Um dos conceitos mais originais dos Antigo Testamento é o de tsedek, que traduzimos por “justiça” na falta de um termo melhor. Em hebraico, trata-se de uma noção essencialmente relacional que engloba, ao mesmo tempo, a justiça e a misericórdia. A noção de tsedek lança os fundamentos das relações humanas e dá harmonia à existência. A justiça é o critério de qualquer relação justa entre o homem e Deus, e entre o homem e tudo o que o rodeia.
O ser humano vive dentro de uma complexa trama de relações. Pertence a uma família, a um povo, a um grupo político, a uma comunidade religiosa, aos quais está ligado por numerosos laços afectivos, económicos e sociais. Tudo o que contribui positiva e harmoniosamente para estas relações correctas é “justo”. A “justiça de Deus” não designa a Sua capacidade de julgar o transgressor, mas a Sua vontade de paz e harmonia para com os homens, a Sua fidelidade aos Seus compromissos em todas as circunstâncias.
1. Deste modo o que é garantido ao crente em Cristo?
Rª: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigénito, para que todo aquele que n´Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16.
2. O que é revelado no Evangelho?
Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé. Romanos 1:17
3. Que trouxe Cristo à luz pelo Evangelho?
“...Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo Evangelho.” 2ª Timóteo 1:10.
Nota: “Salvador” (gr. sõter), “libertador”, “salvador”, nome empregue pelos antigos para referir-se aos seus deuses, governantes e generais; mas só Jesus proporcionou genuína libertação a um mundo preso pelas cadeias de hábitos pecaminosos. Quando Jesus ressuscitou, manifestou-se um poder maior do que o poder da “morte”. Cristo oferece este mesmo poder ou justiça a todos os que aceitam o plano da salvação. Não se deve pois, temer a “morte”. A “vida” conquistada por Cristo representa a máxima esperança para um mundo que considerava a morte como um mistério tenebroso.
4. Que se declara dos mandamentos de Deus?
“Celebre a minha língua a tua palavra, pois todos os teus mandamentos são justos.” Salmo 119:172.
Nota: A Bíblia associa este conceito de justiça à observância da Lei, tanto nos seus aspectos civis como nos religiosos, mas nem sempre os distingue. Se Deus é o único justo, a justiça pertence-Lhe e ninguém melhor do que Ele pode ensiná-la ao homem: “O juízo é de Deus; porém a causa que vos for difícil, fareis vir a mim, e eu a ouvirei.” Deut. 1:17.
“Justos”, os mandamentos de Deus não só são justos, mas são a essência da justiça. A Lei “é santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Rom. 7:12). Esta lei é uma transcrição do carácter santo e justo de Deus. Deveríamos moldar a vida de acordo com as suas instruções e não segundo as nossas emoções.
5. Que declarou Jesus serem os mandamentos de Deus?
Rª: “E sei que o seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exactamente como o Pai me ordenou.” João 12:50.
Nota: A ordem do Pai era que os homens cressem em Cristo como O enviado ao mundo. Só assim poderiam ser salvos (Actos 4:12). Numa declaração paralela, João afirmou: “Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou.” (1ª João 3:23). Os judeus acreditavam que receberiam a salvação porque se esforçavam no estudo e na observância da Torah. Muitos deles depositavam a sua esperança de vida eterna no facto de serem descendentes de Abraão. Jesus adverte que só os que O aceitarem como o Filho de Deus e como o Salvador do mundo, seriam salvos. “ A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” (João 17:3).
* João 12:50 é uma declaração clara: A vida e a justiça são assim mostradas como sendo inseparáveis.
6. Que declara Jeremias acerca de Cristo?
Rª: “Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” Jeremias 23:6
7. Que salientou Moisés como sendo a base da justiça?“E será para nós justiça quando tivermos cuidado de fazer todos estes mandamentos perante o Senhor nosso Deus, como nos tem ordenado.” Deut. 6:25.
8. Que indicou Jesus como sendo essencial à vida eterna?
“E Ele disse-lhe: Por que Me chamas bom? Não há bom senão um só que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” Mateus 19:17
Nota: A justiça de Deus, que é obtida pela fé em Cristo, traz consigo a vida de Deus, inseparavelmente ligada à justiça; e a vida de Deus, que é comunicada ao homem como um dom mediante a fé em Cristo, é uma vida de justiça – a justiça de Cristo de obrar o que é recto.
Salmo 85:10, pode ser traduzido “a justiça e a paz”, bem como “a misericórdia e a verdade.” O precioso exemplo de paralelismo em sinónimo exposto neste versículo une em cada frase os dois atributos principais do carácter de Deus (cf. Sal. 25:10; 72:3). Nestas figuras resume-se todo o plano da salvação.
“...o homem achava-se em posição diversa da de Satanás. Lúcifer pecara, no Céu, em face da glória divina. A ele, como a nenhum outro ser criado, se revelou o amor de Deus. Compreendendo o carácter do Senhor, conhecendo-Lhe a bondade, preferiu Satanás seguir a sua própria vontade independente e egoísta. Essa escolha foi decisiva. Nada mais havia que Deus pudesse fazer para o salvar. O homem, porém, foi enganado; obscureceu-se-lhe o espírito pelo sofisma de Satanás. ...
Por meio de Jesus, foi a misericórdia divina manifesta aos homens; a misericórdia, no entanto, não pôs de parte a justiça. A lei revela os atributos do carácter de Deus, e nem um jota ou til da mesma se podia mudar, para ir ao encontro do homem no seu estado caído. Deus não mudou a Sua lei, mas sacrificou-Se a Si mesmo em Cristo, para a redenção do homem. ´Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo.” (2ª Cor. 5:19). Desejado de Todas as Nações, p. 568