Cuidado! Não faça experiência para comprovar.
Observou? – Lavar as mãos!
Deus fez o nosso
corpo perfeito para nele morar:
Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de
Deus habita em vós? (1 Coríntios 3:16)
Disse-me alguém
enfaticamente:
“Eu como caranguejo, lagosta, camarão, peixe de couro,
enfim, tudo que Moisés proibiu, porque quem autorizou a comer, não foi o homem,
mas o próprio Jesus.”
Depois, aquele amigo querido, citou Mateus 15:11, que
diz:
“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca isso é o que contamina o homem.” (Mateus 15:11)
Este apetite descontrolado está fundamentado em um verso
isolado que desfigura o contexto, fato que me proponho dissecar agora, por amor
a você.
Em primeiro lugar, aquele irmão equivocou-se ao dizer que
quem proibiu comer carnes imundas foi Moisés. Não! Deus é quem proibiu.
Leia Levíticos 11.
Em segundo lugar, Jesus é Deus, e como tal, foi Quem proibiu
as carnes imundas. Se as abonasse agora, estaria Se contradizendo. As
Escrituras revelam o caráter de Deus. Ouça:
“Deus não muda” (Malaquias 3: 6)
“Não há sombra nem variação” (Tiago 1:17)
“Não fará coisa alguma, sem antes ter revelado o Seu segredo
aos Seus servos, os profetas” (Amós 3:7)
“Não alterarei o que saiu dos Meus lábios” (Salmo 89:34)
“A palavra de nosso Deus subsiste eternamente” (Isaías 40:8)
Logicamente, Jesus não poderá Se desdizer, ainda que o homem
assim o deseje.
“Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode
mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos” (Tito 1:2)
Portanto, para entender o que Jesus quer ensinar neste
verso, é preciso ler todo o capítulo 15 de Mateus, senão, você vai capitular e,
como os discípulos, ficar boquiaberto. Veja:
“E Pedro, tomando a palavra, disse-Lhe: explica-nos esta
parábola. Jesus, porém, disse-lhe: Até vós mesmos estais sem entender?” (Mateus
15:15-16)
Os discípulos ficaram atónitos diante daquilo que eles
julgavam uma parábola. Sim, era a única conclusão. Só podia ser uma parábola.
Tal conjectura é cabível, pois que a lei dietética de Levítico 11 era sagrada
demais para todos os judeus, tanto para os discípulos, como judeus comuns,
fariseus, irreligiosos, etc. O estonteamento dos discípulos, por conseguinte é
natural, dada a posição em relação às coisas imundas condenadas e proibidas por
Deus.
A diferença, porém, é que para a solução do problema e
consequente esclarecimento, os discípulos foram humildemente suplicar a Jesus e
Ele os atendeu, clareando as nuvens negras que envolveram as palavras divinas:
“O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca…”
Hoje, lamentavelmente, percebi em centenas de pessoas com
quem estudei a Bíblia que, havendo algo obscuro ou encoberto à primeira vista,
ao invés de se ir a Jesus e com humildade estudar Sua Palavra, comparando o
texto, para se chegar à Verdade que o versículo quer ensinar, simplesmente
concordavam com aquilo que, para elas, era mais conveniente.
Evidentemente, é muito mais fácil transgredir que
sacrificar. Ler que estudar. Consentir que renunciar. Transigir que obedecer.
Isso é próprio da natureza humana. Mas… não é o correto!
Com os discípulos foi diferente. Tomados que foram de
estupefação tal, pois para eles, apenas ver ou sentir algo imundo lhes causava
ojeriza (até de sua sombra corriam), quanto mais a ideia de comer carnes
imundas, proibidas por Deus. Era inconcebível! Por isso rogaram a Jesus
explicar-lhes tal versículo. E isso fez o Mestre, com todo amor.
– Solicitemos agora ao Senhor, que esclareça o assunto para
nós.
O título “A Tradição dos Anciãos” do capítulo quinze de
Mateus, não é inspirado (foi acrescido pelo tradutor) como se sabe; porém, é de
significado ímpar. Ouça a arguição dos fariseus a Jesus:
“Por que transgridem os Teus discípulos a tradição dos
anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão.” (Mateus 15:2)
Observe que o enredo começa com uma tradição. Entre as
muitas, infindáveis e enfadonhas tradições dos judeus, tinha preeminência
aquela de, antes de qualquer refeição, lavar as mãos muitas vezes (Marcos 7:3),
como se fora uma cerimónia solene. Aliás, era de fato uma ablução imposta, um
cerimonial preceituado. Lavava-se tanto as mãos, não para torná-las limpas,
como é normal, antes de qualquer refeição! Simplesmente era um hábito para
satisfazer uma tola tradição que mais parecia um capricho dos anciãos, doutores
da Lei. E ai de quem não procedesse assim! Ouça isso, e veja se não dá para
sorrir:
“Não se tratava simplesmente de lavar-se com sabão e água e
limpar-se. Não, não. Havia os movimentos certinhos que deviam ser feitos, tudo
direitinho. A quantidade mínima de água que poderia ser usada devia caber pelo
menos numa metade da casca de ovo. Então era preciso derramar um pouco d’água
nos dedos e palmas da mão, primeiro uma, depois outra, erguendo a mão o
bastante para que a água escorresse pelos punhos, mas não além deste ponto.
Além disto a pessoa tinha de cuidar que a água não escorresse pelas costas da
mão. E depois a pessoa deveria esfregar uma mão na outra, indo e vindo, para lá
e para cá. Se não houvesse água nenhuma, poderia ser feita uma espécie de
lavagem a seco, simplesmente fazendo os
movimentos como se com água. Mas de
modo algum a pessoa poderia sentar-se à mesa para comer sem ter praticado esta cerimónia.”
(Inspiração Juvenil, 1979, pág. 349, Jan. S. Doward)
Pois bem, Jesus e os discípulos, embora primassem pela
higiene, não aceitavam nem concordavam com esse ritual, essa tradição vazia e
sem nexo. Por falar em tradição, há uma que predomina em certa parte do
cristianismo (eu a percebi quando fui um fiel batista). Parece que o diploma de
um cristão sábio nas Escrituras é-lhe conferido pelo fato de pertencer a uma
igreja – 30, 40, 50 anos – ou ter lido a Bíblia outras tantas vezes. Ocorre
que, ler é uma coisa, estudar é outra bem diferente, e, frequentar igreja
décadas inteiras não quer dizer que tão somente por isso, a palavra desta
pessoa seja doutrina e lei.
Lembra-se? Jesus com apenas doze anos de idade deixou
aturdidos homens envelhecidos, com ensinamentos que jamais penetraram em seus
ouvidos, fazendo seus corações ferverem maravilhados. (Leia também Jó 32:6-9).
Então, estudando todo o capítulo 15 de Mateus, depreendemos
que aqueles anciãos transgrediam os mandamentos de Deus, mas suas pessoais
tradições eram intocáveis, e colocavam-nas em lugar de destaque (Mateus 15:3).
Será que hoje ocorre ao contrário? Veja: A voz corrente do moderno cristianismo
é adaptar-se ao mundo, fazendo o que a maioria faz, do que ouvir e fazer o que
diz a santa Bíblia.
Já li de um escritor, pastor da maior Igreja Evangélica do
mundo, dizer que guarda o domingo, porque todo o mundo o guarda. Sei que você
não concorda com isso, certo? Bem, ouça o que Jesus respondeu àqueles
“condutores cegos”:
“Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito,
dizendo: Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de
Mim.” (Mateus 15:7-8)
Por conseguinte, o problema suscitado naquela oportunidade
não é o da comida em si, mas a maneira de se comer, isso é muito claro. O verso
2 informa cristalinamente que a dificuldade residia em lavar ou NÃO lavar as
mãos. Com relação à comida, os próprios fariseus disseram: “comer pão”.
Lavar as mãos sete vezes era a tradição. Coisa que Jesus e
os discípulos não abonavam, tanto que comiam sem praticar aquela ablução.
Quanto à comida, era caso encerrado: os judeus possuíam verdadeira idiossincrasia
(repulsa em grau máximo) às carnes imundas, proibidas por Jeová. E como Jesus
Cristo é o mesmo Jeová, autor da prudente, boa e sábia lei dietética, nada mais
fiel aceitar que, sobre aquela mesa cercada de gente para comer, não havia
comidas proibidas por Ele.
Isso é tão verdadeiro quanto comprobatório, pois tempos mais
tarde após este incidente, Pedro declarou, alto e bom som, muito
dramaticamente, quando foi por Deus ordenado a comer alimentos que estavam no
lençol de sua visão em Atos 10:14: “Nunca Senhor, comi coisa comum, ou imunda.”
Ora, não estaria Pedro mentindo para Deus agora, se naquele
acontecimento com Jesus ou mesmo posteriormente, tivesse comido carnes imundas?
Portanto, está claro que, naquela oportunidade, quando Jesus
mencionou o verso que estamos estudando, não havia sobre aquela mesa nenhuma
carne proibida por Deus, e muito menos houve autorização para o seu consumo,
pois desde este incidente de Mateus 15 até Atos 10, passaram-se algumas décadas
e Pedro disse categoricamente, diante do lençol cheio de animais que descia do
Céu: “Nunca, Senhor, comi coisa… imunda.”
Bem, é possível que alguém ainda questione esta Verdade,
agarrando-se cegamente na declaração de Jesus:
“Tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado
fora.” (Mateus 15:17)
Meu amado, Jesus sempre Se serviu de parábolas e expressões
metafóricas, para ilustrar verdades eternas. Por isso que, relativo a esse
verso, não podemos fazer uma aplicação literal, porque o Senhor Jesus nunca
teve tal intenção. Sabe por quê? Porque nem tudo o que entra pela boca vai para
o ventre e é lançado fora. Por exemplo: arsênico, formicida, soda cáustica,
etc. E… você acha que Jesus não sabe disso? Não foi Ele que fez nosso estômago?
(Em sã consciência e usando o bom senso, também ninguém comeria alguma coisa
envenenada para pôr à prova este texto. Isto seria tentar ao Senhor, o que é
proibido por Ele mesmo).
– Dirá alguém: Jesus errou? Não amados! Mil vezes não! Jesus
jamais erra.
Claro como a luz solar, para os filhos da luz, foi o fato de
que Jesus queria ensinar, com esta ilustração, não a autorização para consumir
carnes que Ele próprio proibiu a milénios, mas a verdade de que:
“O que sai da boca, procede do coração. E isso contamina o
homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios,
prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfémias.” (Mateus 15:18-19)
Jesus usa o vocábulo “coração” para representar a faculdade
que planeja e decide. Na verdade a mente é a sede dos pensamentos e decisões. É
aí onde atua o Espírito Santo, e todos os atos e gestos são dirigidos por este
comando motor (sensório). Desta maneira, estas “coisas” procedem, não do
coração em si, mas, da mente.
O Mestre conhecia aqueles corações farisaicos de sobejo. E
era esta relação de impurezas que povoava suas mentes. Acrescente-se a isso a
repulsa que mantinham em não aceitar o humilde Nazareno e Seus ensinamentos.
Mas, você, meu amado irmão, agora já conhece toda a história
deste texto bíblico, e pode compreender com clareza que Jesus não está abonando
o consumo de carnes proibidas por Ele mesmo, mas sim que é o “coração” (mente)
o centro de tudo, no que tange aos sentimentos e, por isso diz a Bíblia:
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração,
porque dele procedem as saídas da vida.” (Provérbios 4:23)
Por conseguinte, irmão, tenha sempre uma mente pura e
demonstre seu amor ao querido Jesus não comendo o que Ele proibiu. Certo?
PS – O homem mencionado, que motivou-me este capítulo,
libertou-se das carnes imundas e morreu fiel Adventista do Sétimo Dia.
“Aqui reafirmo minha confiança em Deus e na infalibilidade
de Sua santa Palavra: Creio honestamente que os filhos de Deus, sinceros e
leais, não devem ser doentes.” Professor Durval Stockler de Lima – Autor do extraordinário
livro “NUTRIÇÃO ORIENTADA”, editado pela CASA PUBLICADORA BRASILEIRA. Para quem
deseja ser vegetariano, este livro é uma “cartilha” apropriada.