4 de agosto de 2013

DEUS TINHA UM PLANO A – PARA O PECADO

O plano da salvação foi estabelecido muito antes do surgimento do pecado. A Bíblia afirma que a graça divina nos foi dada “antes dos tempos eternos” (1Tm 1:9) e que Cristo é “o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13:8). Isso significa que Deus não foi apanhado de surpresa.

Ele não criou robôs programados para obedecer, mas seres a Sua imagem e semelhança, livres e soberanos em suas escolhas. Se Adão e Eva fossem obedientes, eles permaneceriam eternamente em um estado de perfeita felicidade. Entretanto, eles falharam e desobedeceram a Lei Divina. A natureza do homem “tornou-se tão enfraquecida pela transgressão que lhe era impossível, em sua própria força, resistir ao poder do mal.”[1] Houve uma ruptura no relacionamento entre Deus e o belo casal (Is 59:2), e sabe qual era a sentença? Morte eterna (Rm 6:23).

Deus dá o Primeiro Passo Para Salvar o Homem
Todos os dias Deus passeava pelo jardim e tinha um agradável “bate-papo” com Adão e Eva. Porém, depois do pecado o homem teve medo e tentou fugir de Deus (Gn 3:8). A tendência natural é acontecer o mesmo hoje. O homem tenta se esconder de Deus. Esforça-se para se livrar da culpa e do medo. Preenche seu tempo com alegrias passageiras. Busca soluções paliativas para um vazio no coração. Em sua busca por alegria, paz de espírito e sentido na vida, acaba tendo um encontro com o “nada”, pois é isso o que acontece quando se ignora a existência do Criador e Salvador Jesus Cristo.

Deus, em Sua infinita misericórdia foi ao encontro do homem “caído” e perguntou; “onde estás?” (Gn 3:9). Ele sabia onde o homem estava escondido. Isso significa que Ele sabe como e onde você está. Ainda assim Ele pergunta; “onde você está?” Ele quer curar as feridas e por isso ele deixa a voz humana falar… “Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi” (Gn 3:10). Deus novamente pergunta; “Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?” (Gn 3:11). Com todo amor Deus dá o primeiro passo para salvar o homem, para restaurar o relacionamento quebrado, e apresenta Seu plano de salvação.

Deus Provê Um Meio
A Bíblia descreve que Deus fez “vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu” (Gn 3:21). Essa pele era de um animal inocente que foi morto no lugar do pecador. O animal morto era uma prefiguração do Messias que um dia viria como o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29; Gén 3:15). Não era o sacrifício em si que tornava o pecador justo, mas a fé na graça salvadora do Messias que derramaria Seu sangue no lugar do pecador (João 3:16). Mesmo nos tempos do Antigo Testamento a salvação era unicamente pela graça mediante a fé no Messias (Gl 3:6). Sobre isso, Jesus declarou; “Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o Meu dia, viu-o e regozijou-se” (João 8:56, ver também Génesis 22).

Arrependimento e Confissão
A palavra arrependimento na Bíblia é traduzida do termo hebraico nachum que significa “sentir-se triste”. O termo equivalente em grego é metaneo, e denota o conceito de “mudança da mente”.[2] Em outras palavras, o arrependimento é um estado de profunda tristeza pelo pecado e uma mudança de comportamento. F. F Bruce define da seguinte maneira: “Arrependimento (metanóia, ‘mudança da mente’) envolve o abandono do pecado e voltar-se para Deus em contrição; o pecador arrependido está em condições próprias para receber o perdão divino.”[3]

É Deus, que em Seu infinito amor e bondade, através do Espírito Santo, conduz o pecador ao arrependimento (Rm 2:4; Jo 16:8). O amor divino atrai o pecador. Ele compreende que Cristo morreu pelos seus pecados, e dessa maneira o coração é amaciado, pois entende que é unicamente através da morte de Cristo que ele pode ser declarado justo, libertado da culpa e da condenação. O texto bíblico afirma: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28:13).

A experiência de Davi revela claramente como o arrependimento prepara o caminho para a vitória sobre o pecado. Ele cometeu adultério e um homicídio. Foi o Espírito Santo que o convenceu de seu erro. Ao reconhecê-lo, Davi não tentou ocultá-lo. Entristeceu-se pelo seu pecado, foi específico em sua confissão e não suplicou apenas por perdão, mas por um coração puro ; “cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sal 51:10).

Reconciliação e Justificação
Uma vez que o pecado causa separação, o perdão provê reconciliação, isto é, a restauração do relacionamento entre Deus e o homem. “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2Co 5:19).

A Bíblia diz que “todos pecaram” (Rom 3:23). A Lei de Deus requer perfeita obediência e a quebra do mandamento exige a condenação. Então como pode o homem ser justo diante de Deus e escapar da condenação? “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rom 5:1). É unicamente mediante a graça, por meio da fé na perfeita justiça de Cristo (Ef 2:8). A base da justificação não está em nossa obediência, mas na de Cristo! “Por meio da obediência de um só [Cristo], muitos se tornarão justos” (Rom 5:19).

Ellen White descreve essa verdade nas seguintes palavras: “Visto como somos pecaminosos, profanos, não podemos obedecer perfeitamente a uma lei santa. Não possuímos justiça em nós mesmos com a qual pudéssemos satisfazer às exigências da lei de Deus. Mas Cristo nos proveu um meio de escape. [...] Viveu uma vida sem pecado. Morreu por nós, e agora Se oferece para nos tirar os pecados e dar-nos Sua justiça.” [4]

Ao vir a este mundo Cristo assumiu a natureza humana sem inclinação para o pecado. Foi obediente até a morte e fez justiça. Assim, todos podem dizer; “Por Sua obediência perfeita satisfez Ele os reclamos da lei, e minha única esperança está em olhar para Ele como meu substituto e penhor, que obedeceu perfeitamente à lei por mim.” [5] Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele pode perdoar o pecador arrependido, pois Ele mesmo cumpriu perfeitamente os requisitos da lei, e pode livrar o homem da condenação porque pagou o preço exigido – a morte. Em Cristo o pecador arrependido é perdoado, declarado justo e absolvido da sentença de morte, como declara Paulo; “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rom 8:1).

Santificação
Justificação é o ato de Deus declarar justo um pecador arrependido que reconhece pela fé que só em Cristo há perfeita justiça. Além de declarado justo, Deus o considera como justo, como se nunca tivesse pecado; está absolvido de toda culpa e encontra-se em paz com Deus (Rom 5:1). Teologicamente isso se chama justiça IMPUTADA. “O verdadeiro arrependimento e justificação levam à santificação. Justificação e santificação estão intimamente relacionadas, distintas, mas jamais separadas.” [6] Santificação significa “santo”, “separado”, o que envolve a transformação do caráter ao longo da experiência cristã.

Justificação é pontual. [7] É quando o pecador arrependido confessa seus pecados e obtém o perdão. Assim, justificação é aquilo que Deus faz por nós! Santificação é aquilo que Deus faz em nós. [8] “No momento da justificação ele [o pecador] é também santificado.” [9] Isso significa que ele recebe poder para uma vida de obediência. Teologicamente isso se chama justiça COMUNICADA.

Glorificação
Somos glorificados em Cristo quando o recebemos como nosso Salvador, mas ainda estamos em um mundo de pecado. Por isso há um momento futuro da salvação; “último dia” (1Pe 1:5; 1Jo 3:2). Somente por ocasião da segunda vinda de Cristo a pessoa estará finalmente livre da própria presença do pecado.
 Referências:
[1] Ellen G. White, Caminho a Cristo, (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2000), p. 17.
[2] Ver “Repent” em www.blueletterbible.com (acessado em 09/02/2011).
[3] Frederick F. Bruce, The Acts of the Apostles; [Greek Text Commentary], London: Tyndale, 1952, p. 97.
[4] Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 62.
[5] Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, ANO), vl 1, p. 396.
[6] Nisto Cremos, p. 154.
[7] Seventh-Day Adventist Bible Dictionary (Washington: Review and Herald, 1960), 8:955.
[8] Nisto Cremos, p. 154.

[9] Ibid., p. 155.