8 de dezembro de 2014

PASSAGENS DO CAMINHO

 "Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do Seu nome"(Sl 23:3).

Um guia para a jornada: O Pastor

"O Senhor é o meu pastor; nada me faltará"(Sl 23:1).

Algumas crianças foram solicitadas a desenhar um quadro de Deus. Sem exceção, todas desenharam um coração em algum lugar do quadro. Quando foram perguntadas por que, elas declararam unanimemente que Deus é amor. É tão simples assim.

É fácil ter uma boa opinião sobre Deus e Seus propósitos quando tudo vai bem. Mas quando vem a idade e a vida se torna mais difícil e mais complicada, muitas vezes, nossa visão de Deus muda. Deus não muda, evidentemente (Hb 13:8; Tg 1:17); mas nós, sim.

Por causa do estilo de vida pastoril dos povos dos tempos do Antigo Testamento, o Salmo 23 usa a imagem de um pastor para descrever a maneira de Deus cuidar de nós. O símbolo de um pastor é aplicado a Deus – tanto no Antigo Testamento como no Novo. Esse quadro é maravilhoso e também invariável.
 
"Guia-me pelas veredas da justiça por amor do Seu nome"(Sl 23:3).
 
Imagine as "veredas da justiça" se estendendo à sua frente, desaparecendo à distância. Você não pode ver o fim, mas sabe que no fim da jornada está o lar, a casa de Deus. Olhando um pouco mais perto, você consegue ver para onde levam os caminhos? Você pode ver claramente alguns lugares, mas outras partes estão totalmente ocultas por obstáculos grandes ou perigosos. Às vezes, o caminho desaparece por cima de um cume. Algumas partes do caminho são de fácil caminhada; outras, são difíceis. Foi assim que Israel viajou do Egito até a Terra Prometida, e a viagem é descrita neste salmo.
Identifique no Salmo 23 os lugares pelos quais Davi vê a ovelha passando quando segue as veredas da justiça a caminho da casa do Senhor.
Mas por que estes caminhos são chamados de "veredas da justiça", "caminhos justos" ou "caminhos certos"? Aqui estão quatro razões importantes. Primeira: elas são os caminhos certos porque levam ao destino certo – o lar do Pastor. Segunda: são os caminhos certos porque nos mantêm em harmonia com a pessoa certa – o próprio Pastor. Terceira: são os caminhos certos porque nos preparam para ser as pessoas certas – como o Pastor. Quarta: são os caminhos certos porque nos dão o testemunho certo – quando nos tornamos as pessoas certas, damos glória ao Senhor. São caminhos "certos" ou "veredas da justiça" quer seja o caminho fácil ou difícil.
É importante perceber que, quando Deus nos guia, não é simplesmente uma questão de nos entregar ao destino, como um pacote. É muito mais que guia e proteção. Como os muitos exemplos através da Bíblia, em que Deus guiou Seu povo (seja guiando Abraão por meio de Suas promessas ou guiando Israel pela coluna de fogo e de nuvem), quando Deus guia, está sempre treinando Seu povo na justiça.
Desvio inesperado 1: O vale
"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque Tu estás comigo; o Teu bordão e o Teu cajado me consolam"(Sl 23:4).
Seria agradável se as veredas da justiça seguissem apenas ao longo de margens cobertas de grama e águas frescas. Mas não é assim que Davi as descreve. Juntamente com esses caminhos está o vale da sombra da morte – não um lugar em que nos deliciamos ao visitá-lo! Em certas ocasiões do ano, os vales e desfiladeiros em Israel estão sujeitos a enchentes repentinas que podem surgir inesperadamente e se tornar perigosas. Esses lugares também são estreitos, com margens íngremes que bloqueiam a luz. Consequentemente, "a sombra da morte" é uma ilustração da "sombra muito profunda" ou "profunda escuridão".
Elisabeth Elliot escreveu: "Um cordeiro que se achasse no Vale da Sombra da Morte poderia concluir
que fora "guiado ao lugar errado". Era necessário que ele atravessasse aquela escuridão a fim de aprender a não temer. O Pastor ainda está com ele." – Elisabeth Elliot, Quest for Love, p. 218.
Desvio inesperado 2:  A mesa rodeada
"Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda"(Sl 23:5).
Ao longo da vida, inevitavelmente encontraremos alguns inimigos. Como você lida com eles? Já ficou acordado à noite, se debatendo e revirando, sonhando em encontrar um jeito de se vingar dos que estão tentando fazer-lhe mal ou destruir sua obra? Para os cristãos, pode ser difícil saber como lidar com os inimigos.
Que tipo de inimigos você teve em sua vida? Você seguiu as palavras de Cristo em Mateus 5:44, ou de Paulo em Romanos 12:18-21?
No Salmo 23:5, Davi nos mostra uma forma interessante de lidar com os inimigos. Ele confunde a presença deles olhando para o que Deus está fazendo por ele. E Deus está lá, preparando um banquete para ele.
Na cultura de Davi, quando um convidado honrado ia a um banquete, o anfitrião ungia com óleo a cabeça do convidado no momento em que ele devia entrar no salão de festas. Tratava-se de uma mistura de óleo de oliva e perfume. Então, o convidado se assentava diante de muito mais comida do que ele poderia comer.
Como Paulo nos lembra: "A nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes" (Ef 6:12). Nossos inimigos incluem aqueles que vemos e aqueles que não vemos. Gostemos ou não, estamos cercados. Mas quando estamos com o Pastor, nenhum inimigo, visível ou invisível, pode roubar o que Ele proveu para nós.
Uma promessa certa para a jornada
"Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre"(Sl 23:6).
Quando estamos no vale ou cercados pelos inimigos, às vezes somos tentados a acreditar que fomos deixados sozinhos. Nem sempre sentimos que Deus esteja fazendo muito por nós; para começar, achamos que, se tivéssemos ajuda, não estaríamos nessa situação. Mas Davi não achava isso.
No verso 6, apesar de suas provações, de que duas coisas Davi disse que estava certo? Veja também Ef 1:4; 2Pe 1:10; Hb 11:13-15.
Algumas traduções dizem que a bondade e o amor infalíveis (compromisso de Deus mediante aliança) "me seguirão todos os dias de minha vida". Mas o verbo original é muito mais forte, e o texto devia dizer que a bondade e o amor infalíveis me perseguirão todos os dias de minha vida.
Não importa quão profundo seja o vale ou quão persistentes sejam os inimigos, a certeza da bondade e do amor infalíveis de Deus e a certeza de Sua direção até o fim de nossa jornada são inquestionáveis. Se esses pensamentos puderam sustentar Jesus no Calvário, também nós devemos encontrar ânimo neles.
No entanto, existem ocasiões em que as pessoas estão cheias de perguntas. Geralmente, como Davi, o melhor caminho para tratar essas preocupações não é com uma descrição teológica do que Deus pode fazer.
Ao contrário, como Davi mostra no verso 6, é através de uma afirmação, compartilhando uma convicção pessoal, da verdade sobre Deus.
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