7 de agosto de 2012

SER INTIMO DE DEUS (3ª parte)

Texto: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor, e mudarei a vossa sorte” (Jeremias 29.13,14).

a. Motivado por recompensa: buscar a intimidade visando, acima de tudo, o que Deus fará por nós quando nos aproximamos dele.

• Refutação: procurar a Deus por ele mesmo, com fidelidade e constância.

b. Informalidade: a intimidade com Deus é igual ao relacionamento descontraído que tenho com os meus amigos.

• Refutação: se Jesus viesse aqui agora, como eu o receberia? (ver Ap 1.17).

c. Uniformidade: a experiência de intimidade com Deus deve ser igual para todos.

• Refutação: assim como cada ser humano é único, a manifestação de Deus na vida de cada um é única e exclusiva; é possível partilhar a experiência pessoal com outros, mas não reproduzir a experiência pessoal (ex. discípulos)

d. Plenitude: experimentar a plenitude da intimidade com Deus aqui e agora.

• Refutação: a nossa salvação se consumará pela glorificação futura; “agora vemos como em espelho
obscuramente; então veremos face a face” (1Co 13.12).

e. Reserva: experimentar a intimidade com Deus sem entrega total da vida a ele.

• Refutação: assim como no relacionamento pessoal, para ter intimidade com o Senhor é necessário render-se completamente (Sl 25.14).

[2] A Intimidade Com Deus - 5 verdades:

a. Propósito: o propósito principal do cristão é conhecer a Deus e adorá-lo em obediência, santidade, amor e serviço.

b. Manifestações especiais: Deus intervém de forma especial ocasionalmente para realizar os grandes propósitos do seu reino e para abençoar o seu povo.

c. Graça: a vida com Deus começa com um supremo acto de graça de Deus — ao perdoar os pecados e salvar integralmente - e continua pela graça sempre.

d. Sensibilidade: perceber a acção de Deus em todas as coisas grandes e pequenas, quando vemos e quando não vemos o que Ele está a fazer (Mt 5.8).

e. Afeição: a intimidade que Deus deseja ter connosco é de coração a coração.

• Relação integral: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22.37,38); os evangelhos de Marcos (12.30) e Lucas (10.27) falam em coração (volitiva), alma (emocional), entendimento (intelectual) e forças.

[3] Intimidade Com Deus - é um processo

a. Pecado: todos estão separados de Deus e, por consequência, separados de si mesmo, do próximo e da natureza (da criação); desconectados.

b. Reconciliação: todos são chamados à comunhão com Deus e, por consequência, a conciliação consigo, com o próximo e com a criação; não há cristãos preferidos.

c. Crescente: é necessário alcançar certa maturidade a fim de compreender a verdade do evangelho na sua inteireza (Ef 4.13, 14).

• Ilustração: um pai não compararia um filho de 5 anos que aprende a nadar com o filho de 15 anos que é campeão juvenil de natação.

• Ilustração: uma criança de 8 anos não compreenderia noções complexas de matemática (equação de 2º grau).

d. Semente: parábola do semeador - Palavra de Deus é a semente, que germina, cresce e dá fruto, indicando que cabe ao cristão desenvolver o conhecimento da verdade e andar de acordo com o que já recebeu (Filipenses 3.16).

e. Oportunidade: Jesus disse aos discípulos que não lhes podia dizer certas coisas naquele momento porque eles ainda não podiam compreender (João 16.12).

• “tardios em ouvir... quando deveríeis ser mestres... tendes necessidade de alguém que vos ensine de novo... leite e não alimento sólido” (Hb 5.11,12).

• “não vos pude falar como a espirituais; e, sim, como a carnais” 1Co 3.2).

f. Busca: a busca da intimidade é um compromisso intencional de progredir em direcção a Deus e aprofundar o conhecimento com Ele, confiar unicamente n´Ele, como sendo a única fonte de contentamento, apoio e segurança.

[4] Intimidade Com Deus — pessoal e intransferível

a. Pessoal: intimidade pressupõe pessoalidade; a revelação se dá na comunhão individual do cristão com Deus. A revelação da verdade é dada a cada um, na medida da fé, da busca e da situação específica.

• “No amor não existe medo... o perfeito amor lança fora o medo” (1Jo 4.18).

• A nós, porém, Deus o revelou pelo Espírito. Pois o Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus" (1Co 2.10,11).

• “A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Sal. 25.14).

b. Reciprocidade: Deus sabe tudo sobre nós e ainda nos ama — ele não tem ilusões a nosso respeito; o relacionamento com Deus implica em segurança.

• “tu me sondas e me conheces” (Sl 139.1); “Conheço-te pelo teu nome“(Ex 33.11).

• “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci” (Jr 1.5).

• “agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus” (Gl 4.9).

• “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação...” (1Jo 4.10).

• “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim. Assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai...As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem” (João 10.14,15,27,28).

c. Intransferível: não é possível ter revelação por outra pessoa; nós podemos compartilhar com os outros as revelações que recebemos na comunhão individual com Deus, mas apenas para edificá-los e levá-los a buscarem a Deus.

d. Complementar: nenhum indivíduo ou instituição detém a revelação exclusiva de Deus; o Todo-Poderoso se revela plenamente na comunhão do corpo de Cristo.

[5] A Intimidade Com Deus - comunitária e relacional

a. Imaturidade: se Deus não puder manifestar a Sua vida em nós, devido à nossa imaturidade, a igreja será como uma creche ou orfanato, isto é, cheia de crianças carentes e sem condições de se darem umas às outras e sugando os outros.

b. Maturidade: se estamos em comunhão com Deus, “rios de água viva fluem de nosso interior” (Jo 7.37-38), podemos vivenciar a dimensão de “uns aos outros” (Jo 13.34,35; 15.12,17; Rm 12.10; 15.7,14; Gl 5.13; Ef 4.32; 5.21; Cl 3.16; 1Ts 4.18; 5.11; Hb 10.24,25; Tg 5.16; 1Pe 1.22; 5.5)

c. Comunitária: embora a intimidade com Deus seja pessoal, ela expressa-se necessariamente na comunhão com o próximo, primeiro com a igreja e depois com qualquer um que se tornar o nosso próximo (1 João 2.9-11; 3.16-1823; 4.7-21).

d. Propósito de Deus: “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós” (João 17.21, oração de Jesus).


[6] Pensamento:
Eugene Peterson: “Muitas pessoas supõem que espiritualidade é ficar emocionalmente íntimo de Deus. Isso é uma visão ingénua da espiritualidade. Estamos a falar de vida cristã. É seguir a Jesus. A espiritualidade é exactamente igual àquilo que fazemos a dois mil anos, ir à igreja e receber os dons de Deus, ser baptizados, aprender a orar e ler as Escrituras da maneira correta. São as coisas normais. Essa promessa de intimidade é ao mesmo tempo correta e equivocada. Existe uma intimidade com Deus, mas é como qualquer outra intimidade; faz parte da substância da vida. No casamento você não se sente íntimo na maioria do tempo. Nem com um amigo. A intimidade não é, em primeiro lugar, uma emoção mística. É um modo de viver, uma abertura para a vida, honestidade, uma certa transparência.”