“Como a cidade derrubada, sem muro, assim é o homem que não
pode conter o seu espírito.” (Provérbios 25:28)
Introdução:
Nos tempos antigos o muro de uma cidade era a sua maior
defesa. Sem muro a cidade estava à disposição dos seus inimigos.
Mais ou menos isso acontece hoje nas grandes cidades – as
casas estão cercadas por grades – nos sentimos seguros por causa das grades e
trancas.
Autocontrolo ou o domínio
próprio é o muro de defesa que se opõe aos desejos pecaminosos que fazem
guerra contra nossa alma. Sem autocontrolo a pessoa se torna presa fácil para
qualquer espécie de invasor.
Uma boa definição para domínio próprio pode ser: o governo
dos próprios desejos; a habilidade de evitar excessos e viver dentro de limites
saudáveis.
O domínio próprio está muito relacionado com uma decisão
interior de fazer o que muitas vezes não se tem vontade.
Por exemplo: As
pessoas raramente sentem-se motivadas a estudar a Palavra de Deus regularmente.
Existem tantas outras coisas mais fáceis de fazer, como por exemplo, assistir
TV, ler uma revista ou jornal, ler um livro, conversar sobre a vida de outros,
navegar na internet, etc.
Por isso, é necessário uma decisão pessoal interna e uma
postura externa – “vou levantar, pegar a Bíblia, um caderno de anotações, vou
sentar na sala e vou estudá-la”. Isso não soa muito espiritual, porque quase
tudo na vida cristã tem um som romântico.
1. Que disse São Paulo?
Rª: “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para
que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar
reprovado.” 1ª Coríntios 9:27
Nota: Domínio próprio deve ser alvo da nossa
atenção porque estamos literalmente numa guerra quando pensamos nos desejos
pecaminosos que tentam nos subjugar.
2. Como descreve São Tiago os desejos que nos
arrastam e seduzem?
Rª: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela
sua própria concupiscência.” Tiago 1:14
3. São Pedro fala de uma guerra. Onde se dá
essa guerra?
Rª: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que
vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma.” 1ª
Pedro 2:11
4. Como define São Paulo os desejos?
Rª: “Que, quanto ao trato passado, vos
despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano.” Efésios
4:22
Nota: O que torna
estes desejos pecaminosos tão perigosos é que eles moram dentro dos nossos
corações e nem sempre têm uma aparência ruim.
Os tradutores da Bíblia usaram a expressão “domínio próprio”
para traduzir duas diferentes palavras do original bíblico.
4.1 A primeira está na lista do Fruto do
Espírito – domínio próprio = moderação/temperança - em relação ao ataque
dos desejos e apetites – o significado é de força interior – quer dizer a força
de caráter que capacita as pessoas a controlarem as paixões.
4.2 A segunda palavra traduzida por “domínio
próprio” denota mente sólida/ julgamento sólido.
Os significados completam- se. Um julgamento sólido, seguro
nos capacita a ver o que e como algo deve ser feito; força interior providencia
a vontade de fazer. Isso nos traz uma definição final: “Domínio próprio é o exercício da força
interior sob orientação de um julgamento sólido que nos capacita a fazer,
pensar, e falar coisas que irão agradar a Deus”.
5.
Três áreas que precisam ser
dominadas: corpo, pensamento e emoções.
5.1 Como dominar o
nosso corpo? (honrar a Deus com o corpo)
Rª: “E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda a árvore
agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a
árvore do conhecimento do bem e do mal.”
Génesis 2:9
Nota: Deus criou-nos
com o senso de prazer. Não há dúvidas que foi a intenção de Deus que nós
tivéssemos prazer físico na nossa existência com as com coisas que ele mesmo
providenciaria para nós.
5.1.1 Que conselho
nos dá a Palavra de Deus?
Rª: “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem
ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente
nos dá todas as coisas para delas gozarmos.” 1ª Timóteo 6:17
Nota: Deus é que
providencia a satisfação e não nós próprios. Certamente, por buscar a
satisfação pessoal os nossos desejos se corromperam, aquelas coisas que Deus
pretendia que fossem para nosso deleite, acabam tendo a tendência de dominar as
nossas vidas.
Por isso, o domínio próprio do corpo deve ser focado em três
áreas principais de tentação física: Glutonaria – comida e bebida;
preguiça/falta de descanso/desleixo com o corpo e imoralidade sexual.
5.1.2 O que nos dá
Deus de forma tão graciosa?
Rª: Deus nos dá graciosamente comida e bebida – temos prazer
no comer e beber. Só que nós nos deixamos dominar. E isso resulta em daí glutonaria
e a bebedice. Nós supervalorizamos a comida – há pessoas que literalmente vivem
para comer – e o prazer passa a dominar as suas vidas.
Com a bebida é a mesma coisa – começa como prazer e passa
para o vício. A Bíblia nos orienta a comer e a beber para a glória de Deus.
Orientação de Deus: “Portanto, quer comais quer bebais, ou
façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.” 1ª Coríntios
10:31
Nota: Deus deu,
para nosso deleite, o descanso – e aí, ou não descansamos ou nos entregamos à
preguiça. Alguns abusam do seu corpo não lhe dando quase nenhum descanso;
outros, não se cuidam, não dão ao corpo nenhum exercício sequer; outros acham
que nasceram para descansar e devem ir ter com as formigas, pois são totalmente
preguiçosos.
5.1.3 O nosso corpo é
o templo do Espírito Santo – tratar mal o corpo é pecado.
Ver texto bíblico:
"Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita
em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?" (1ª Coríntios 6 : 19)
Do mesmo modo o sexo
- dele vem a imoralidade. O padrão estabelecido por Deus nesta área é muito
simples e claro. Absoluta abstinência fora do casamento e total fidelidade
dentro do casamento. Qualquer outro caminho ou justificativa resultará em
imoralidade.
Vimos que domínio próprio é viver dentro dos limites
estabelecidos por Deus. Aí está uma área que merece toda nossa atenção, porque
não existem limites para o mundo quando se fala de sexo.
5.2 Que disse São
Paulo sobre o domínio do pensamento? (Levar cativo todo e qualquer
pensamento)
Rª: “Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se
levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à
obediência de Cristo.” 2ª Coríntios 10:5
Nota: Nós devemos
levar cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.
Ter domínio dos pensamentos significa entreter as nossas
mentes com pensamentos que sejam aceitáveis a Deus.
5.2.1 E você sabe qual é a melhor maneira de avaliarmos os
nossos pensamentos?
São Paulo responde: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o
que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum
louvor, nisso pensai.” Filipenses 4:8
Nota: Ter domínio
dos pensamentos, então, é mais do que apenas recusar maus pensamentos – devemos
fazer isso – mas devemos incluir nas nossas mentes pensamentos que venham
agradar a Deus.
5.2.2 Como construir
muros de protecção?
Rª: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração,
porque dele procedem as fontes da vida.” Provérbios 4:23
Nota: Aqui, o
significado da palavra hebraica traduzida por coração, refere-se a toda
consciência de uma pessoa: entendimento, emoções, consciência e vontade –
entretanto, a advertência é particularmente aplicada à nossa vida de
pensamentos.
A tarefa de dominar pensamentos é árdua, mas importante. É a
partir dos nossos pensamentos que as nossas emoções e ações começam – então, é
justamente lá que os desejos pecaminosos plantam as suas raízes e nos seduzem
ao pecado.
As nossas mentes são como estufas mentais onde pensamentos
ilegítimos, uma vez plantados, são nutridos e regados antes de serem
transformados em ações ilegítimas. Raramente nós caímos subitamente na
imoralidade ou glutonaria. Estas ações são primeiramente saboreadas nas nossas
mentes antes de serem satisfeitas na realidade.
Os portões dos nossos pensamentos são com certeza os nossos
olhos e ouvidos. Acã viu a capa e o dinheiro, cobiçou. (Josué 7.21)
O que nós vemos, lemos ou ouvimos normalmente determina o
que pensamos. Memória também tem grande parte de responsabilidade pelos nossos
pensamentos, mas ela só guarda e traz de volta aquilo que originalmente veio
para as nossas mentes através dos olhos e ouvidos.
5.2.3 Não somos
capazes de criar muros sem a ajuda de Deus. Devemos rogar-Lhe que nos ajude.
Ler: (Salmos
139:2) – “Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu
pensamento.”
Nota 1: Então, guardar o nosso coração começa quando
começamos a guardar os nossos olhos e ouvidos.
Isso quer dizer que nós não devemos permitir que a lascívia,
o materialismo, a inveja, a ambição egoísta entrem em nossas mentes.
Então, devemos nos precaver contra programas de TV, filmes,
revistas, artigos de jornais, propagandas e conversação que levantem estas
coisas.
E nós devemos não apenas evitar estas coisas, mas como Paulo
instrui a Timóteo: “Fuja destas coisas”.
Ninguém está isento da necessidade
de exercitar domínio próprio.
(Salmos 139:3) – “Cercas o meu andar, e o meu deitar; e
conheces todos os meus caminhos.”
Nota 2: Sem criar
pânico, deveríamos evitar ao máximo o contato com coisas que vão destruir as
muralhas de proteção da nossa mente - permitindo que não nos consigamos
controlar.
De longe Deus percebe os nossos pensamentos e antes que a
palavra chegue à nossa língua.
É muito interessante que nós permitimos em nossas mentes o
que nós não permitimos nas nossas ações, porque outras pessoas não podem ver os
nossos pensamentos. Mas Deus os vê.
5.3. Como controlar
as nossas Emoções? (Refreando as emoções)
Nota: As emoções
que devemos controlar são principalmente a raiva e fúria, os ressentimentos, a
auto-compaixão e a amargura.
Os sentimentos podem ser explosivos como um génio
descontrolado; ou pode ser velado, como a autocomiseração – ambos desagradam a
Deus e devem ser alvos do domínio próprio.
Segundo a Palavra, um génio explosivo é uma contradição na
vida daqueles que estão procurando praticar a vida cristã de forma piedosa.
É um problema não apenas porque isso demonstra que a pessoa
é desgovernada, mas principalmente porque em geral a situação acaba por ferir as
pessoas que são os “recipientes” da explosão, quebrando o respeito, criando
amargura e destruindo relacionamentos.
5.3.1 Como controlar
a emoções segundo a Bíblia?
Rª: “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, e o
que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Provérbios 16:32
Nota 1: Depois da
crise e da ira – vem um sentimento de vergonha – pois na maioria das vezes, uma
pessoa descontrolada é no mínimo ridícula.
Se você tem lutado contra este sentimento que faz você
explodir, tente identificar as coisas que o levam a perder o controlo – avalie
com Deus estas coisas e submeta-se à Palavra de Deus, pagando o preço da
construção de uma muralha que vai proteger você de cair.
Nota 2: Embora
não tão prejudiciais aos outros, o ressentimento, a amargura e autocomiseração
podem ser muito destrutivos para nós mesmos e para o nosso relacionamento com
Deus. O génio explosivo é de certa forma aliviado quando é derramado sobre os
outros a raiva; enquanto esses outros sentimentos vão corroendo a pessoa por
dentro como se fosse um câncer, desonrando a Deus e destruindo a saúde
espiritual.
Devemos manter as nossas emoções com rédea curta. Devemos
trabalhar decididamente com elas quando elas surgem nos pensamentos e não dar
corda a eles.
6. Como construir a muralha de protecção?
Rª: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar
contra ti.” Salmos 119:11
Nota: A ênfase na
luta pelo domínio próprio poderia ser a palavra crescimento. E este é um
processo que exige tempo, paciência, persistência, boa vontade – e compreensão
de que todos estão no mesmo barco – a única coisa que difere é que uns lutam
numa certa área outros lutam em outras – mas todos estão lutando.
Às vezes, somos tentados a julgar os outros por não se terem
dominado numa área em que nós não temos problemas. Somos tolerantes conosco em
nossas lutas e intolerante com os outros nas lutas deles.
Devemos lembrar:
Que todos estão a lutar e a crescer.
O que temos que construir é uma mente sólida para um
julgamento sólido. E a palavra de Deus é essencial neste processo.
E é o que estamos a dizer desde o inicio deste estudo. A
Palavra de Deus é fundamental para o crescimento, para a santidade e para a
renovação espiritual.
Alguém disse “A palavra de Deus vai mantê-lo longe do
pecado, ou o pecado vai mantê-lo longe da Palavra de Deus”.
Lembre-se: o
domínio próprio é tomar a decisão de estabelecer limites baseados na Palavra.
Os conceitos da Palavra de Deus vão construir uma proteção
que nos habilita a dominar os ataques que querem levar-nos a perder o domínio.
Ter domínio próprio é ser totalmente dominado por Deus, só
podemos ser dominados por Deus se a Palavra dominar as nossas vidas.
7. Então, como podemos ter uma mente segura?
Rª: “O avisado vê o mal e esconde-se; mas os
simples passam e sofrem a pena.” Provérbios 27:12
Nota: O prudente
percebe o perigo e busca refúgio, mais uma vez - é na Palavra que vamos fazer o
julgamento seguro.
Uma mente segura vai enfrentar de frente os desejos agradáveis
que nos levam a perder o domínio e identificar que ser dominado por eles
desagrada a Deus. (Identificar o problema).
Devemos perceber que a batalha a ser vencida na área do
domínio próprio começa nas nossas mentes; Devemos preencher as nossas mentes
com a palavra de Deus, com louvor - e tirar aqueles pensamentos que só nos
levam à derrota.
A oração é um grande aliado para que a muralha da força
interior - que será construída pela palavra de Deus - seja uma muralha sólida.
O verdadeiro domínio próprio mantém a pessoa nos limites,
mas nunca amarrada/presa, seu efeito é expandir e dar verdadeira liberdade.
Conclusão:
Quem é dominado por Deus experimenta a verdadeira liberdade.
Temos uma grande e difícil jornada e a caminhada será muito
mais tranquila se nós mesmos não formos os nossos problemas.
Vamos pedir a Deus a capacidade de sermos dominados
completamente pelo Espírito Santo.
Só assim teremos domínio próprio. Que Deus abençoe todos
quantos leram este estudo em Jesus. Amem!
José Carlos Costa,
pastor