A formação da Sagrada Escritura foi lenta e muito complicada. A maior parte dos seus livros são obra de muitas mãos e a composição de alguns deles durou séculos. Assim, o Pentateuco, marcado pelo cunho de Moisés, só conheceu a forma definitiva muitos séculos depois da sua morte (séc. V a.C.); a literatura profética, iniciada com Amós e Oseias (séc. VIII a.C.), terminou com Joel e Zacarias (séc. IV a.C.); os livros históricos, embora contendo tradições do séc. XIII a.C., foram escritos aproximadamente entre os séc. V e I a.C.; e a literatura sapiencial, iniciada com Salomão (séc. X a.C.), só a partir do séc. V a.C. recebeu a sua forma definitiva e alguns livros são do limiar do Novo Testamento.
Portanto, a ordem dos livros que a Bíblia apresenta não é histórica, mas lógica; e a atribuição do Pentateuco a Moisés, dos Salmos a David, dos livros sapienciais a Salomão e dos 66 capítulos do Livro de Isaías a este profeta não corresponde à realidade, mas é uma simplificação da História. Se quisermos captar o verdadeiro sentido dos textos, não podemos contentar-nos com esta simplificação, pois cada um deles tem o seu contexto vivo, do qual não pode ser separado. Por isso, antes de passarmos a outros problemas, vamos tentar resumir a história da formação dos livros sagrados.