“A justificação é aquilo que Deus faz por nós, enquanto a santificação é quase exclusivamente aquilo que Deus faz em nós.” John Macky
“Justiça sem concomitante e genuíno amor a Deus e ao próximo em breve degenera em puro farisaísmo.” Rev. J. Vance Havner
1. Qual é, da parte de Deus, a base da justificação?
Rª: “Para que, sendo justificados pela sua graça, fôssemos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.” Tito 3:7
Nota: “Para que”. Como resultado do “lavar regenerador” (v.5), ser “justificados” ou tendo sido “justificados”, dependendo, naturalmente, da entrega do ser humano à vontade de Deus. Só Deus regenera os que justificou. Ele não força a vontade de ninguém (Rom. 3:24), é-se “herdeiro”, enquanto se mantiver a posição de filho de Deus, possui-se o gozo de partilhar com Cristo a recompensa de redimidos. Mas ao negar-se essa condição de filho de Deus e negar-se os princípios do Pai, deixa-se de ser “herdeiro” dessa herança eterna.
2. Qual é o único meio através do qual o pecador pode ser justificado, ou tornado justo?
Rª: “Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada.” Gálatas 2:16.
Nota: “Justificado” ou “reconhecido como justo (Rom. 3:20,28; 4:8,25). “As obras da lei”. Não se refere tanto ao observar das leis rituais ou cerimoniais, tal como era o conceito judaico que o homem podia salvar-se observando minuciosamente (2ª Cor. 3:3-9) “a lei”, que constava de preceitos morais, cerimoniais e civis. Paulo aos Gálatas ocupa-se dos códigos morais e cerimoniais, é evidente que o civil não entra directamente no problema que Paulo aqui trata. Os erros dos judeus consistiam: a) considerar que a salvação podia conseguir-se mediante esforços individuais, por meio do cumprimento dos ritos e em virtude de uma vida meritória, na qual um excedente de boas obras poderia pagar o preço das más obras; b) acrescentar à lei dada por Deus uma grande quantidade de requisitos humanos comummente chamados “tradições” (Marcos 7:3). Paulo sem dúvida teve tudo isto em conta quando escreveu. O apóstolo saliente a “fé em Jesus Cristo”. A justificação recebe-se como um dom de Deus por meio de Cristo (João 3:16). As obras não tem nada que ver com esta transacção, pois, repetimos, é um dom da parte de Deus tornado possível por meio de Jesus Cristo. Para que o homem o receba deve exercer completa fé e confiança em Deus que pode e está disposto a justificar o pecador. A fé é o meio pelo qual o ser humano recebe justificação.
3. Que exemplo positivo torna claro o sentido dessa doutrina?
Rª: “Então o levou para fora, e disse: Olha agora para o céu, e conta as estrelas, se as podes contar; e acrescentou-lhe: Assim será a tua descendência. E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça.” Génesis 15:5,6.
4. Como é definida a justiça assim alcançada?
Rª: “E seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé.” Filipenses 3:9.
5. Sobre que base é garantida a justificação?
Rª: “Também não é assim o dom como a ofensa, que veio por um só que pecou; porque o juízo veio, na verdade, de uma só ofensa para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação.” Romanos 5:16.
6. Sob que condição é a fé imputada como justiça?
Rª: “Porém ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça.” Romanos 4:5
Nota: “ao que não trabalha”, quer dizer, a pessoa que não tenta comprar a justificação por meio de obras. Isto no entanto, não nega a necessidade das boas obras (3:28). O que S. Paulo realça novamente é a verdade fundamental de que o ser humano não é justificado por obras, mas unicamente por fé que o torna participante da vida e da justificação de Deus, e deste modo se gera no coração e se inspira as boas obras. Faz boas obras não para se salvar, as boas obras são o resultado do relacionamento com Jesus e consequentemente de estar justificado.
7. Que declaração testemunha da fé de Abraão em Deus?
Rª: “E sem se enfraquecer na fé, considerou o seu próprio corpo já amortecido (pois tinha quase cem anos), e o amortecimento do ventre de Sara; contudo, à vista da promessa de Deus, não vacilou por incredulidade, antes foi fortalecido na fé, dando glória a Deus.” Romanos 4:20,21.
8. Como podemos receber essa mesma justiça imputada?
Rª: “Pelo que também isso lhe foi imputado como justiça. Ora, não é só por causa dele que está escrito que lhe foi imputado; mas também por causa de nós a quem há de ser imputado, a nós os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor.” Romanos 4:22-24.
Nota: A fé do cristão não deve ser diferente da fé exercida por Abraão. A nossa vida deve revelar claramente se desfrutamos da experiência e da confiança no Deus eterno. A fé não é só um feito histórico das Escrituras, mas uma aplicação pratica à vida do cristão. S. Paulo tem o cuidado de dizer “a nós os que cremos”, o que significa, aqueles a quem a fé será contada como justiça, independentemente do tempo e das circunstâncias.
9. Por que deve a fé que justifica apegar-se tanto à morte como à ressurreição de Cristo?
Rª: “O qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação.” Romanos 4:25 (cf. 1ª Cor. 15:17).
Nota: A ressurreição de Cristo, a prometida Semente (Gál. 3:16), era necessária a fim de cumprir para com Abraão a promessa de uma incontável semente; e portanto a fé de Abraão na promessa de Deus, que incluía a ressurreição, lhe foi imputada como justiça. A sua fé apegou-se àquilo que tornou possível a justiça imputada (cf. Heb. 11:17-19).
10. Que grande permuta se operou em nosso favor por Cristo?
Rª: “Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.” 2ª Cor. 5:21.
Nota: Disse Lutero: “Aprendei a conhecer a Cristo, e ele crucificado. Aprendei a cantar um novo cântico – a desesperar de vossas próprias obras, e a clamar a Ele: Senhor Jesus, Tu és a minha justiça, e eu o Teu pecado. Tomaste sobre Ti o que era meu, e deste-me o que Te pertencia; o que não era Te tornaste, a fim de que me pudesse tornar aquilo que eu não era.” – História da Reforma, de d´Aubigné, vol. 2, cap. 8.