Foi Jesus o único que por nós se tornou santificação, e n´Ele nos somos “santos” (1ª Cor. 1:30; Ef. 1:1). Mas é pelo Espírito, ou seja, pela Sua presença espiritual em nós, que o Salvador nos santifica. No Novo Testamento é empregue mais de uma vez as expressões: “santificados pelo Espírito”, Rom. 15:16; 1ª Cor. 6:11, ou: “a santificação do Espírito”, 2ª Tes. 2:13 e 1ªPed. 1:2. Nós já referimos que a santificação se opera na medida em que temos o coração cheio do Espírito. Vamos ver agora a maneira como ela se realiza.
1. O Espírito comunica ao crente uma nova natureza.
Rª: Pedro diz que nós nos tornamos participantes da natureza divina: “Pelas quais, ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que, por elas, fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo.” 2ª Ped. 1:4.
Nota explicativa: O apóstolo Paulo umas vezes diz “Cristo em nós”, outras “o Espírito em nós”, e ainda o “homem novo”, para designar esta experiência do crente convertido (Col. 1:27; 1ª Cor. 6:19; Ef. 4:24). O homem novo não é simplesmente um homem regenerado, como poderíamos ser levados a pensar; recebemos uma nova natureza no momento em que se operou a regeneração. Ou seja estar cheio do Espírito Santo equivale a ser morada do Espírito. Tomemos um exemplo: uma árvore selvagem só produz maus frutos. Quando é enxertada ela recebe uma nova natureza, de outra qualidade, e começa a dar frutos de boa qualidade sem esforço.
2. O que são os frutos do Espírito Santo?
Rª: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” Gálatas 5:22,23.
Nota explicativa: O fruto do Espírito não é resultado espontâneo da natureza humana, mas de um poder completamente diferente do que o homem “selvagem” ou “carnal” produz. Assim é digno de se notar que “fruto” está no singular e “obras” (v.19) está no plural. Ou seja, só há um “fruto do Espírito”, e esse único fruto inclui todas as graças cristãs enumeradas nos vs. 22-23. Por outras palavras, todas essas graças ou virtudes devem estar presentes na vida do cristão, e não se pode dizer que o cristão recebeu o “fruto do Espírito” se falta uma delas. Há no entanto, muitas formas do mal se manifestar.
3. Quais são as obras da carne?
Rª: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: Prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais declaro, como já, antes, vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.” Gálatas 5:19-21.
Nota explicativa: A lista de pecados que é apresentada pelo Apóstolo Paulo, não passa de alguns exemplos, pois não esgota o tema. Aparecem a sensualidade, a superstição, o egoísmo e a intemperança. Quando os crentes da Galácia renunciaram à direcção do Espírito Santo, esses maus frutos sem dúvida que surgiram nas suas vidas.
Não acontece hoje a mesma coisa?
4. Qual é a exortação da Palavra de Deus para permanecer a produzir bons frutos?
Não leia a resposta: Pense e responda no seu coração, qual acha que é a forma de permanecer e dar bons frutos. Leia agora.
Rª: “E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.” Col. 3:14.
Nota explicativa: O amor (agápê) é a virtude que deve dar coesão a todas as demais virtudes ou frutos. Não importa tanto quanto faça alarde da sua fé cristã nominal, se a sua alma não está cheia do amor a Deus e ao seu próximo, não é um verdadeiro discípulo de Cristo (ver 1ª Cor. 13:1-3). O nosso texto refere “vínculo” (súndesmos, gr.) “o que mantém unido”. Numa outra passagem desta epístola (2:19) refere as “juntas e ligaduras” do corpo. O amor mantém juntos e em perfeita unidade as virtudes do cristão e também os diversos membros do corpo místico de Cristo. Lemos ainda uma outra palavra “perfeição” ou “maduro”. Cada um de nós na sua esfera pessoal deve alcançar o máximo do desenvolvimento possível “…primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga” (Mar. 4:28). Assim como Deus é perfeito na Sua esfera, assim também o cristão o deve ser na sua (Mat. 5:48).
5. Em que consiste o Reino de Deus?
Rª: “Porque o reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” Romanos 14:17.
Nota explicativa: “o reino de Deus” esta expressão, se tivesse isolada, poderia referir-se ao futuro reino da glória (cf. 1ª Cor. 6:9,10), ou ao reino presente da graça (ver Mat. 4:17; 5:2,3). É óbvio que aqui corresponde ao segundo significado. A essência do reino de Deus não consiste nas coisas externas mas sim nas graças internas da vida espiritual. Não são “comida, nem bebida”, estas coisas são insignificantes em comparação com as que consistem na realidade ao reino de Deus. O cristão cuja fé é forte pode compreender a natureza espiritual do reino de Deus. Na verdade, o conhecimento desta verdade vital é parte do “bem” mencionado no v. 16 (Rom. 14:16). Por esta razão, esse conhecimento o impedirá de causar pena ou sofrimento ao seu irmão mais fraco por causa de assuntos comparativamente insignificantes em si mesmo. Tendo o “fruto” ele tem uma santa alegria que o Espírito difunde nele “pelo Espírito” (Gál. 5:25; cf. Rom. 15:13; 1ª Tes. 1:6). Os que são fortes na fé compreendem melhor que o Reino de Deus consiste em mercês espirituais como estas, e não em coisas materiais como comida ou bebida. Por isso, no que se refere à sua liberdade cristã e no que à comida e à bebida diz respeito, está disposto a condicionar a sua própria liberdade, em vez, de prejudicar ou destruir a paz da igreja (Rom. 14:13), ou induzir um irmão mais fraco a ser privado (v. 14) do gozo no Espírito ou a entristecer-se na sua consciência (v. 15).
6. Como age a pessoa que tem o “fruto do Espírito”, mesmo quando ofendido?
Rª: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.” Romanos 12:19,20.
Nota explicativa: “dai lugar à ira”, o artigo definido antes de “ira”, indica que faz referência à ira de Deus (cf. Rom. 5:9). Esta interpretação é confirmada pelas palavras que seguem: “Minha é a vingança; eu recompensarei”. Os cristãos nunca deveriam tentar a vingança com aqueles que os prejudicam ou que os tratam com injustiça, mas antes deixar o assunto nas mãos de Deus. Só o Deus perfeito, que tudo conhece e que ama a todos, pode julgar com retidão e castigar com justiça.
7. O que deve acompanhar o amor, a fé, o ânimo e o conhecimento no nosso crescimento espiritual e experiência cristã?
Rª: “Vós, também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência, e à ciência, temperança, e à temperança, paciência, e à paciência, piedade.” 2ª Pedro 1:5,6.
Nota conclusiva: Uma das mais breves e melhores definições de temperança é – domínio próprio. A palavra no texto significa muito mais que a mera abstinência de bebidas intoxicantes – o limitado sentido que frequentemente lhe é dado. Quer dizer domínio, força, poder, ou ascendência sobre excitantes e más paixões de toda a espécie. Denota o império que o homem vencedor ou convertido exerce sobre as más propensões da sua natureza. Comentando este texto, diz o Dr. Alberto Barnes: “As influências do Espírito Santo no coração tornam o homem moderado em todos os apetites e prazeres; ensinam-no a refrear as paixões, e a governar-se.”
“O crente tem tudo do Espírito Santo, mas o Espírito nem sempre tem tudo do crente. A Sua presença é expressiva. Ele enche somente o crente que estiver vazio do egoísmo e do pecado.” Thomas P. Simmons.
“Não há limites à utilidade daquele que, pondo de parte o próprio eu, abre margem para a operação do Espírito Santo no seu coração, e vive uma vida inteiramente consagrada a Deus.” Serviço Cristão, p. 254 (Southern Watchman, 1º de Agosto de 1905).
Pensamento:
Pergunto mais de uma vez… qual é a necessidade, primeira e última, que percebo para a minha amada Igreja. Tenho de dizer quase tremendo e suplicante, já que, como sabem, trata-se do seu ministério e da sua vida: o Espírito, o Espírito Santo, o animador e santificador da Igreja, a sua respiração divina, o vento que sopra nas suas velas, o seu princípio unificador, a sua fonte interior de luz e força, o seu apoio e o seu consolador, a sua fonte de carismas e cantos, a sua paz e a sua alegria, a sua prenda e prelúdio de vida bem-aventurada e eterna. A Igreja necessita do seu perene Pentecostes: necessita do fogo no coração, palavra nos lábios, profecia no olhar… A Igreja necessita recuperar o ímpeto, a satisfação, a certeza do seu chamado a este TEMPO.