28 de fevereiro de 2011

COMO PESQUISAR E APRENDER AS ESCRITURAS?

O que um Cristão precisa saber sobre a Bíblia? O estudo da Bíblia deve acontecer na completa dependência do Espírito Santo. Ele é o nosso professor, e devemos constantemente pedir a sua orientação. João 14:26, 16:13. Não há forma fácil e rápida de aprender a Bíblia. Requer muito trabalho a qualquer um. No entanto, nunca se esqueça que o autor do Livro está sempre presente, e quem sabe mais sobre o que escreveu que o próprio autor? Se você não entender, ore e peça ao Espírito Santo que o ensine o que diz o texto. João 14:26.

I. A primeira coisa a fazer é separar um momento definido diariamente para ler a Bíblia. Uma boa estratégia é começar por Mateus e ler todo o Novo Testamento. Depois passe para Génesis e leia toda a Bíblia. Não leia apenas para dizer que leu a Bíblia toda, mas leia para saber o que a Bíblia diz.

II. Quando aparecer uma palavra não conhecida, procure no dicionário. Se aparecer um versículo que você não consiga entender, primeiro tente compreendê-la estudando-a cuidadosamente. Se falhar, anote a citação, procure-a num comentário bíblico logo que tiver uma oportunidade.

III. Compare a Escritura com a Escritura.
Não tente construir uma doutrina baseada num só versículo. Veja se um ensino é coerente sobre determinado assunto em toda a Bíblia. “A verdade não contradiz a verdade.”

IV. Você será bem recompensado se anotar um esboço de cada capítulo, respondendo às seguintes perguntas:
1. O que aprendi sobre Cristo? (mesmo no Velho Testamento você achará sobre o Salvador em tipos e sombras).
2. Qual a mensagem principal deste capítulo?
3. Que promessa preciosa poderei clamar?
4. Qual o centro do verso?
5. Que pecado sou ensinado a evitar?
6. Que exemplo há para que eu siga?
7. Quais são os versos difíceis?

V. Durante o dia tente conversar com alguém sobre o que leu. Isso servirá a dois propósitos: ajudará a fixar a lição na sua mente e capacitará você a compartilhar a bênção que recebeu no estudo da Bíblia. Malaquias 3:16.

VI. Tente memorizar dois ou três versículos da Bíblia por semana.
Comece com versículos conhecidos do evangelho tais como: João 1:12, João 3:16, João 3:36, João 5:24, Romanos 10:9, etc. Relembre todos os versos memorizados constantemente até que realmente você os tenha na sua mente e coração. Escreva-os em cartõezinhos como um cartão de apresentação e leve-os consigo para dar uma olhadinha durante o dia. Você verá que a sua vida será enriquecida, e você terá mais condições de falar ao outros. Terá mesmo oportunidades surpreendentes e isto porque o Espírito está lá! Não é maravilhoso?

VII. O grande alvo do estudo bíblico, é claro, é que você pratique o que aprendeu. Devemos deixar que a palavra nos repreenda, corrija e nos faça mais parecidos com o Senhor Jesus. Jeremias 15:16. Lembre-se que quando você estuda a Bíblia você está estudando um livro eterno. Tudo que você aprender sobre ele é um investimento para a eternidade. Então, faça seu melhor.

25 de fevereiro de 2011

A HERMENÊUTICA BÍBLICA – ANALOGIA DA FÉ

Consideramos aqui de novo a Lei que está relacionada com a Lei anterior, embora com uma abrangência bem maior. A Lei Sete lidava com a "Referência Paralela" isto é, com a consideração de assuntos relacionados dentro do mesmo tema geral. Observamos então que deve haver harmonia geral entre as divisões de qualquer assunto se são ambos verdadeiros. Mas agora devemos ir ainda mais além e considerar que se as Escrituras são na realidade uma revelação de Deus, dadas para revelar Sua vontade para o homem, então todas Elas devem harmonizar umas com as outras. A qualquer momento em que uma de nossas interpretações contradisser outra interpretação, há evidência de que uma ou outra ou ambas são falsas, pois o Deus perfeito e santo não pode dar uma revelação imperfeita ou falsa. O homem erra com suas interpretações, suas traduções, e de outras maneiras, mas não se pode culpar Deus por isso. Era comum os teólogos falarem sobre "A Analogia da Fé", mas poucos hoje sabem o que isso significa.
Com "Analogia da Fé" o que se quer dizer é o inter-relacionamento harmonioso de todas as doutrinas dentro dos limites das Escrituras. As doutrinas da Bíblia não se chocam nem se contradizem, mas constituem um só sistema complexo da verdade. Nas Escrituras, é isso o que se chama "A Fé", pois há uma vasta diferença entre o verbo crer, ou, ter fé, e o substantivo "a fé", que é o objeto ao qual a fé do crente se dirige. T. T. Eaton salientou de modo bem hábil essa diferença quase um século atrás.
"A fé do Novo Testamento é bem mais do que a mera aceitação de certos ensinos. Ter fé é mais do que crer. Um homem pode crer em tudo na Bíblia, de capa a capa, e ainda estar perdido. A fé do Evangelho é uma confiança do coração em Cristo como Salvador e Senhor, o coração que inclui a vontade, de modo que a ação vem em seguida" O que devemos crer, o que devemos ser e o que devemos fazer "de acordo com as Escrituras" " essa é "a fé" que foi entregue uma vez por todas e pela qual devermos "batalhar diligentemente" " epi-agonize" O grego é epagonizesthai, "epi-agonize " e é a palavra mais forte em qualquer língua, até onde eu saiba, que expressa intensidade da luta. No Novo Testamento, só ocorre aqui [quer dizer, em Judas 3 " DWH]. Devemos agonizar para entrar pela porta estreita [Lucas 13:24 "DWH], mas devemos epi-agonize pela "fé que uma vez foi dada aos santos". Essa, então, é a luta suprema de nossa existência. É mais importante que "a fé" seja mantida do que qualquer outra coisa, sim, do que nossa própria salvação como indivíduos. Devemos agonizar pela nossa salvação, mas epi-agonize pela fé". " Fé e A Fé, pp. 35, 45, 48-49.
A Lei da Analogia da Fé requer que toda a interpretação que é aplicada a alguma palavra, versículo ou doutrina das Escrituras esteja em harmonia com o corpo geral da verdade em todo o restante das Escrituras. Não se pode tolerar interpretação alguma que contrarie a Palavra, em parte ou em tudo. Vê-se a importância dessa Lei na seguinte questão: quando é aplicada a uma parte da Palavra, uma interpretação equivocada tira a harmonia dessa parte à outra. Isso requer então reajustamente da interpretação da segunda parte, que pois a torna fora de harmonia com uma terceira parte, e assim por diante. O erro sempre progride e em nenhum lugar isso é mais evidente do que o erro na interpretação da Bíblia.
Mais uma vez, isso manifesta que o estudante sério da Bíblia não pode ser nem preguiçoso nem descuidado, pois deve ter um conhecimento completo de todas as doutrinas da Bíblia a fim de colocar essa Lei em ação. Por isso, surge também a evidência de novo de que o método correto da interpretação da Bíblia envolve muito de "comparar as coisas espirituais com as espirituais" (Is. 28:10).
A religião cristã não é um punhado de doutrinas isoladas reunidas como se fosse um “feixe de vides” num sistema sem sentido e discordante, mas tem um grande foco central, em redor do qual todas as coisas nele giram, e esse centro é Cristo. É interessante observar que na medida em que o sol é o centro do nosso próprio sistema solar, assim Cristo é às vezes mencionado como o "Sol", e outros termos tais que indicam que Ele é o centro do mundo espiritual. As Escrituras revelam Cristo nas seguintes personalidades: O Criador do Mundo, o Sustentador do Mundo, o Revelador do Pai, o Redentor dos homens, o Advogado junto do Pai, a Cabeça da Igreja, o Rei Vindouro do Mundo e o Juiz de todos os homens. Numa palavra, Ele é a fonte, sustentador e fim de toda a criação. "Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém"" (Romanos 11:36)
Não só isso é assim, mas as Escrituras inteiras lidam com Ele de modo maior ou menor. Por esse motivo, está escrito: "Porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia". (Apocalipse 19:10) Sendo assim, é totalmente natural que todas as doutrinas das Escrituras sejam inter-relacionadas mediante o Senhor Jesus, e isso dá-nos a razão para buscar interpretar todas as partes da Palavra em harmonia com todas as outras partes das Escrituras. A Bíblia é, como crentes os alguns crentes de África chamam: "O Livro de Jesus", pois Ele é a pessoa central nela, e todas as coisas que ela contém estão de alguma maneira relacionadas com Ele. Todas as doutrinas da Bíblia estão inter-relacionadas mediante o Senhor Jesus, e é por isso que se deve sempre considerar essa inter-relação em nossa interpretação da Bíblia. Fazer outra coisa é ignorar essa Lei da Analogia da Fé, e talvez produzir, através de nossa interpretação, um antagonismo entre duas doutrinas das Escrituras.

22 de fevereiro de 2011

A LEI DE DEUS

“Os preceitos do Senhor são mais desejáveis do que o ouro.”
Salmo 19:10
Os textos legislativos do Antigo Testamento estão contidos no Pentateuco. Desde Spinoza até aos nossos dias, os críticos bíblicos não pararam de lançar ataques contra este antigo documento. Acusado de ser uma simples compilação de fragmentos diversos, de inspiração, de origem e de conteúdos contraditórios, redigido na sua forma actual muitos séculos depois de Moisés, o Pentateuco tem sobrevindo a todos os seus críticos. Hoje começa a surgir uma atitude científica mais serena e favorável, apoiada pelas descobertas arqueológicas e históricas. W. Albright escreve: “O conteúdo do Pentateuco é, em geral muito anterior à data da sua redacção final. As novas descobertas não pararam de confirmar a exactidão histórica e a antiguidade literária de cada detalhe. Mesmo onde seria lógico supor a existência de acrescentos posteriores ao núcleo primitivo da tradição mosaica, estes reflectem o desenvolvimento normal da instituição e de práticas antigas, ou o esforço de escribas posteriores para salvaguardar ao máximo as tradições procedentes de Moisés. Negar hoje o carácter mosaico do Pentateuco é fazer prova de preconceitos.” W.F. Albright, Archaeology and the Religion of Israel, 5ª ed., Doubleday anchor Bool, 1969, p. 229.
1. Ao tirar Deus o Seu povo do Egito, como tornou Ele a publicar a Sua lei?
Rª: “Então o Senhor vos falou do meio do fogo: a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes semelhança nenhuma. Então vos anunciou ele o seu concerto, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra.”Deut. 4:12,13 (ver Neem. 9:13,14).
Nota Explicativa: O povo não ouvia, Deus chama Moisés à parte mais alta do Monte, aí Deus falou, literalmente o “som”, neste caso as palavras de Deus (Êxodo 19:19; 24:16). “Então vos anunciou Ele o seu concerto”, ou “pacto” que se pode aplicar a qualquer acordo ou contrato. É provável que provenha do verbo hebreu “atar”, “ligar”. Usa-se com respeito a aliança e votos matrimoniais (Mal. 2:14). “os dez mandamentos”, literalmente, “as dez palavras”. Que foram escritas mais tarde pelo próprio dedo de Deus (Êxodo 24:12; 34:28;2:14).
2. Onde estão registados os Dez Mandamentos?
Rª: Êxodo 20:2-17.
3. Quanto abrangem os Dez Mandamentos?
Rª: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo o homem.” Ecles. 12:13.
Nota Explicativa: “porque este é o dever de todo o homem”. O pronome este refere-se à declaração precedente: “Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos”. A mesma construção hebraica implica “todo o homem” (3:13; 5:19). Salomão pensa que o propósito supremo da vida é reconhecer a Deus e os Seus sábios requerimentos. Paulo declara o mesmo em Actos 17:24-31; Rom. 1:20-23; cf. Tiago 2:10-12.
O dever, o destino, do homem é obedecer a Deus, e a cumprir é nisto que encontrará a felicidade suprema. Qualquer que seja a sua sorte – a adversidade ou prosperidade -, deverá ter sempre presente o dever de obedecer ao Criador.
4. Que inspirada menção honrosa é feita à Lei de Deus?
Rª: “A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são rectos e alegram o coração: o mandamento do Senhor é puro e alumia os olhos.”Salmo 19:7,8.
Nota Explicativa: A partir deste versículo (v.7), David alheia-se da contemplação da natureza, cuja grandeza revela a permanência, o propósito da glória de Deus, para reflectir acerca da mais clara revelação de Deus; a Lei. Se bem que as manifestações da glória de Deus nos céus são maravilhosas, e o esplendor do sol, da lua e das estrelas é magnífico, mais formoso ainda é o reflexo do Seu carácter revelado na Lei de Deus.
A partir deste versículo introduz uma mudança de métrica nos versos hebraicos, os quais são mais longos que os vs. 1-6; e como ocorre em Lamentações, cada é apresentado em duas partes, a primeira mais comprida que a segunda, assim como na musica a um longo crescendo segue um menor, mais curto e mais rápido. É difícil de perceber-se na tradução, vamos dar um exemplo: “ A Lei de Jeová” (longo), “que converte a alma” (curto). “O testemunho de Jeová é fiel” (longo), “que torna sábio ao simples” (curto). Em hebraico isto causa uma impressão de pressa que quase deixa sem força, que só se detém quando o poema proclama o gozo a doçura da lei e anuncia o facto de que a obediência traz consigo “grande galardão” (v. 11).
5. Que expôs Cristo como sendo uma condição para entrar na vida?
Rª: “SE queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.” Mateus 19:17.
Nota Explicativa: “os mandamentos” (gr, entolê), “preceito”, “ordem”, “comissão”, “ordem” (ver Salmo 19:8). Os mandamentos são os requerimentos específicos e individuais que a lei (gr, nomos) ordena aos homens. É a vontade de Deus que o homem reflicta o carácter divino, e esse carácter pode resumir-se na palavra “amor” (1ª João 4:7-12). Ao reflectir, ou seja o amor de Deus, amá-lo-emos sobre todas as coisas e a nosso próximo como a nós próprios (ver Mat. 22:37,39). Se perguntarmos como podemos expressar o nosso amor a Deus e ao nosso próximo, encontraremos a resposta dada por Deus nos Dez Mandamentos (Ex. 20:3-17), os quais foram explicados e exaltados por Cristo (ver Is. 42:21) no Sermão do Monte (Mat. 5:17-48). Todas as leis civis de Moisés no Antigo Testamento, explicam os requisitos divinos expostos nos Dez Mandamentos e ao aplica aos problemas práticos do viver diário. O jovem rico professava amar a Deus, mas, segundo Jesus, a verdadeira prova desse amor deve encontrar-se na forma como se trata o próximo (1ª João 4:20). “Se me amais – disse Jesus – guardareis os meus mandamentos” (João 14:15). Ou seja, se o jovem rico amasse verdadeiramente a Jesus, teria imensa alegria dar tudo o que tinha em troca de andar com o que tinha tudo.
6. Qual é a natureza da Lei de Deus?
Rª: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.” Romanos 7:14.
Conclusão (temos que continuar este assunto): O principal propósito de Paulo nesta passagem é mostrar a relação que existe entre a Lei, o Evangelho e a pessoa que, movida pela convicção, luta de forma persistente contra o pecado no sentido de se preparar para a salvação. A mensagem de Paulo é: a lei pode servir para intensificar a luta, só o Evangelho de Jesus Cristo pode proporcionar a vitória e o alívio. A intensidade da luta o momento do seu começo variam em cada individuo que, mediante a lei, tem consciência do pecado. É evidente que cada cristão pode reconhecer por experiencia pessoal que continua uma luta intensa desde a conversão e de ter renascido. A vida do apostolo Paulo era “um constante conflito consigo próprio…a sua vontade e os seus desejos estavam em constante conflito com o seu desejo e com a vontade de Deus” (Ministério de Curación, p. 358).

O SILÊNCIO DA NOITE

14 de fevereiro de 2011

O FRUTO DO ESPÍRITO

Foi Jesus o único que por nós se tornou santificação, e n´Ele nos somos “santos” (1ª Cor. 1:30; Ef. 1:1). Mas é pelo Espírito, ou seja, pela Sua presença espiritual em nós, que o Salvador nos santifica. No Novo Testamento é empregue mais de uma vez as expressões: “santificados pelo Espírito”, Rom. 15:16; 1ª Cor. 6:11, ou: “a santificação do Espírito”, 2ª Tes. 2:13 e 1ªPed. 1:2. Nós já referimos que a santificação se opera na medida em que temos o coração cheio do Espírito. Vamos ver agora a maneira como ela se realiza.
1. O Espírito comunica ao crente uma nova natureza.
Rª: Pedro diz que nós nos tornamos participantes da natureza divina: “Pelas quais, ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que, por elas, fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que, pela concupiscência, há no mundo.” 2ª Ped. 1:4.
Nota explicativa: O apóstolo Paulo umas vezes diz “Cristo em nós”, outras “o Espírito em nós”, e ainda o “homem novo”, para designar esta experiência do crente convertido (Col. 1:27; 1ª Cor. 6:19; Ef. 4:24). O homem novo não é simplesmente um homem regenerado, como poderíamos ser levados a pensar; recebemos uma nova natureza no momento em que se operou a regeneração. Ou seja estar cheio do Espírito Santo equivale a ser morada do Espírito. Tomemos um exemplo: uma árvore selvagem só produz maus frutos. Quando é enxertada ela recebe uma nova natureza, de outra qualidade, e começa a dar frutos de boa qualidade sem esforço.
2. O que são os frutos do Espírito Santo?
Rª: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” Gálatas 5:22,23.

9 de fevereiro de 2011

POR QUE O SÁBADO É MORAL

Dez razões bíblicas que definem a natureza moral do princípio sabático no quarto mandamento.
As dez razões apresentadas a seguir são algumas utilizadas inclusive por observadores do domingo para justificarem a validade e a vigência de um santo “Dia do Senhor”. Como não argumentam sobre um dia específico, e sim sobre o dever e benefício de o ser humano ter um dia semanal para santificar e dedicar a Deus, podem ser apresentados tanto em favor da observância do sábado como também a favor do domingo. O que esse pontos não provam é que o “Dia do Senhor” seja o sétimo dia ou o primeiro da semana. Se faz ou não sentido aplicar o princípio sabático nalgum desses dias específicos, isso já é outra questão. O presente artigo tem como finalidade apresentar somente os motivos para haver um “sábado” (dia de descanso) entre os sete da semana para adoração e santificação, provando que o princípio sabático do quarto mandamento tem natureza e caráter moral, quer seja aplicado no sétimo ou no primeiro dia.
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 1 — A obrigação original e universal da lei do sábado pode-se inferir pelo fato de ter encontrado lugar no Decálogo. Como todos os outros mandamentos naquela revelação fundamental dos deveres do homem para com Deus e para com seu próximo são morais e permanentes em sua obrigação. Seria incongruente e não natural que o quarto mandamento fosse uma exceção solidária. Este argumento não é desde cedo contestado com a resposta dada pelos defensores da doutrina oposta. O argumento, dizem eles, é válido só na suposição de “que a Lei Mosaica, devido a sua origem divina, seja de autoridade universal e permanente”. Não se poderia da mesma forma dizer que se o mandamento “Não furtarás” continua válido até hoje todo o conteúdo da Lei tem de ser mantido?
O catecismo editado pela “Casa Editora Presbiteriana” concorda quando diz:
2— O mandamento sabático está bem no coração dos Dez Mandamentos, a Lei Moral. Está na primeira das duas tábuas de pedra em que o Decálogo foi escrito, onde estão os preceitos morais que revelam o amor do homem para com Deus, que é resumido no mandamento mais importante de todos (Dt.6:5 / Lc.10:27), de forma que o quarto mandamento não é menos moral do que nenhum dos outros nove.
3 — Jesus reforçou o conceito de ser o sábado uma instituição divina estabelecida por Deus especificamente em função do homem (Mr.2:27), a fim de que servisse no aspecto físico, mental e espiritual. É o único mandamento que tem a ver com o amor para com Deus satisfazendo, ao mesmo tempo, a felicidade do homem. Nenhum mandamento cerimonial mereceu tal tratamento que é característica dos preceitos divinos.
4 — A natureza humana, em termos físicos e mentais, requer exatamente o que o preceito do sábado provê, e, como todos os preceitos morais, ele supre uma necessidade natural e universal da humanidade. Mediante proibição de todo trabalho servil, tanto dos homens como dos animais, estava designado para assegurar um repouso recuperativo para aqueles em que havia recaído a primeira maldição: “No suor do rosto comerás o teu pão” (Gn.3:19). É necessário que todos os homens e animais servis tenham tempo para recobrar suas forças. O repouso noturno diário não é suficiente para ele como nos asseguram os fisiologistas, e como tem demonstrado a experiência.
5 — Este mandamento não tem somente o propósito de provê o descanso físico, mas, principalmente, tem a finalidade de deter o curso da vida externa das pessoas e fazê-las voltar seus pensamentos para o invisível e espiritual. Os homens são tão propensos a submergir nas cosiam desse mundo que é da maior importância haver um dia de freqüente repetição em que lhes seja proibido pensar nas coisas desse mundo, e que os faça pensar nas coisas invisíveis e eternas. Sobre a natureza e a função da lei, que regula as relações das pessoas entre si, disciplinando os comportamentos externos, tem como critério a norma moral assente na natureza de Deus. A razão humana, por sua vez, é capaz de discerni-la, pelo menos nas suas exigências fundamentais, subindo assim até à Razão criadora de Deus que está na origem de todas as coisas. Esta norma moral deve regular as opções das consciências e guiar o comportamento dos seres humanos. Através do sábado todos os homens têm que parar em sua caminhada terrena e trabalho secular e são chamados a cessar e voltar seus pensamentos até Deus em Seu santo dia.
6 — O sábado cria o ambiente necessário para se manter um relacionamento mais íntimo com o Senhor e aproveitar momentos felizes com os amigos e a família, assim, aperfeiçoando e harmonizando o estado saudável da mente, da moral e do espiritual.
7 — O sábado tem o propósito de prover um tempo sagrado para ser dedicado a Deus, para a instrução do povo e para o culto especial e público ao Senhor. É de incalculável importância que os homens tenham tempo e oportunidade para a instrução e o culto religioso.
8 — O sábado indica como vai nosso estado espiritual. O Senhor viu que o mundo, ao decorrer da história, esqueceria e depois desprezaria este mandamento. Por isso que o mandamento começa com a palavra “lembra-te”. Deus nos fala para lembrar-nos dEle, não esquecendo deste mandamento. Deus sabia que nunca esqueceríamos os outros mandamentos se lembrássemos do mandamento do sábado, porque este nos ajudaria a desenvolver um relacionamento com Deus e aprofundar todos os outros.
9 — O sábado é a resposta ideal ao evangelho, porque se fundamenta sobre o princípio do descanso após uma obra concluída. Como na primeira criação Deus agiu, depois descansou de Sua obra numa sexta-feira, também na nova criação foi numa sexta-feira que Jesus consumou Sua perfeita obra de justiça e redenção, morrendo na cruz e descansando na tumba no dia de sábado. Pela segunda vez, houve um descansou no sétimo dia de uma obra terminada. Assim o sábado passou a ser não só memorial da criação como também memorial da redenção.
10 — Por este mandamento encontramos que nos profetas, assim como no Pentateuco, e nos livros históricos do Antigo Testamento, o sábado não é mencionado somente como “deleite”, mas que também é predita sua fiel observância como característica do período Messiânico. Como santo dia de descanso e separado para a relação com Deus, o sábado, que viria a ser o memorial da redenção, estava colocado para ser um tipo daquele repouso que é permanente para o povo de Deus, como vemos no Salmo 95:11, como o expõe o autor de Hebreus 4:1–10.

Conclusão: Sendo a natureza deste mandamento moral e não cerimonial, portanto é original e universal em sua obrigação. Nada pressupõe que os mandamentos “Não matarás” e “Não furtarás”, que foram primeiramente anunciados por Moisés, tenham deixado de ser mantido quando a antiga administração se desvaneceu. Uma lei moral é mantida pela sua própria natureza. Expressa uma obrigação que surge de nossa relação com Deus ou de nossas relações permanentes com nossos semelhantes. É mantida tanto se está promulgada ou não. Pois é moral no que se refere a um dia de repouso e cessação de atividades terrenas. É de obrigação moral que Deus e Suas grandes obras sejam expressamente relembradas. É um dever moral que o povo se reúna para instrução religiosa e para a adoração corporativa a Deus. Tudo isso era obrigatório antes da época de Moisés e havia sido mantido, embora o preceito escrito jamais houvesse existido. Tudo o que fez o quarto mandamento foi colocar esta obrigação natural e universal de uma forma concreta.

8 de fevereiro de 2011

DONS DO ESPÍRITO

OS dons do Espírito são as qualificações dadas pelo Espírito Santo a cada crente individualmente no sentido do serviço no contexto do Corpo de Cristo.
Paulo explica este assunto empregando a imagem do corpo e dos seus membros (1ª Cor. 12). O corpo é um e tem diferentes membros, diferentes mas todos indispensáveis, porque cada um preenche uma função que completa as outras. É igual para os crentes: eles são o corpo de Cristo e os Seus membros, cada um desempenha a sua parte; eles recebem cada um do Espírito o dom particular que corresponde à sua função, 1ª Cor. 12:27,11.
1. Quais são os dons espirituais?
Rª: ler 1ª Coríntios 12:4,8-19,28.
Nota explicativa:
1.1 O dom da sabedoria, v. 8.
1.2 O dom do conhecimento, v.8.
1.3 O dom da fé, v.9.
1.4 O dom da cura, v.9.
1.5 O dom dos milagres, v.10.
1.6 O dom de profecia, v.10.
1.7 O dom do discernir os espíritos, v.10.
1.8 O dom das línguas, v.10.
1.9 O dom da interpretação das línguas, v.10.
1.10 O dom do apostolado, v. 28.
1.11 O dom do ensinamento (doutor), v. 28.
1.12 O dom do socorro, v.28.
1.13 O dom de administrar, v.28.
Enfim, encontramos ainda:
1.14 O dom de evangelista, Ef. 4:11.
1.15 O dom de pastor, Ef. 4:11.
1.16 O dom da liberalidade, Rom. 12:8.
Encontra-se noutras passagens a menção a outros dons, e não é dito que esta enumeração esteja completa. Qualquer que seja a função à qual Deus chame, Ele dará imediatamente pelo Espírito a qualificação necessária.
2. Que escolhe o dom que devemos receber?
Rª: Diz a Bíblia: “Desejai os melhores dons”, 1ª Cor. 12:31, vou eu olhar para um dom especial, e dizer a Deus: “Senhor, eu quero a qualquer preço este dom. Orarei, lutarei, esperarei até que o tenha recebido”? muitas pessoas tem agido desta maneira, e caíram no desânimo (alguns perderam a fé), porque ela não receberam o dom que pediram. Se fossemos nós a escolher, gostaríamos do dom de governar (administrar), por exemplo. O ministério da Palavra não agrada a muitos, se o crente  falar na igreja não há mais nada para fazer (...). Se no corpo todos fossem a boca, provocaria uma cacofonia! Não, é Deus, é o Espírito que decide de forma soberana quais são as qualificações que nos são necessárias para exercer um ministério que só Ele conhece: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente, a cada um, como quer.” 1ª Coríntios 12:11.
3. Para que fim foram esses dons concedidos à Igreja?
Rª: “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo; Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente; Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos, em tudo, naquele que é a cabeça, Cristo.” Efésios 4:12-15
Nota explicativa: “aperfeiçoamento”, katartizõ usa-se em Mat. 4:21 em relação ao remendar ou cozer as redes, e em Gál. 6:1 refere a restauração dos que foram surpreendidos nalguma falta (cf. Cor. 1:10). Os dons tinham o propósito de “remendar” os santos e unir entre si. O acto de “aperfeiçoamento” implica, como o contexto o indica, um ministério organizado e um governo eclesiástico. Neste sentido os dons são para a organização, levar pessoas a Cristo e manter a Igreja unida.
4. Perguntamos: recebem todos os crentes o mesmo dom?
Rª: “Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;…” 1ª Cor. 12:8.
Nota explicativa: Em primeiro lugar, a mesma pessoa não tem todos os mesmos dons, como no corpo; o olho, o ouvido, a mão não exercem mais que uma função (ver 1ª Cor. 12:8-10; cf. Rom. 12:4-6).
Daí resulta que não podemos esperar receber um certo dom pelo simples facto doutros ao nosso lado o possuírem. Se é claro que não se recebem todos os dons ao mesmo tempo, é claro também, que nem todos recebem os mesmos dons (1ª Cor. 12:29,30). Saibamos assim: em primeiro lugar ser humildes e não nos exaltarmos do dom que nos foi concedido, seja ele qual for; em segundo lugar não olhar aos dons dos outros, mas procurar discernir de forma pessoal qual é a vontade de Deus e tudo d´Ele esperar e agir segundo a Sua vontade.
5. Há dons mais importantes uns que os outros?
Rª: Sim, porque Paulo na enumeração diz: “E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.” 1ª Cor. 12:28. Parece estabelecer uma graduação na importância dos diferentes dons. Reafirmada em 1ª Cor. 14:5 “E eu quero que todos vós faleis línguas estranhas, mas, muito mais, que profetizeis; porque, o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação.” E mais adiante: “…eu antes quero falar, na igreja, cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.” 1ª Cor. 14:19.
6. Os dons espirituais são dados em todas as épocas?
Nota explicativa: Os crentes ficam confusos pelo facto de que os dons de milagres, tão abundantes na época dos apóstolos, são menos frequentemente perceptíveis na nossa época; e muitos pensam que se a nossa fé fosse mais intensa veríamos as mesmas manifestações sobrenaturais produzirem-se hoje. É evidente que o poder de Deus não mudou, e que nós tivéssemos mais comunhão com Ele, este poder se manifestaria muito mais em nosso favor. Um exame cuidadoso dos textos bíblicos conduzem-nos a duas constatações: a) se percorrermos a lista dos dons espirituais que a maioria deles (sabedoria, conhecimento, fé; evangelistas, doutores, pastores; governo, socorro, liberalidade, etc.), nunca deixaram de ser concedidos aos fiéis na medida da sua fé. No entanto, eles são tão sobrenaturais como os dons ditos “milagrosos” pois provém do mesmo Espírito. Se os dons “milagrosos” (curas, milagres, profecia, línguas) faltaram em certas épocas, é bem provável que a causa, não sempre, mas a incredulidade dos homens, mas também, a vontade de Deus; b) no Antigo Testamento, como no Novo Testamento, Deus multiplicou os milagres em certos momentos precisos, por razões fáceis de compreender. Quando Ele chamou Israel a sair do Egito para o tornar Seu povo, quando lhes deu a Sua Lei no Sinai e lhes abriu a porta para entrarem na Terra prometida, Ele cumpriu através dos Seus servos sinais extraordinários; Ele manifestava deste modo a prova da Sua intervenção. Depois os milagres cessaram durante séculos, para reaparecerem no ministério de Elias e de Eliseu, num período de despertamento, mas também de infidelidade. Grande homens de Deus, tais como Abraão, David, João Baptista, não fizeram nenhum milagre, tanto quanto saibamos. No entanto, não é por incredulidade, tanto que é dito de João Baptista, por exemplo, ser o maior de todos os profetas (Mat. 11:11, João 10:41). Nos Evangelhos e no livro dos Actos dos Apóstolos, encontramos de novo numerosos milagres, selando o ministério de Jesus e dos Apóstolos.
Por esta razão, somos alertados, no final dos tempos: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” Mateus 24:24 (2ª Tes. 2:9,10; Apoc. 13:13,14). Estejamos pois de sobreaviso.
7. Serão os dons do Espírito sempre garantia de uma grande espiritualidade?
Rª: Infelizmente não. Por mais extraordinário que possa parecer, haverá “crentes” que manifestarão dons sem no entanto terem uma vida santificada. Paulo escreve aos Coríntios referindo que não lhes faltava nenhum dom; mas acrescenta, são carnais, incapazes de comida sólida (1ª Cor. 1:7,14; 3:1-3). Jesus afirma: “…nunca vos conheci…” (Mat. 7:22,23).
Conclusão: se estamos em busca ou na posse de algum dom do Espírito, lembremo-nos desta grande verdade: está a nossa vida em comunhão com Deus, o que conta para nós em primeiro lugar é essa relação com o Senhor? Porque o que nós somos aos Seus olhos é mais importante do que aquilo que fazemos. Amem.
José Carlos Costa, Pastor