8 de fevereiro de 2011

DONS DO ESPÍRITO

OS dons do Espírito são as qualificações dadas pelo Espírito Santo a cada crente individualmente no sentido do serviço no contexto do Corpo de Cristo.
Paulo explica este assunto empregando a imagem do corpo e dos seus membros (1ª Cor. 12). O corpo é um e tem diferentes membros, diferentes mas todos indispensáveis, porque cada um preenche uma função que completa as outras. É igual para os crentes: eles são o corpo de Cristo e os Seus membros, cada um desempenha a sua parte; eles recebem cada um do Espírito o dom particular que corresponde à sua função, 1ª Cor. 12:27,11.
1. Quais são os dons espirituais?
Rª: ler 1ª Coríntios 12:4,8-19,28.
Nota explicativa:
1.1 O dom da sabedoria, v. 8.
1.2 O dom do conhecimento, v.8.
1.3 O dom da fé, v.9.
1.4 O dom da cura, v.9.
1.5 O dom dos milagres, v.10.
1.6 O dom de profecia, v.10.
1.7 O dom do discernir os espíritos, v.10.
1.8 O dom das línguas, v.10.
1.9 O dom da interpretação das línguas, v.10.
1.10 O dom do apostolado, v. 28.
1.11 O dom do ensinamento (doutor), v. 28.
1.12 O dom do socorro, v.28.
1.13 O dom de administrar, v.28.
Enfim, encontramos ainda:
1.14 O dom de evangelista, Ef. 4:11.
1.15 O dom de pastor, Ef. 4:11.
1.16 O dom da liberalidade, Rom. 12:8.
Encontra-se noutras passagens a menção a outros dons, e não é dito que esta enumeração esteja completa. Qualquer que seja a função à qual Deus chame, Ele dará imediatamente pelo Espírito a qualificação necessária.
2. Que escolhe o dom que devemos receber?
Rª: Diz a Bíblia: “Desejai os melhores dons”, 1ª Cor. 12:31, vou eu olhar para um dom especial, e dizer a Deus: “Senhor, eu quero a qualquer preço este dom. Orarei, lutarei, esperarei até que o tenha recebido”? muitas pessoas tem agido desta maneira, e caíram no desânimo (alguns perderam a fé), porque ela não receberam o dom que pediram. Se fossemos nós a escolher, gostaríamos do dom de governar (administrar), por exemplo. O ministério da Palavra não agrada a muitos, se o crente  falar na igreja não há mais nada para fazer (...). Se no corpo todos fossem a boca, provocaria uma cacofonia! Não, é Deus, é o Espírito que decide de forma soberana quais são as qualificações que nos são necessárias para exercer um ministério que só Ele conhece: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente, a cada um, como quer.” 1ª Coríntios 12:11.
3. Para que fim foram esses dons concedidos à Igreja?
Rª: “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo; Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente; Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos, em tudo, naquele que é a cabeça, Cristo.” Efésios 4:12-15
Nota explicativa: “aperfeiçoamento”, katartizõ usa-se em Mat. 4:21 em relação ao remendar ou cozer as redes, e em Gál. 6:1 refere a restauração dos que foram surpreendidos nalguma falta (cf. Cor. 1:10). Os dons tinham o propósito de “remendar” os santos e unir entre si. O acto de “aperfeiçoamento” implica, como o contexto o indica, um ministério organizado e um governo eclesiástico. Neste sentido os dons são para a organização, levar pessoas a Cristo e manter a Igreja unida.
4. Perguntamos: recebem todos os crentes o mesmo dom?
Rª: “Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;…” 1ª Cor. 12:8.
Nota explicativa: Em primeiro lugar, a mesma pessoa não tem todos os mesmos dons, como no corpo; o olho, o ouvido, a mão não exercem mais que uma função (ver 1ª Cor. 12:8-10; cf. Rom. 12:4-6).
Daí resulta que não podemos esperar receber um certo dom pelo simples facto doutros ao nosso lado o possuírem. Se é claro que não se recebem todos os dons ao mesmo tempo, é claro também, que nem todos recebem os mesmos dons (1ª Cor. 12:29,30). Saibamos assim: em primeiro lugar ser humildes e não nos exaltarmos do dom que nos foi concedido, seja ele qual for; em segundo lugar não olhar aos dons dos outros, mas procurar discernir de forma pessoal qual é a vontade de Deus e tudo d´Ele esperar e agir segundo a Sua vontade.
5. Há dons mais importantes uns que os outros?
Rª: Sim, porque Paulo na enumeração diz: “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” 1ª Cor. 12:28. Parece estabelecer uma graduação na importância dos diferentes dons. Reafirmada em 1ª Cor. 14:5 “E eu quero que todos vós faleis línguas estranhas, mas, muito mais, que profetizeis; porque, o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação.” E mais adiante: “…eu antes quero falar, na igreja, cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.” 1ª Cor. 14:19.
6. Os dons espirituais são dados em todas as épocas?
Nota explicativa: Os crentes ficam confusos pelo facto de que os dons de milagres, tão abundantes na época dos apóstolos, são menos frequentemente perceptíveis na nossa época; e muitos pensam que se a nossa fé fosse mais intensa veríamos as mesmas manifestações sobrenaturais produzirem-se hoje. É evidente que o poder de Deus não mudou, e que nós tivéssemos mais comunhão com Ele, este poder se manifestaria muito mais em nosso favor. Um exame cuidadoso dos textos bíblicos conduzem-nos a duas constatações: a) se percorrermos a lista dos dons espirituais que a maioria deles (sabedoria, conhecimento, fé; evangelistas, doutores, pastores; governo, socorro, liberalidade, etc.), nunca deixaram de ser concedidos aos fiéis na medida da sua fé. No entanto, eles são tão sobrenaturais como os dons ditos “milagrosos” pois provém do mesmo Espírito. Se os dons “milagrosos” (curas, milagres, profecia, línguas) faltaram em certas épocas, é bem provável que a causa, não sempre, mas a incredulidade dos homens, mas também, a vontade de Deus; b) no Antigo Testamento, como no Novo Testamento, Deus multiplicou os milagres em certos momentos precisos, por razões fáceis de compreender. Quando Ele chamou Israel a sair do Egito para o tornar Seu povo, quando lhes deu a Sua Lei no Sinai e lhes abriu a porta para entrarem na Terra prometida, Ele cumpriu através dos Seus servos sinais extraordinários; Ele manifestava deste modo a prova da Sua intervenção. Depois os milagres cessaram durante séculos, para reaparecerem no ministério de Elias e de Eliseu, num período de despertamento, mas também de infidelidade. Grande homens de Deus, tais como Abraão, David, João Baptista, não fizeram nenhum milagre, tanto quanto saibamos. No entanto, não é por incredulidade, tanto que é dito de João Baptista, por exemplo, ser o maior de todos os profetas (Mat. 11:11, João 10:41). Nos Evangelhos e no livro dos Actos dos Apóstolos, encontramos de novo numerosos milagres, selando o ministério de Jesus e dos Apóstolos.
Por esta razão, somos alertados, no final dos tempos: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” Mateus 24:24 (2ª Tes. 2:9,10; Apoc. 13:13,14). Estejamos pois de sobreaviso.
7. Serão os dons do Espírito sempre garantia de uma grande espiritualidade?
Rª: Infelizmente não. Por mais extraordinário que possa parecer, haverá “crentes” que manifestarão dons sem no entanto terem uma vida santificada. Paulo escreve aos Coríntios referindo que não lhes faltava nenhum dom; mas acrescenta, são carnais, incapazes de comida sólida (1ª Cor. 1:7,14; 3:1-3). Jesus afirma: “…nunca vos conheci…” (Mat. 7:22,23).
Conclusão: se estamos em busca ou na posse de algum dom do Espírito, lembremo-nos desta grande verdade: está a nossa vida em comunhão com Deus, o que conta para nós em primeiro lugar é essa relação com o Senhor? Porque o que nós somos aos Seus olhos é mais importante do que aquilo que fazemos. Amem.
José Carlos Costa, Pastor