O ÚLTIMO MANDAMENTO DE DEUS para nós é: "Não cobiçarás." Isto não significa que todo e qualquer desejo que tivermos seja necessariamente pecaminoso. Se não tivéssemos alguns desejos, não teríamos aspirações, nem trabalharíamos, nem progrediríamos na vida.
Cobiçar significa que pensamos em nós mesmos e nas coisas que podemos obter. Deus prefere que nos esqueçamos de nós mesmos e pensemos no que podemos dar. Jesus expressou este mandamento de forma positiva. O apóstolo Paulo cita o que ele disse em Atos 20:35: "Mais bem-aventurado é dar que receber."
A palavra cobiça deriva do latim cupiditia, que significa grande desejo, avidez. O ambicioso está sempre insatisfeito, não importa quanto ele consiga obter.
Por fim, a cobiça o mata e deixa-o destituído de tudo, após tê-lo governado inexoravelmente durante toda a vida.
Tolstói conta uma história que ilustra muito bem a força da cobiça:
Certo camponês recebeu um oferecimento de terras: ele receberia toda a área de terra que conseguisse percorrer em um dia. Então ele se pôs a caminhar apressadamente, para cobrir a maior superfície de terreno possível. Entretanto, o esforço que despendeu foi tão grande que, quando regressou ao lugar de onde partira, caiu morto. Assim, acabou sem nada.
Deus nos deu estas dez leis para o nosso bem. Ele espera de nós o melhor e quer que tiremos o máximo da vida. Este último mandamento nos leva ao ponto culminante da nossa existência, que é a realização pessoal. Isto é o que todos nós queremos. A satisfação pessoal traz paz e alegria à nossa mente, coisas estas que são o prêmio que Deus nos dá por um viver reto. Esta tinha que ser a última das dez leis. Sem se observar as outras nove, é impossível observar esta. Como é que se consegue extirpar do coração os maus desejos? Enchendo-o de desejos retos.
O melhor resumo que existe dos Dez Mandamentos é o que foi feito por Cristo: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento... Amarás o teu próximo como a ti mesmo." (Mat. 22:37, 39.) Demos a Deus e aos outros o primeiro lugar de nossa vida e coloquemos em nossa mente algo que é maior do que nós. Ao fazermos isto, perdemos de vista a nós mesmos; o egoísmo é desbaratado. Em vez de nos sentirmos infelizes por causa de coisas que nos faltam, passamos a experimentar o gozo de oferecer o que temos para dar.
Existe uma ilustração acerca de quatro homens que escalaram uma montanha. O primeiro reclamava que seus pés doíam. O segundo era muito ambicioso e ficou desejando as casas e fazendas por que passavam. O terceiro olhou para as nuvens e ficou temeroso de que chovesse. O quarto, porém, ficou apenas contemplando o panorama. Ao desviar os olhos de si mesmo e do vale embaixo, ele nem se deu conta dos pequenos problemas que tanto incomodavam os outros.
Quando nosso campo de visão é todo tomado por Deus e pelas oportunidades de que dispomos de prestar serviços ao nosso próximo, nós experimentamos, não um egoísmo sovina, mas o fruto do Espírito. Ao nos desfazermos de nossos desejos egoísticos, obtemos amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Estes são os frutos do Espírito, os resultados de um viver mais justo (Gál. 5:22, 23).
Quando estudamos os Dez Mandamentos, somos quase que subjugados por um forte sentimento de vergonha e de culpa. Nós não estamos vivendo de acordo com a lei de Deus; falhamos em muitos pontos.
Não sei como será o dia do julgamento final. Temos uma idéia de Deus assentado no trono como um juiz, tendo diante de si um grande livro, no qual se acham registradas todas as transgressões da humanidade. Talvez não seja bem assim. Entretanto, de uma coisa temos certeza: o julgamento será realizado. O que você irá declarar?
Adorou ídolos em vez de adorar a Deus? Culpado! Não viveu de acordo com seus mais altos princípios; profanou o nome de Deus; deixou de honrar o seu dia? Culpado! Foi infiel à herança do passado? Não deu à vida o devido valor; foi desonesto e impuro? Culpado! Caluniou ou criticou alguém? Teve desejos maus? Culpado!
Sempre que pensamos no futuro, ficamos dolorosamente cônscios de nossas imperfeições e nossa incapacidade de vivermos como deveríamos. Somos tentados a ceder ao desespero e ao desânimo. Então, lembramo-nos de outra coisa – a mais maravilhosa que pode ocupar a mente humana.
Quero contar uma história que nos foi relembrada por Morris Wee.
Quando jovem, o Dr. A. J. Cronin, conhecido médico e escritor, estava à frente de um pequeno hospital. Certa noite ele realizou uma cirurgia muito delicada e de emergência em um garoto. Ele se sentiu bastante aliviado quando por fim o menino voltou a respirar livremente. Deu instruções à enfermeira de plantão e foi para casa, muito satisfeito pelo sucesso da operação. Tarde da noite, veio-lhe um chamado urgente. Houvera uma complicação e a criança estava em péssimas condições. Quando o médico chegou à beira da cama do pequeno paciente, ele já estava morto.
A jovem enfermeira ficara apavorada e negligenciara seu dever. O Dr. Cronin chegou à conclusão de que não poderia confiar nela novamente, e escreveu à junta de saúde pública uma carta que significaria o fim de sua carreira de enfermeira.
Antes de enviá-la, porém, chamou a moça e leu-lhe o que escrevera. Envergonhada e sentindo-se arrasada, ela escutou-o sem dizer palavra. Por fim o médico perguntou: "Você não tem nada a dizer?" Ela abanou a cabeça. Não tinha desculpas para apresentar. Depois de uns instantes, porém, ela abriu a boca, e o que disse foi: "Dê-me outra oportunidade."
Deus nos deu estes dez mandamentos para que por eles regulemos nossa vida. Estou certo de que, muitas e muitas vezes, seu coração Se entristece ao ver-nos transgredi-los. Ficamos diante dele, envergonhados, sentindo-nos miseráveis, condenados, sem escusas para nossas faltas. Em sua infinita misericórdia – e não porque mereçamos – Deus nos concede mais uma oportunidade.
"Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."
Se você nunca desobedeceu nem um só dos mandamentos de Deus, eu creio que você não precisa de um Salvador. Mas será que existe algum de nós que seja totalmente inculpável? Nós podemos apenas cantar: "Tal qual estou, eis-me, Senhor, pois o teu sangue remidor verteste pelo pecador".
E então, quando olharmos para o futuro, poderemos dizer como o apóstolo Paulo: "Tudo posso naquele que me fortalece." (Fil. 4:13.) Pela fé em Cristo e obediência à sua vontade, nossos pecados são perdoados e nós recebemos forças para vencer.