14 de setembro de 2010

CONFISSÃO E PERDÃO

Todos os que verdadeiramente se tenham arrependido do pecado e que pela fé hajam reclamado o sangue de Cristo, como seu sacrifício expiatório, tiveram o perdão acrescentado ao seu nome, nos livros do Céu; tornando-se eles participantes da justiça de Cristo, e verificando-se estar o seu carácter em harmonia com a lei de Deus, seus pecados serão riscados e eles próprios havidos por dignos da vida eterna. O Senhor declara pelo profeta Isaías: "Eu, Eu mesmo, sou O que apago as tuas transgressões por amor de Mim, e dos teus pecados Me não lembro." Isa. 43:25. – Cristo em Seu Santuário, p.113.
Tenho na memória um pensamento que diz o seguinte: “Todo o homem (ou mulher) que reconhece e confessa ter pecado ele (a) livra-se do próprio pecado, como uma serpente, da sua velha pele”.
1. Qual é a instrução divina concernente à confissão do pecado?
Rª: “Disse mais o Senhor a Moisés: Diz aos filhos de Israel: Quando homem ou mulher pecar contra o seu próximo, transgredindo os mandamentos do Senhor, e tornando-se assim culpado, confessará o pecado que tiver cometido.” Números 5:6,7..
Nota: O pecado contra o próximo era considerado a Pessoa de Deus e, portanto, requeria a apresentação de um sacrifício tanto na restituição a favor da pessoa prejudicada. Ainda que seja possível pecar contra Deus sem que isto implique prejudicar o próximo, não é possível pecar contra o homem sem cometer pecado contra Deus.
2. Quão fútil é procurar esconder o pecado?
Rª: “Mas se não fizerdes assim, estareis pecando contra o Senhor; e estai certos de que o vosso pecado vos há de atingir.” Números 32:23 (Sal. 90:8; Heb. 4:13).
3. Quão exactos deveríamos ser na confissão dos nossos pecados?
Rª: “Deverá, pois, quando for culpado numa destas coisas, confessar aquilo em que houver pecado.” Levíticos 5:5
Nota: é culpado e sabe que o é. Não é suficiente uma confissão geral ou generalizar. Deve “confessar aquilo em que pecou”. Nenhuma outra confissão servirá. A confissão verdadeira tem sempre carácter específico e faz distinção de pecados. Esses pecados podem ser de natureza que devam ser apresentados a Deus unicamente; podem ser faltas que devam ser confessadas a pessoas por elas ofendidas; ou podem ser de carácter público, devendo então ser confessadas com a mesma publicidade. Toda a confissão, porém, deve ser definida e sem rodeios, reconhecendo justamente os pecados dos quais somos culpados.
Ver: 1ª João 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.”
4. Em que medida reconheceu Israel certa vez a sua má forma de proceder?
Rª: “Disse todo o povo a Samuel: Roga pelos teus servos ao Senhor teu Deus, para que não morramos; porque a todos os nossos pecados temos acrescentado este mal, de pedirmos para nós um rei.” 1ª Samuel 12:19
5. Que disse David a Deus sobre o seu pecado?
Rª: “Confessei-te o meu pecado, e a minha iniquidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado.” Salmo 32:5 (cf. Salmo 51:1; Salmo 86:5; Salmo 103:11)
6. Em que medida perdoa o Senhor quando alguém se arrepende?
Rª: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar.” Isaías 55:7
Nota: “Deixe o ímpio”, com quanta frequência, por meio dos Seus mensageiros, Deus exorta os homens a que abandonem a sua vida de pecado e lhes promete perdão (Is. 1:16-19; Jer. 7:3-7; Eze. 18:23,30-32; Mat. 11:28,29; Luc. 24:47; Act. 3:19; 13:38).
7. Qual é a razão dada para a prontidão de Deus em perdoar o pecado?
Rª: “Quem é Deus semelhante a ti, que perdoas a iniquidade, e que te esqueces da transgressão do resto da tua herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque ele se deleita na benignidade.” Miq. 7:18.
Nota: Miquéias têm aqui uma nota de louvor a Deus pela Sua misericórdia e fidelidade.
8. Porque manifesta Deus tal misericórdia e fidelidade para com os homens?
Rª: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se.” 2ª Pedro 3:9
9. Como é revelada esta misericórdia na parábola do filho pródigo (o pai é Deus, o pródigo é o pecador)
Rª: “Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés; trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se.” Lucas 15:20-24.
10. Há algum pecado que Deus não possa perdoar?
Rª: “Portanto vos digo: Todo pecado e blasfémia se perdoará aos homens; mas a blasfémia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro.” Mateus 12:31,32.
Nota: A situação específica a que Cristo faz esta referência é a de um grupos de fariseus que atribui ao diabo (v. 24) o poder do Espírito Santo (ver v. 28), sabendo claramente que a sua acusação era falsa. Esta deliberada recusa da luz tinha-os levado progressivamente a blasfemar “contra o Espírito”. É importante notar que a afirmação feita pelos fariseus surgiu num momento culminante de um longo período de negação das evidências claras de que Jesus era divino, processo que tinha começado quando Jesus nasceu, mas que se intensificou à medida que o Seu ministério de desenvolvia. Quanto mais clara a evidência, mais decididamente se Lhe opunham.
A blasfémia contra o Espírito Santo, ou seja o pecado imperdoável, consiste na resistência progressiva à verdade, e culmina na decisão final de ir contra a mesma. Esta atitude deliberada e consciente em seguir uma conduta que se opõe à vontade divina. A consciência torna-se cauterizada pela resistência contínua às impressões do Espírito Santo. Pode também, simplesmente, pelo facto de conhecendo a verdade nunca tomar a decisão de actuar segundo a vontade de Deus.
A pessoa que sente temor de haja cometido o pecado imperdoável, por esse mesmo temor tem a evidência de que não cometeu tal pecado. Bem se tem dito que a consciência é o olho de Deus na alma do homem.
Conclusão: Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui a iniquidade, e em cujo espírito não há dolo.