“As palavras evoluem e, por vezes, mudam de sentido. O termo Tora, utilizado geralmente para designar a Lei, parece derivar de uma velha raiz (yarah) do vocabulário dos pastores, que significa “lançar” (provavelmente pedras para guiar o rebanho), ainda que alguns o associem à raiz or, que significa “luz” (Salmo 119:105). Os textos sagrados utilizam o termo Tora no sentido de ensino, instrução, doutrina e, por extensão, de revelação divina (Deut. 31:9-13). Tora designa menos a ordem e mais a orientação. O preceito da Lei é o caminho no qual somos convidados a avançar numa direcção determinada.” Dr. Roberto Badenas
Na verdade, o papel de Moisés limita-se a transmitir a vontade de Deus ao povo escolhido. Ele explica, instrui e convida a andar segundo os preceitos recebidos. Ele explica, instrui e convida a andar segundo os preceitos recebidos, dando, assim, à Tora o seu carácter particular, ao mesmo tempo divino e humano.
1. Quantos legisladores há?Rª: “Há só um legislador e um juiz (Deus) que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” Tiago 4:12
Nota explicativa: “só um legislador”, a evidência do texto estabelece ao referir “juiz”, que em assuntos espirituais – um só deu a Lei – um só pode ser juiz. Só Deus é verdadeiramente competente para discernir – sem ausência de erro – o carácter dos homens; por isso, só Ele pode decidir o destino eterno de uma pessoa (ver 1ª Cor. 4:5).
2. Que é dito da estabilidade do carácter de Deus?
Rª: “Porque Eu, o Senhor, não mudo.” Mal. 3:6.
3. Que duração têm os Seus mandamentos?
Rª: “As obras das suas mãos são verdade e juízo; fiéis, todos os seus mandamentos.
Permanecem firmes para todo o sempre; são feitos em verdade e rectidão.” Sal. 111:7,8.
4. Veio Cristo abolir ou destruir a lei?
“Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.” Mat. 5:17.
Nota explicativa: A lei; em sentido geral, os escritos de Moisés; especialmente os Dez Mandamentos, ou lei moral, de que os escritos de Moisés derivaram o seu nome. Os profetas; isto é, os escritos dos profetas. Nenhum deste veio Cristo destruir, antes, pelo contrário, cumprir, ou provar-lhes o propósito.
“As leis dos judeus são em geral divididas em morais, cerimoniais e judiciais. As leis morais são as que vêm da natureza das coisas, e não podem, por conseguinte, ser mudadas – tais como o dever de amar a Deus e as Suas criaturas. Estas não podem ser abolidas, como nunca pode ser correto odiar a Deus ou aos semelhantes. Desta espécie são os Dez mandamentos; e estes o nosso Salvador nunca aboliu nem substituiu. As leis cerimoniais são as determinadas para atender a certos estados da sociedade, ou regulamentar ritos religiosos e cerimónias do povo. Estas poderão ser mudadas quando mudarem as circunstâncias, e não obstante, a lei moral permanece inalterável.” Dr. Alberto Barnes, sobre S. Mateus 5:18.
“Jesus não veio para mudar a lei, mas sim para explicá-la, e justamente essa circunstancia mostra que ela permanece; visto não haver necessidade de explicar o que é abolido… Mas com essa explicação da lei Ele a confirmou; nem teria pensado em aboli-la, pois nesse caso não haveria necessidade de explicá-la… É evidente que o Mestre não veio alterar a lei, porque depois de havê-la unido à Sua própria vida, Ele voluntariamente SE entregou para sofrer a sua penalidade, se bem que nunca a houvesse quebrado, sofrendo a penalidade por nós, como está escrito: ´Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-Se maldição por nós´… SE a lei exigisse de n+os mais do que deveria haver feito, teria o Senhor Jesus pago a penalidade resultante de suas exigências demasiado severas? Estou certo de que não o faria. Mas por exigir a lei somente o que devia exigir, isto é, obediência perfeita, e exigia do transgressor apenas aquilo que devia exigir, ou seja, a morte como penalidade pelo pecado – a morte sob a ira divina – o Salvador foi pregado no madeiro, levando sobre Si os nossos pecados, e expiando-os uma vez por todas.” The Perpetuity of the Law of God, por C. M. Spurgeon, ps. 4-7.
“A lei moral contida nos Dez Mandamentos e corroborada pelos profetas, Ele não aboliu. Não foi o propósito da vinda de Jesus revogar qualquer das partes… Cada parte dessa Lei precisa ficar em vigor para toda a humanidade e em todos os tempos, sem depender de tempo nem de lugar, ou de qualquer outra circunstancia sujeita a mudança, mas da natureza de Deus e da natureza do homem, e da imutável relação mútua.” João Wesley, Sermons, vol. I, nº 24, ps. 221,222.
5. Quando usado com referência à profecia, que significa o termo cumprir?
Rª: Levar a efeito, acontecer, realizar, como ocorre no texto: “Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías.” Mat. 4:4.
6. Que significa o mesmo termo ao ser usado com referência à lei?
Rª: Observar, guardar, executar, agir de acordo com, como se verifica no texto: “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.” Gál. 6:2 (cf. Mat. 3:15; Tiago 2:8,9).
7. O que é que quebra a lei?
Rª: “Todo aquele, que comete pecado, quebra também a lei; e pecado é o quebrantamento da lei.” 1ª João 4:4.
Nota explicativa: Este texto diz que o pecado foi ou era a transgressão da lei, mas que o é, demonstrando assim que a lei ainda está em vigor na dispensação evangélica. “Todo aquele,” semelhantemente, mostra a universalidade dos seus reclamos obrigatórios. Quem quer que, de qualquer nação, raça ou povo, cometa pecado, transgride a lei.
8. Em que condições se acham todos os homens?
Rª: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” Rom. 3:25.
9. Anulamos a lei pela fé?
Rª: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei.” Rom. 3:31.
10. O que, sobretudo prova a perpetuidade e imutabilidade da lei de Deus?
Rª: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigénito, para que todo aquele que n´Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16. “Cristo morreu por nossos pecados.” 1ª Cor. 15:3.
Nota explicativa: Caso a lei pudesse ter sido abolida, e o pecado tratado dessa maneira, Cristo não precisaria ter vindo e morrido por nossos pecados. A dádiva de Cristo, portanto, mais do que qualquer outra coisa, prova a imutabilidade da lei de Deus. Foi preciso que Cristo viesse e morresse, satisfazendo os reclamos da lei, porque de contrário o mundo pereceria. A lei não podia proporcionar o meio. Diz Spurgeon no seu sermão sobre “A Perpetuidade da Lei de Deus”: “Nosso Senhor Jesus Cristo deu maior reivindicação à lei, morrendo por haver ela sido quebrada, do que podem dar todos os perdidos por suas misérias.” A circunstância de a lei dever ser a norma do juízo, é outra prova da Sua natureza permanente. (ver Ecl. 12:13,14; Tiago 2:8-12).
11. Que relação mantém com a lei a pessoa justificada?
Rª “Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus; mas os que praticam a lei hão-de ser justificados.” Romanos 2:13.
12. Como são apresentados os que hão-de estar preparados para a vinda de Cristo?
Rª: “Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deu e a fé de Jesus.” Apocalipse 14:12.
Conclusão: Muitos querendo esquivar-se à lei de Deus argumentam com Romanos 6:14 “…Não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.”
Para o seu equilíbrio espiritual, o homem necessita simultaneamente da Lei e da graça, isto é, de normas que o orientem e da possibilidade de retomar o rumo quando se extravia. Mediante a fé, não “obtemos” a salvação, mas manifestamos, pelo contrário, que aceitamos a salvação que nos é oferecida sem a merecermos. Deus vem ao nosso encontro sem exigir que sejamos antes “sábios”. Primeiro acolhe-nos, depois ensina-nos como viver. Esta verdade essencial é chamada em teologia “justificação pela fé”.