27 de março de 2014

O que faz mal, o que entra ou o que sai da boca do homem?

Cuidado! Não faça experiência para comprovar.
 “Mas o que sai da boca procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfémias. São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem.” (Mateus 15:18-20)

Observou? – Lavar as mãos!
Deus fez o nosso corpo perfeito para nele morar:
Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (1 Coríntios 3:16)

Disse-me alguém enfaticamente:
“Eu como caranguejo, lagosta, camarão, peixe de couro, enfim, tudo que Moisés proibiu, porque quem autorizou a comer, não foi o homem, mas o próprio Jesus.”

Depois, aquele amigo querido, citou Mateus 15:11, que diz:

“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca isso é o que contamina o homem.” (Mateus 15:11)

Este apetite descontrolado está fundamentado em um verso isolado que desfigura o contexto, fato que me proponho dissecar agora, por amor a você.

Em primeiro lugar, aquele irmão equivocou-se ao dizer que quem proibiu comer carnes imundas foi Moisés. Não! Deus é quem proibiu. Leia  Levíticos 11.

Em segundo lugar, Jesus é Deus, e como tal, foi Quem proibiu as carnes imundas. Se as abonasse agora, estaria Se contradizendo. As Escrituras revelam o caráter de Deus. Ouça:
“Deus não muda” (Malaquias 3: 6)

“Não há sombra nem variação” (Tiago 1:17)

“Não fará coisa alguma, sem antes ter revelado o Seu segredo aos Seus servos, os profetas” (Amós 3:7)

“Não alterarei o que saiu dos Meus lábios” (Salmo 89:34)

“A palavra de nosso Deus subsiste eternamente” (Isaías 40:8)

Logicamente, Jesus não poderá Se desdizer, ainda que o homem assim o deseje.
“Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos”  (Tito 1:2)

Portanto, para entender o que Jesus quer ensinar neste verso, é preciso ler todo o capítulo 15 de Mateus, senão, você vai capitular e, como os discípulos, ficar boquiaberto. Veja:

“E Pedro, tomando a palavra, disse-Lhe: explica-nos esta parábola. Jesus, porém, disse-lhe: Até vós mesmos estais sem entender?” (Mateus 15:15-16)

Os discípulos ficaram atónitos diante daquilo que eles julgavam uma parábola. Sim, era a única conclusão. Só podia ser uma parábola. Tal conjectura é cabível, pois que a lei dietética de Levítico 11 era sagrada demais para todos os judeus, tanto para os discípulos, como judeus comuns, fariseus, irreligiosos, etc. O estonteamento dos discípulos, por conseguinte é natural, dada a posição em relação às coisas imundas condenadas e proibidas por Deus.

A diferença, porém, é que para a solução do problema e consequente esclarecimento, os discípulos foram humildemente suplicar a Jesus e Ele os atendeu, clareando as nuvens negras que envolveram as palavras divinas: “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca…”

Hoje, lamentavelmente, percebi em centenas de pessoas com quem estudei a Bíblia que, havendo algo obscuro ou encoberto à primeira vista, ao invés de se ir a Jesus e com humildade estudar Sua Palavra, comparando o texto, para se chegar à Verdade que o versículo quer ensinar, simplesmente concordavam com aquilo que, para elas, era mais conveniente.

Evidentemente, é muito mais fácil transgredir que sacrificar. Ler que estudar. Consentir que renunciar. Transigir que obedecer. Isso é próprio da natureza humana. Mas… não é o correto!

Com os discípulos foi diferente. Tomados que foram de estupefação tal, pois para eles, apenas ver ou sentir algo imundo lhes causava ojeriza (até de sua sombra corriam), quanto mais a ideia de comer carnes imundas, proibidas por Deus. Era inconcebível! Por isso rogaram a Jesus explicar-lhes tal versículo. E isso fez o Mestre, com todo amor.

– Solicitemos agora ao Senhor, que esclareça o assunto para nós.

O título “A Tradição dos Anciãos” do capítulo quinze de Mateus, não é inspirado (foi acrescido pelo tradutor) como se sabe; porém, é de significado ímpar. Ouça a arguição dos fariseus a Jesus:

“Por que transgridem os Teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão.” (Mateus 15:2)

Observe que o enredo começa com uma tradição. Entre as muitas, infindáveis e enfadonhas tradições dos judeus, tinha preeminência aquela de, antes de qualquer refeição, lavar as mãos muitas vezes (Marcos 7:3), como se fora uma cerimónia solene. Aliás, era de fato uma ablução imposta, um cerimonial preceituado. Lavava-se tanto as mãos, não para torná-las limpas, como é normal, antes de qualquer refeição! Simplesmente era um hábito para satisfazer uma tola tradição que mais parecia um capricho dos anciãos, doutores da Lei. E ai de quem não procedesse assim! Ouça isso, e veja se não dá para sorrir:

“Não se tratava simplesmente de lavar-se com sabão e água e limpar-se. Não, não. Havia os movimentos certinhos que deviam ser feitos, tudo direitinho. A quantidade mínima de água que poderia ser usada devia caber pelo menos numa metade da casca de ovo. Então era preciso derramar um pouco d’água nos dedos e palmas da mão, primeiro uma, depois outra, erguendo a mão o bastante para que a água escorresse pelos punhos, mas não além deste ponto. Além disto a pessoa tinha de cuidar que a água não escorresse pelas costas da mão. E depois a pessoa deveria esfregar uma mão na outra, indo e vindo, para lá e para cá. Se não houvesse água nenhuma, poderia ser feita uma espécie de lavagem a seco, simplesmente fazendo os
movimentos como se com água. Mas de modo algum a pessoa poderia sentar-se à mesa para comer sem ter praticado esta cerimónia.” (Inspiração Juvenil, 1979, pág. 349, Jan. S. Doward)

Pois bem, Jesus e os discípulos, embora primassem pela higiene, não aceitavam nem concordavam com esse ritual, essa tradição vazia e sem nexo. Por falar em tradição, há uma que predomina em certa parte do cristianismo (eu a percebi quando fui um fiel batista). Parece que o diploma de um cristão sábio nas Escrituras é-lhe conferido pelo fato de pertencer a uma igreja – 30, 40, 50 anos – ou ter lido a Bíblia outras tantas vezes. Ocorre que, ler é uma coisa, estudar é outra bem diferente, e, frequentar igreja décadas inteiras não quer dizer que tão somente por isso, a palavra desta pessoa seja doutrina e lei.

Lembra-se? Jesus com apenas doze anos de idade deixou aturdidos homens envelhecidos, com ensinamentos que jamais penetraram em seus ouvidos, fazendo seus corações ferverem maravilhados. (Leia também Jó 32:6-9).

Então, estudando todo o capítulo 15 de Mateus, depreendemos que aqueles anciãos transgrediam os mandamentos de Deus, mas suas pessoais tradições eram intocáveis, e colocavam-nas em lugar de destaque (Mateus 15:3). Será que hoje ocorre ao contrário? Veja: A voz corrente do moderno cristianismo é adaptar-se ao mundo, fazendo o que a maioria faz, do que ouvir e fazer o que diz a santa Bíblia.

Já li de um escritor, pastor da maior Igreja Evangélica do mundo, dizer que guarda o domingo, porque todo o mundo o guarda. Sei que você não concorda com isso, certo? Bem, ouça o que Jesus respondeu àqueles “condutores cegos”:

“Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim.” (Mateus 15:7-8)

Por conseguinte, o problema suscitado naquela oportunidade não é o da comida em si, mas a maneira de se comer, isso é muito claro. O verso 2 informa cristalinamente que a dificuldade residia em lavar ou NÃO lavar as mãos. Com relação à comida, os próprios fariseus disseram: “comer pão”.

Lavar as mãos sete vezes era a tradição. Coisa que Jesus e os discípulos não abonavam, tanto que comiam sem praticar aquela ablução. Quanto à comida, era caso encerrado: os judeus possuíam verdadeira idiossincrasia (repulsa em grau máximo) às carnes imundas, proibidas por Jeová. E como Jesus Cristo é o mesmo Jeová, autor da prudente, boa e sábia lei dietética, nada mais fiel aceitar que, sobre aquela mesa cercada de gente para comer, não havia comidas proibidas por Ele.

Isso é tão verdadeiro quanto comprobatório, pois tempos mais tarde após este incidente, Pedro declarou, alto e bom som, muito dramaticamente, quando foi por Deus ordenado a comer alimentos que estavam no lençol de sua visão em Atos 10:14: “Nunca Senhor, comi coisa comum, ou imunda.”

Ora, não estaria Pedro mentindo para Deus agora, se naquele acontecimento com Jesus ou mesmo posteriormente, tivesse comido carnes imundas?

Portanto, está claro que, naquela oportunidade, quando Jesus mencionou o verso que estamos estudando, não havia sobre aquela mesa nenhuma carne proibida por Deus, e muito menos houve autorização para o seu consumo, pois desde este incidente de Mateus 15 até Atos 10, passaram-se algumas décadas e Pedro disse categoricamente, diante do lençol cheio de animais que descia do Céu: “Nunca, Senhor, comi coisa… imunda.”

Bem, é possível que alguém ainda questione esta Verdade, agarrando-se cegamente na declaração de Jesus:

“Tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora.” (Mateus 15:17)

Meu amado, Jesus sempre Se serviu de parábolas e expressões metafóricas, para ilustrar verdades eternas. Por isso que, relativo a esse verso, não podemos fazer uma aplicação literal, porque o Senhor Jesus nunca teve tal intenção. Sabe por quê? Porque nem tudo o que entra pela boca vai para o ventre e é lançado fora. Por exemplo: arsênico, formicida, soda cáustica, etc. E… você acha que Jesus não sabe disso? Não foi Ele que fez nosso estômago? (Em sã consciência e usando o bom senso, também ninguém comeria alguma coisa envenenada para pôr à prova este texto. Isto seria tentar ao Senhor, o que é proibido por Ele mesmo).

– Dirá alguém: Jesus errou? Não amados! Mil vezes não! Jesus jamais erra.

Claro como a luz solar, para os filhos da luz, foi o fato de que Jesus queria ensinar, com esta ilustração, não a autorização para consumir carnes que Ele próprio proibiu a milénios, mas a verdade de que:

“O que sai da boca, procede do coração. E isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfémias.” (Mateus 15:18-19)

Jesus usa o vocábulo “coração” para representar a faculdade que planeja e decide. Na verdade a mente é a sede dos pensamentos e decisões. É aí onde atua o Espírito Santo, e todos os atos e gestos são dirigidos por este comando motor (sensório). Desta maneira, estas “coisas” procedem, não do coração em si, mas, da mente.

O Mestre conhecia aqueles corações farisaicos de sobejo. E era esta relação de impurezas que povoava suas mentes. Acrescente-se a isso a repulsa que mantinham em não aceitar o humilde Nazareno e Seus ensinamentos.

Mas, você, meu amado irmão, agora já conhece toda a história deste texto bíblico, e pode compreender com clareza que Jesus não está abonando o consumo de carnes proibidas por Ele mesmo, mas sim que é o “coração” (mente) o centro de tudo, no que tange aos sentimentos e, por isso diz a Bíblia:

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida.” (Provérbios 4:23)

Por conseguinte, irmão, tenha sempre uma mente pura e demonstre seu amor ao querido Jesus não comendo o que Ele proibiu. Certo?

PS – O homem mencionado, que motivou-me este capítulo, libertou-se das carnes imundas e morreu fiel Adventista do Sétimo Dia.


“Aqui reafirmo minha confiança em Deus e na infalibilidade de Sua santa Palavra: Creio honestamente que os filhos de Deus, sinceros e leais, não devem ser doentes.” Professor Durval Stockler de Lima – Autor do extraordinário livro “NUTRIÇÃO ORIENTADA”, editado pela CASA PUBLICADORA BRASILEIRA. Para quem deseja ser vegetariano, este livro é uma “cartilha” apropriada.