11 de fevereiro de 2013

5. HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE


DEUS NOS DEU ESTES DEZ MANDAMENTOS como norma de vida. Os quatro primeiros dizem respeito ao nosso relacionamento com Ele. Os cinco últimos falam do nosso relacionamento com outras pessoas. O quinto tem sido chamado o adorno central da lei divina. "Honra o teu pai e a tua mãe" envolve tanto nosso relacionamento com o Senhor, como com nossos semelhantes.
Quando Deus criou os homens, criou também uma certa estrutura para reger a sua vida em comum. Primeiro, um homem e uma mulher se unem em matrimónio, e depois dessa união surgem filhos. Os pais se relacionam com os filhos através do amor, cuidados e disciplina, e, de certo modo, eles constituem o primeiro deus que a criança conhece. Do mesmo modo que ela aprende a amar e respeitar a seus pais, assim também irá amar e respeitar a Deus.
Os pais também representam a maior influência social na vida da criança. É no lar que ela adquire as primeiras noções de respeito à personalidade e aos direitos dos outros, e aprende a obedecer as leis que são formuladas para benefício da comunidade. Geralmente, é dentro de casa que a criança aprende a ter respeito pelas autoridades e pela democracia (quando aprende). Portanto, desse relacionamento entre pais e filhos no lar depende quase toda a estrutura da civilização.
É verdade que este relacionamento sofre muitas variações. Primeiro, quando bebé, o filho é carregado. Depois, aprende a caminhar seguro pela mão da mãe. Mais tarde, consegue andar sozinho. Até à idade de 10 anos, ele pensa que os pais sabem tudo. Com 16, já não está tão certo disso. Com 19, ele crê que já ultrapassou os pais em conhecimentos, e aos 22, sente-se completamente acima deles. Aos 30, entretanto, lembra-se de que os pais tinham razão acerca de muitas coisas, e, aos 40, a opinião dele é de que eram quase perfeitos. Geralmente, esta é a sequência normal do processo.
Quando examino este mandamento de Deus que ordena que honremos nossos pais, vejo três inferências:
(1) Os pais devem ser dignos de honra.
Uma senhora levou o filhinho ao parque zoológico. Naturalmente, o pequenino fazia muitas perguntas sobre cada animal que via. E quando passou por uma jaula onde se viam alguns animais pequenos, ele indagou. "Qual é o nome daqueles bichos?" A mãe respondeu que era gato-do-mato. Mas ele continuou: "Por que é que eles são gatos-do-mato?" Nós sabemos a resposta. "Porque os pais deles eram gatos-do-mato" Geralmente, os filhos revelam o que os pais são, pois a coisa mais natural que eles podem fazer para honrar os pais é viverem de acordo com os princípios deles.
Quando Quentin Roosevelt, filho do presidente Ted Roosevelt dos Estados Unidos, servia o seu país na Primeira Grande Guerra um observador lhe disse: "Vim aqui especialmente para lhe dizer que milhões de americanos estão satisfeitos pelo modo como os filhos do Presidente Roosevelt estão-se portando neste conflito." Ao que o outro respondeu: "Bem, nós temos que praticar o que papai ensinava. Eu sou filho de Roosevelt. Tenho a obrigação de viver como um Roosevelt."
O General Douglas MacArthur expressou uma opinião de que eu compartilho, quando disse: "Sou soldado por profissão e sinto-me orgulhoso disto, mas estou ainda mais orgulhoso de ser pai. Minha esperança é que, depois de minha morte, meu filho guarde de mim, não a imagem de um soldado em batalha, mas a de um pai, no lar, orando com ele: 'Pai nosso, que estás no céu'."
Esta é a primeira inferência deste mandamento.
(2) "Honra teu pai e tua mãe" diz não somente que os pais devem ser dignos de honra, mas também que: os filhos devem ser gratos, amando-os e respeitando-os. Parece-me que nos basta apenas um pouco de decoro para que nos sintamos inclinados a honrar os nossos pais.
Quando eu pastoreava uma pequena igreja no interior, saí certo dia para fazer visitas e vi uma mulher colhendo algodão. Dirigi-me para onde ela se achava e fui conversar com ela. Contou-me que o filho recebera uma oferta de um emprego numa fábrica de móveis, onde teria bom salário, mas ela lhe dissera: "Desde que o seu pai morreu, estou trabalhando neste campo para pagar os seus estudos. Agora que falta apenas um ano, eu posso muito bem continuar a trabalhar para você terminar o curso."
As mãos delas eram ásperas e calosas, seu rosto marcado pelo tempo, as costas encurvadas, mas se, ao olhar para ela, seu filho não a considerasse a mulher mais linda do mundo, ele seria totalmente indigno dela. Talvez nossos pais tenham cometido muitos erros, mas eles nos deram a vida, cuidaram de nós quando éramos criancinhas de colo, e nos amaram, e ninguém mais fará isto por nós.
(3) Entretanto, este mandamento não se refere apenas aos nossos próprios pais. Ele nos ensina também a reconhecermos nosso débito para com o passado e ser agradecidos aos que nos precederam. Todos os sábados, quando subo ao púlpito, sinto-me feliz e orgulhoso de estar ali. Quando olho para a congregação, porém, vejo pessoas que já se encontravam ali há mais tempo: 40, 50 e até 60 anos.
Esta igreja existe há mais de 100 anos, sustentada pelo trabalho e cooperação de pessoas dedicadas. Por trás disso há quase dois mil anos de história cristã, "apesar de masmorras, fogo e espada". E antes disso, houve os profetas da antiguidade, fiéis como Abraão. Tudo que eu tenho em matéria de oportunidade e possibilidades é contribuição de outros maiores que eu. Portanto, nada do que eu faça equivalerá ao que foi feito em meu benefício.
No dia em que o meu primeiro pastor morreu (ele foi para mim um pai, um conselheiro), passei algum tempo rememorando o passado. Recordei-me das coisas que ele me tinha contado, a luta para se educar, quando jovem, e do seu enorme esforço para dar aos filhos uma vida melhor que a sua. Lembrei-me das vezes em que adolescente de 14 anos de idade, garoto ainda, ia com ele no seu carro,  e de como eu sentia orgulho de ouvir um homem tão elegante como ele pregar a Palavra de Deus e como eu gostaria de um dia ser como ele. Depois, quando terminei os meus estudos e fui chamado ao ministério fui pregar a uma igreja onde ele estava, eu não queria pregar, ele era um mestre a pregar e eu um jovem pastor. Ele olhava para mim com um sorriso lindo e apoiante.  
Agora, a sua voz se calara aqui na terra na esperança da Nova Terra. Assim as primeiras dores da separação foram suplantadas pelo pensamento de que, daquele momento em diante, a par do meu próprio ministério, eu arcaria com o dele também. Às vezes, os amigos dizem-me que trabalho demais, mas é porque estou convicto de que tenho que fazer o serviço de dois.
Isto acontece a todos nós. Tudo o que temos e somos é recebido de outrem. Nós somos apenas veículos pelo qual a herança recebida dos antepassados é transmitida aos que nos sucedem. E não é somente isto – temos o dever de enriquecê-la também. Todos nós somos como investimentos. A única variação na responsabilidade de cada um é que alguns recebem cinco talentos, outros dois e outros um. Se deixarmos de multiplicar os talentos recebidos, sejam eles poucos ou muitos, seremos como o "servo mau e negligente".