DEUS NOS DEU ESTES DEZ MANDAMENTOS como norma de vida. Os quatro primeiros dizem respeito ao nosso relacionamento com Ele. Os cinco últimos falam do nosso relacionamento com outras pessoas. O quinto tem sido chamado o adorno central da lei divina. "Honra o teu pai e a tua mãe" envolve tanto nosso relacionamento com o Senhor, como com nossos semelhantes.
Quando Deus criou os homens, criou também uma certa estrutura para reger a sua vida em comum. Primeiro, um homem e uma mulher se unem em matrimónio, e depois dessa união surgem filhos. Os pais se relacionam com os filhos através do amor, cuidados e disciplina, e, de certo modo, eles constituem o primeiro deus que a criança conhece. Do mesmo modo que ela aprende a amar e respeitar a seus pais, assim também irá amar e respeitar a Deus.
Os pais também representam a maior influência social na vida da criança. É no lar que ela adquire as primeiras noções de respeito à personalidade e aos direitos dos outros, e aprende a obedecer as leis que são formuladas para benefício da comunidade. Geralmente, é dentro de casa que a criança aprende a ter respeito pelas autoridades e pela democracia (quando aprende). Portanto, desse relacionamento entre pais e filhos no lar depende quase toda a estrutura da civilização.
É verdade que este relacionamento sofre muitas variações. Primeiro, quando bebé, o filho é carregado. Depois, aprende a caminhar seguro pela mão da mãe. Mais tarde, consegue andar sozinho. Até à idade de 10 anos, ele pensa que os pais sabem tudo. Com 16, já não está tão certo disso. Com 19, ele crê que já ultrapassou os pais em conhecimentos, e aos 22, sente-se completamente acima deles. Aos 30, entretanto, lembra-se de que os pais tinham razão acerca de muitas coisas, e, aos 40, a opinião dele é de que eram quase perfeitos. Geralmente, esta é a sequência normal do processo.
Quando examino este mandamento de Deus que ordena que honremos nossos pais, vejo três inferências:
(1) Os pais devem ser dignos de honra.
Uma senhora levou o filhinho ao parque zoológico. Naturalmente, o pequenino fazia muitas perguntas sobre cada animal que via. E quando passou por uma jaula onde se viam alguns animais pequenos, ele indagou. "Qual é o nome daqueles bichos?" A mãe respondeu que era gato-do-mato. Mas ele continuou: "Por que é que eles são gatos-do-mato?" Nós sabemos a resposta. "Porque os pais deles eram gatos-do-mato" Geralmente, os filhos revelam o que os pais são, pois a coisa mais natural que eles podem fazer para honrar os pais é viverem de acordo com os princípios deles.
Quando Quentin Roosevelt, filho do presidente Ted Roosevelt dos Estados Unidos, servia o seu país na Primeira Grande Guerra um observador lhe disse: "Vim aqui especialmente para lhe dizer que milhões de americanos estão satisfeitos pelo modo como os filhos do Presidente Roosevelt estão-se portando neste conflito." Ao que o outro respondeu: "Bem, nós temos que praticar o que papai ensinava. Eu sou filho de Roosevelt. Tenho a obrigação de viver como um Roosevelt."
O General Douglas MacArthur expressou uma opinião de que eu compartilho, quando disse: "Sou soldado por profissão e sinto-me orgulhoso disto, mas estou ainda mais orgulhoso de ser pai. Minha esperança é que, depois de minha morte, meu filho guarde de mim, não a imagem de um soldado em batalha, mas a de um pai, no lar, orando com ele: 'Pai nosso, que estás no céu'."
Esta é a primeira inferência deste mandamento.
(2) "Honra teu pai e tua mãe" diz não somente que os pais devem ser dignos de honra, mas também que: os filhos devem ser gratos, amando-os e respeitando-os. Parece-me que nos basta apenas um pouco de decoro para que nos sintamos inclinados a honrar os nossos pais.
Quando eu pastoreava uma pequena igreja no interior, saí certo dia para fazer visitas e vi uma mulher colhendo algodão. Dirigi-me para onde ela se achava e fui conversar com ela. Contou-me que o filho recebera uma oferta de um emprego numa fábrica de móveis, onde teria bom salário, mas ela lhe dissera: "Desde que o seu pai morreu, estou trabalhando neste campo para pagar os seus estudos. Agora que falta apenas um ano, eu posso muito bem continuar a trabalhar para você terminar o curso."
As mãos delas eram ásperas e calosas, seu rosto marcado pelo tempo, as costas encurvadas, mas se, ao olhar para ela, seu filho não a considerasse a mulher mais linda do mundo, ele seria totalmente indigno dela. Talvez nossos pais tenham cometido muitos erros, mas eles nos deram a vida, cuidaram de nós quando éramos criancinhas de colo, e nos amaram, e ninguém mais fará isto por nós.
(3) Entretanto, este mandamento não se refere apenas aos nossos próprios pais. Ele nos ensina também a reconhecermos nosso débito para com o passado e ser agradecidos aos que nos precederam. Todos os sábados, quando subo ao púlpito, sinto-me feliz e orgulhoso de estar ali. Quando olho para a congregação, porém, vejo pessoas que já se encontravam ali há mais tempo: 40, 50 e até 60 anos.
Esta igreja existe há mais de 100 anos, sustentada pelo trabalho e cooperação de pessoas dedicadas. Por trás disso há quase dois mil anos de história cristã, "apesar de masmorras, fogo e espada". E antes disso, houve os profetas da antiguidade, fiéis como Abraão. Tudo que eu tenho em matéria de oportunidade e possibilidades é contribuição de outros maiores que eu. Portanto, nada do que eu faça equivalerá ao que foi feito em meu benefício.
No dia em que o meu primeiro pastor morreu (ele foi para mim um pai, um conselheiro), passei algum tempo rememorando o passado. Recordei-me das coisas que ele me tinha contado, a luta para se educar, quando jovem, e do seu enorme esforço para dar aos filhos uma vida melhor que a sua. Lembrei-me das vezes em que adolescente de 14 anos de idade, garoto ainda, ia com ele no seu carro, e de como eu sentia orgulho de ouvir um homem tão elegante como ele pregar a Palavra de Deus e como eu gostaria de um dia ser como ele. Depois, quando terminei os meus estudos e fui chamado ao ministério fui pregar a uma igreja onde ele estava, eu não queria pregar, ele era um mestre a pregar e eu um jovem pastor. Ele olhava para mim com um sorriso lindo e apoiante.
Agora, a sua voz se calara aqui na terra na esperança da Nova Terra. Assim as primeiras dores da separação foram suplantadas pelo pensamento de que, daquele momento em diante, a par do meu próprio ministério, eu arcaria com o dele também. Às vezes, os amigos dizem-me que trabalho demais, mas é porque estou convicto de que tenho que fazer o serviço de dois.
Isto acontece a todos nós. Tudo o que temos e somos é recebido de outrem. Nós somos apenas veículos pelo qual a herança recebida dos antepassados é transmitida aos que nos sucedem. E não é somente isto – temos o dever de enriquecê-la também. Todos nós somos como investimentos. A única variação na responsabilidade de cada um é que alguns recebem cinco talentos, outros dois e outros um. Se deixarmos de multiplicar os talentos recebidos, sejam eles poucos ou muitos, seremos como o "servo mau e negligente".