O primeiro mandamento é muito surpreendente. Nós poderíamos pensar que ele devesse rezar assim: "Crerás em um Deus." Seria uma prescrição abolindo o ateísmo.
Mas não existe tal lei. Deus definiu a questão na criação do homem. Ninguém ensina um bebé a ter fome e sede; é a natureza quem faz isto. Entretanto, ensinamos os nossos filhos quais são os elementos adequados para saciarem a fome e a sede.
A crença e a adoração são instintivas no ser humano. Não há uma só passagem bíblica que tenha sido escrita com a finalidade de provar a existência de Deus. O homem foi criado incompleto em si mesmo, e não se sente perfeitamente bem, enquanto não satisfaz esta fome profunda – o anseio da sua alma. O perigo aqui está no fato de que ele pode perverter este instinto de adoração, e criar para si um deus falso.
Santo Agostinho disse: "Minha alma está desassossegada, e sempre estará, enquanto não encontrar descanso em ti, ó Deus." Nenhum ídolo realmente preenche este vazio da alma, mas nós podemos passar a vida toda buscando satisfação num falso objeto de adoração. E são muitos os que agem assim. A primeira lei de Deus para a nossa vida é: "Não terás outros deuses diante de mim."
Em Vicksburg, no estado do Mississipi, um engenheiro mostrou um braço do rio que estava quase seco. Explicou que antes o rio passava por ali, mas o seu curso fora desviado para um outro canal previamente construído. A corrente não podia ser detida, mas pôde ser desviada. Dá-se o mesmo com a nossa adoração a Deus. Sem um objeto de adoração o homem é incompleto, pois o profundo anelo da sua alma precisa ser satisfeito.
Contudo, ele pode afastar-se do verdadeiro Deus, e criar para si uma falsa deidade. Tem havido povos que adoram o sol, uma estrela, ou até uma montanha. Em alguns países, adora-se uma vaca, um rio ou outros seres inanimados. Geralmente, consideramos estes povos como sendo muito primitivos. No entanto, eles não são muito mais primitivos do que milhares de pessoas que vivem nesta terra civilizada que chamamos de América ou Europa. Deus disse: "Não terás outros deuses diante de mim", e nós temos sido achados culpados de transgredir esta lei da vida.
São cinco os principais ídolos que a maioria das pessoas coloca antes de Deus: riqueza, prazer, poder, fama e conhecimentos. Embora seja verdade que nem todos nós estejamos dominados pela ideia fixa de enriquecer, o fato é que nunca estamos satisfeitos com o que possuímos. Talvez esta situação não seja de todo nociva, a não ser que esta insatisfação suplante o nosso impulso para Deus e desvie o curso da nossa busca dEle. É possível nós ficarmos tão enlevados com as nossas posses que esqueçamos as necessidades da nossa alma.
Proporcionalmente, são bem poucos os homens que buscam a fama conscientemente, contudo, é muito comum ouvirmos as criancinhas já dizerem: "Olha como eu pulo alto!" Ou então, "Olha para mim, papai!" Este desejo de ser notado é inato em nós. Em si, ele não é pernicioso Deus nos criou com identidade própria. Nós gostamos de ser conhecidos.
Na minha função de ministro do Evangelho tenho encontrado muitas pessoas que viram a sua vida destruída, e malbarataram a própria felicidade meramente por não terem recebido toda a atenção que desejavam. Muitos se sentem insultados ao menor descaso que possam sofrer. Neste país, gasta-se mais dinheiro em cosméticos, por exemplo, do que na propagação do reino de Deus. Não é errado querer o melhor para nós; o erro está no nosso supremo objetivo – o nosso ídolo – está em nos colocarmos em primeiro lugar.
Todos queremos ser felizes, mas erramos ao pensar que o prazer é o caminho mais certo para a felicidade. Os prazeres só nos ajudam a esquecer as rotinas da vida, mas não satisfazem a alma. O prazer é como uma droga: precisamos sempre ir aumentando a dose, gradativamente, para obter mais emoções, mais comoções, mais sensação, até que por fim nos encontramos perambulando por entre os túmulos das nossas paixões mortas.
Uma das maiores tentações com que nos defrontamos é a de colocar os prazeres antes de Deus.
O poder em si não é um mal, nem os conhecimentos. Nos EUA o trabalho que a energia elétrica realiza para cada pessoa equivale ao de 150 escravos. Além disso, ela é uma grande bênção para todos. Se adorarmos o poder, nos transformaremos todos em pequenos Hitlers. O conhecimento em si também não é maléfico, mas a adoração do conhecimento destrói a obediência, assim como adorar o poder destrói o caráter.
Adorar a Deus leva-nos a nos assemelharmos a Ele e a nos ajustarmos à Sua vontade. Portanto, se não colocarmos os ídolos adiante de Deus passamos a ter um viver reto.