoniais, civis, etc., sendo tal divisão uma “invenção
despropositada dos sabatistas".
Ponderações e perguntas para reflexão: Adão era homem ou era
bicho? Sim, porque Jesus declarou que “o sábado foi feito por causa do homem”
(Marcos 2:27). Se Adão era homem então o mandamento do sábado foi estabelecido
para ele também, o que é claramente indicado em Gén. 2:2, 3 e Exo. 20:8-11. No
relato da Criação é dito que Deus fez três coisas com relação ao sétimo dia:
nele descansou, o abençoou e santificou. “Santificar” significa separar para
uso sagrado, e sendo que Deus é absolutamente santo, Ele nada teria para
santificar para Si mesmo. Se o fez com relação ao sétimo dia, o sábado, foi
para o homem, segundo o confirmou Cristo.
A divisão das leis em “moral”, “cerimonial”, “civil”, “higiénica”
já era há muito reconhecida pelos autores das mais Confissões de Fé da
cristandade protestante da maior autoridade, fato também reconhecido por
estudantes e autores bíblicos das mais diferentes igrejas cristãs ao longo da
história.
5 - Quem insiste na guarda do sábado é por não ter sido
“libertado” pela mensagem do evangelho, mas prefere manter-se na “escravidão da
lei”; os sabatistas certamente nada sabem sobre a salvação pela graça e
justificação pela fé, coitados. . .
Ponderações e perguntas para reflexão: Quem faz esse tipo de
afirmação desconhece o pensamento oficial das igrejas cristãs observadoras do
sábado. Todas elas apresentam a salvação inteiramente pela graça de Cristo, à
parte das obras da lei. A questão da obediência aos mandamentos entra no campo
da santificação, não da justificação. Ademais, Paulo mesmo esclarece que a fé
estabelece a lei, não a anula (Rom. 3:31). Ele fala do uso legítimo da lei (1
Tim. 1:8) que certamente representa sua obediência baseada em amor a Deus e ao próximo.
Tiago declara que “a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tia. 2:17)
e a célebre e tão citada passagem de Efés. 2:8, 9--“pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que
ninguém se glorie”- é acompanhada do vs. 10 que nem sempre é lembrado nesse
contexto: “Pois somos feitura Dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as
quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas".
6 - Nove mandamentos são repetidos no Novo Testamento, menos
o do sábado.
Ponderações e perguntas para reflexão: O Novo Testamento não
tem como objetivo repetir mandamentos antigos para revalidá-los. Jesus indicou
que não veio abolir a lei, e sim cumpri-la e insistiu em que a obediência aos
mandamentos fosse a mais perfeita possível, superior à justiça dos fariseus e
saduceus (Mateus 5:19, 20).
Não há nenhuma repetição ipsis literis dos mandamentos “não
farás para ti imagens de escultura”, nem “não dirás o nome do Senhor Teu Deus e
vão”, apenas referências indiretas aos mesmos. Aliás, não há sequer alguma
proibição contra a prática condenada pela lei de consultar os mortos (ver Êxodo
22:18; Deuteronómio 18:10-14 e Isaías 8:19, 20). Seriam, pois, permitidas desde
os tempos do Novo Testamento?
7 - Não há obrigatoriedade de observância de dia nenhum pois
o sábado era apenas “sombra” do repouso espiritual propiciado por Cristo.
Ponderações e perguntas para reflexão: Se o sábado teria de
ser abolido por tratar-se apenas de um símbolo, o que realmente simbolizaria? A
resposta mais comum dos semi-antinomistas é de que seria símbolo do repouso que
o pecador encontra em Cristo, tendo Hebreus 4 como fundamento de tal
raciocínio. Isso, porém, não se justifica porque em Hebreus 11 encontramos os
tantos heróis da fé que encontraram esse repouso em Cristo e nem por isso
isentaram-se da observância do sábado.
Sobre o próprio Moisés, o grande legislador de Israel em
nome de Deus, é dito que “considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas
do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão” (Heb. 11:26). Davi
foi outro desses heróis da fé que encontraram esse repouso espiritual em
Cristo. E ele declara: “Agrada-me fazer a Tua vontade, ó Deus meu; dentro em
meu coração está a Tua lei” (Salmo 40:8). Alguém negará que nessa lei que ele tinha
no coração, prefigurando até a própria experiência de Cristo (ver Heb. 10:5-7
cf. Salmo 40:6-8) o sábado estaria de fora? Claro que não. Então, o principal
argumento de o sábado ser mero símbolo desse repouso em Cristo pelo perdão dos
pecados perde totalmente o sentido.
8 - Jesus não respeitou o mandamento do sábado, mas o
transgredia sistematicamente mostrando que seria abolido em breve; Ele disse
ser “Senhor do sábado” para mostrar que veio para acabar com esse terrível
jugo, tão prejudicial ao homem. . .
Ponderações e perguntas para reflexão: Encontramos a Cristo,
em pleno exercício de Seu ministério, confrontando fariseus e saduceus no que
tange à observância do sábado. É aí onde muitos se atrapalham e não percebem o
sentido mais amplo e profundo desses debates e colocam a Jesus criticando os
que obedecem um mandamento da lei estabelecido por Ele próprio como Criador do
mundo (Heb. 1:2)! Contudo, diante das acusações contra Ele assacadas por
fariseus e saduceus (e alguns evangélicos contemporâneos) Cristo Se defende
declarando que fazia somente o que era “lícito” no sábado (Mat. 12:12). Também
acentua ser Ele “o Senhor do sábado” (12:8), Aquele que zela pelo seu correto
cumprimento, como zelou pela casa de Deus expulsando !de lá os cambistas mais adiante,
após ter entrado triunfalmente em Jerusalém (cap. 21:12, 13). Assim, o teor dos
debates de Cristo quanto ao sábado não era quanto à validade do mandamento, e
sim sobre a maneira de observá-lo.
9 - Paulo ensinou que o sábado foi abolido na cruz; agora
vale: ou qualquer dia, ou dia nenhum para o cristão, à luz de Col. 2:16 Romanos 14:5 e 6 e Gálatas 4:9 e 10.
Ponderações e perguntas para reflexão: Acaso existe algum
registo nas Escrituras ou na história de alguma comunidade cristã dos
primeiros tempos que tinha tal regra de conduta--observar o dia que melhor
conviesse, ou dia nenhum? Os textos referidos em Romanos referem-se a dias de
festas nacionais ou dias de jejuns dos judeus, que Paulo deixou a critério dos
crentes de origem judaica mantê-los ou não.
Em Gálatas ele se refere a dias festivos do calendário
pagão, a que alguns cristãos de origem gentílica ainda se apegavam, e para
estes dias Paulo não abriu mão de proibir sua observância. Pode-se observar a
diferença de tratamento entre as regras quanto a uns e outros. João no
Apocalipse fala do “dia do Senhor” que dedicava a Deus (1:10), portanto era um
dia específico, não qualquer um.
Em Colos. 2:16, 17 Paulo trata, não de observância, mas de
julgamento por observância. Aliás, nem aparece a palavra “lei” em todo o
capítulo. Ele discute atitudes de hereges Colossenses sobre os quais nem se tem
muita informação, e estes se punham a estabelecer regras rigorosas para a
comunidade cristã, condenando o tipo de observâncias que mantinham. Muitos eruditos
interpretam tais textos como referindo-se aos sábado cerimoniais, não semanais,
pois se preocupam com a evidente e contraditória situação de Paulo indispor-se
contra uma instituição de um dia de repouso, o que não faria sentido à luz do
que Jesus disse em Marcos 2:27, 28, Apoc. 1:10 e a prática dos cristãos de
observar o sábado (cf. Lucas 23:56).
10 - Não há meios de se observar o sábado universalmente
pois os esquimós, por exemplo, não têm pôr-do-sol em que se orientar para
assinalar o princípio e fim dos dias.
Ponderações e perguntas para reflexão: Se há essas “dificuldades técnicas” para
observar o sábado em todo o mundo, não fica implícito que Deus, afinal de
contas, não é um Legislador tão competente pois não criou uma “lei perfeita”?
Na verdade, Deus deu a Israel a ordem de ser Suas “testemunhas” (Isa. 43:10) e
colocou a nação na encruzilhada do mundo para transmitir aos moradores de toda
a Terra o conhecimento do verdadeiro Deus, Sua lei e Seu plano de salvação.
Prova disso temos em Isaías 56: 6, 7, onde “os filhos dos estrangeiros” são
especificamente convidados a acatarem o concerto de Israel, exatamente passando
a observar o sábado.
Considerações Finais:
Examinando mais detidamente os dados bíblicos e históricos
para constatar que a lei moral de Deus, com o seu 4o. mandamento, não sofreu
qualquer alteração quando Deus prometeu escrevê-la no coração e mente dos que
aceitam os termos do Novo Concerto (Novo Testamento), segundo Hebreus 8:6-10;
10:16 (cf. Jerem. 31:31-33 e Ezeq. 36:26, 27). Assim, o sábado do sétimo dia
segue sendo o “dia do Senhor”, pois nada há que justifique biblicamente a
mudança de tal dia para o domingo como dia de observância dedicado a Deus.
A mudança, de fato, ocorreu, mas desautorizada-mente, por
motivos de apostasia da liderança da Igreja em Roma, para ser “politicamente
correta” diante das severas medidas anti-judaicas do imperador romano Adriano
pelo ano 135 AD, fato reconhecido pelas mais diferentes autoridades históricas,
inclusive do seio do protestantismo, e pela própria Igreja Católica,
responsável por tal alteração da lei divina. Qualquer catecismo católico
denunciará mudanças desautorizadas no Decálogo: o segundo mandamento, “não
farás para ti imagens de escultura” foi inteiramente eliminado, e o mandamento
do sábado foi substituído pela regra “Guardar domingos e festas”, que ocupa o
lugar do 3o. mandamento.
Mas vejamos alguns “sinais de perigo”, que propositadamente
vamos colocar em vermelho:
# A mudança do dia de adoração não tem fundamento bíblico, e
o Dia do Senhor prossegue sendo o sábado do sétimo dia, como o Criador
instituiu na Semana da Criação, em comemoração do Seu ato criador. O sábado é o
selo de Deus (Ezequiel 20:12 e 20:20), de que fala Apocalipse 7:3.
# A observância do domingo, como dia de adoração, não agrada
a Deus, e é uma homenagem à igreja de Roma, que o sustenta desde meados do
segundo século, com o decreto de Constantino em 7 de março de 321 vindo reforçar
a instituição, e uma homenagem ao poder que por trás dela está.
# O mesmo Deus que não muda (Malaquias 3:6), de cuja boca
saiu o que é justo e cuja Palavra não voltará atrás (Isaías 45:23), e que
prometeu que não fará coisa alguma sem primeiro revelar o seu segredo aos seus
servos, os profetas (Amós 3:7), o mesmo Deus que afirmou pela boca que Cristo
que não veio revogar a Lei, e que até que o céu e a terra passem nem um i ou um
til jamais passará da Lei até que tudo se cumpra (Mateus 5:17-18), esse Deus,
coerente com Sua Palavra que não muda,
• Jamais teria
autorizado alguma alteração na Sua Lei (e a mudança do sábado do sétimo dia
para outro dia é alteração da Lei) sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus
servos, os profetas (e nada há na Palavra de Deus que mostre essa revelação);
• Jamais teria
quebrado a Sua Palavra, pois Ele não muda e ela não volta atrás, pois mentiroso
e pai da mentira é Satanás, que distorce as Escrituras, retirando passagens do
contexto para alterar o seu sentido.