30 de abril de 2010

NÃO HAVIA LUGAR

“E teve a seu filho primogénito; envolveu-o em faixas e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.” Lucas 2:7.
Quão melancólico é este registo do evangelista Lucas! Com efeito, havia lugar na hospedaria para os soldados de Roma, que tinham subjugado brutalmente o povo judeu; havia lugar para as filhas dos ricos mercadores do Oriente; havia lugar para os que vestiam roupas finas; para os que viviam nas casas do rei. Em suma, havia lugar para todos os que tinham uma moeda forte para dar ao estalajadeiro; mas não havia lugar para Aquele que veio para ser a “hospedaria de todos os corações” – sem lar no mundo! No recanto mais sujo do mundo – um estábulo – nasceu a Pureza!
“Quando o inventário da História estiver finalmente completo e escrita a última palavra do tempo, a linha mais triste será escrita: ´Não havia lugar na hospedaria´” Fulton Sheen.
A imaginação dos homens tem sido fértil no esforço de descobrir a causa ou as razões para a exclusão da família de Jesus da hospedaria de Belém, reservando-lhe apenas a manjedoura para o seu nascimento. Podemos fazer muitas conjecturas em torno de uma narrativa, tão sóbria e natural como esta, mas corremos o risco de estabelecer hipóteses que não se encontram nos Evangelhos.
“Porque não houve e não há lugar em muitos corações para Jesus, que está à porta?”
Não cremos que houvesse má vontade ou qualquer sentimento de hostilidade para com José, que, embora modesto carpinteiro, era da linhagem de David. Realmente, a hospedaria já estava lotada ou superlotada e não havia um lugar sequer, e isso é comum, especialmente nas pequenas cidades e vilas, em certas ocasiões festivas, movimentos cívicos ou políticos, e aqui, no caso, o serviço de alistamento ou recenseamento do povo, determinado por César Augusto. Por outro lado, ninguém conhecia o casal e nem podia prever a importância e a grandeza d´Aquele memorável evento e da pessoa que ia surgir ali, inesperadamente! Mas, e você tem lugar para Ele?

29 de abril de 2010

A PALAVRA VIVIFICANTE E REGENERADORA

“O que o pasto é para o animal, o lar para o homem, o ninho para o passarinho, os penhascos para os répteis, a água para os peixes, a Escritura Sagrada é para a alma dos crentes.” Martinho Lutero.
Por esta razão Pedro disse: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” João 6:68.
1. Qual é a natureza da Palavra de Deus?
R.: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” Hebreus 4:12.
Nota: A palavra a que se faz referência (lógos, ver João 1:1). Esta “palavra” é a que foi anunciada tanto ao antigo Israel como aos cristãos, foi e é ouvida por ambos (Heb. 4:2), especialmente no que diz respeito ao convite para entrar para o “repouso” de Deus. Como é claro no verso 2, esta “palavra” é equivalente à mensagem da “boa nova”; e em sentido mais geral, a “palavra” do verso 12 pode entender-se que inclui todos os escritos do Canon Sagrado, pois toda a Bíblia é a “Palavra” de Deus e apresenta a “boa nova” de Jesus Cristo.
Ela é “viva”, porque é necessária uma força viva e activa para criar no homem um coração novo e renovar um espírito recto no seu interior. Ela é ainda “eficaz” (energes), “efectiva”, “activa”, “poderosa” (cf.com 1ª Cor. 12:6). A Palavra de Deus tem poder para transformar pecadores em santos.
2. Que declarou Cristo serem as Suas palavras?
R.: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.”
3. Jesus também disse: “E sei que o seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exatamente como o Pai me ordenou.” João 12:50.
Nota: o homem que tem fome de Deus, como dizia Lutero, procura a” Escritura Sagrada” porque ela é pão “maná” para o crente.
4. Que palavras disse Jeremias a este respeito?
“Acharam-se as tuas palavras, e eu as comi; e as tuas palavras eram para mim o gozo e alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó Senhor Deus dos exércitos.” Jeremias 15:16.
Nota: o profeta Jeremias exprime aqui a sua vocação como porta-voz de Deus. Relata a sua admirável experiencia de desfrutar da comunhão com o Senhor. As Palavra que Deus lhe transmitia, tornavam-se em gozo e alegria no seu coração. Eram palavras mais “doces do que o mel” (cf. Salmo 19:10). Compare-se com o caso de Ezequiel 3:1,3.
5. Que nome é aplicado a Jesus, como sendo a revelação do pensamento de Deus na carne?
R.: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” João 1:1. “E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus.” Apocalipse 19:13.
6. Que estava no Verbo?
R.: “N´Ele estava a vida; e a vida era a luz dos homens.” João 1:4.
7. Como era Jesus chamado também?
R.: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida.” 1ª João 1:1.
8. Ao designar a Pedro o seu trabalho que instrução lhe deu Jesus?
R.: “Jesus disse-lhe: Apascenta (alimenta) as Minhas ovelhas.” João 21:17.
9. Que recomendação apostólica indica o modo em que esta ordem deve ser obedecida?
R.: “Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino; prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino.”
10. Como somos instruídos a orar tanto pelo alimento físico como pelo espiritual?
R.: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje.” Mateus 6:11.
Nota: Quando “o Verbo Se fez carne, e habitou entre nós,” o pensamento de Deus foi revelado na carne humana. Quando os homens santos de Deus “falaram inspirados pelo Espírito Santo,” o pensamento de Deus foi revelado em linguagem humana. A união do divino e do humano na manifestação do pensamento de Deus na carne é chamada “o mistério da piedade;” e há o mesmo mistério na união do pensamento divino à linguagem humana. As duas revelações de Deus, na carne e na linguagem humanas, são ambas chamadas a Palavra de Deus, e ambas são a Palavra da Vida. Aquele que deixa de encontrar a Cristo desta maneira nas Escrituras não se poderá alimentar da Palavra vivificante.
Deus o/a abençoe em Jesus. Amem.

27 de abril de 2010

CRISTO EM TODA A ESCRITURA

“Na Sua juventude, a madrugada e o crepúsculo vespertino muitas vezes O encontravam sozinho ao lado da montanha ou entre as árvores da florestas, passando uma hora silenciosa de oração e estudo da Palavra de Deus. Durante o Seu ministério, a grande familiaridade com as Escrituras testificam da Sua diligencia no estudo delas.” Educação, p. 184 – E.G.White.
1. De quem disse Cristo testificam as Escrituras?
R.: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim.” João 5:39.
Nota: “Examinai as Escrituras do Velho Testamento; porque elas testemunham de Cristo. Encontrá-l´O nelas é o verdadeiro e legítimo fim do seu estudo. Ser capaz de interpretá-las como Ele as interpretou é o melhor resultado de todo estudo bíblico.” Deão Alford.
“Examinais” esta passagem pode traduzir-se como uma simples afirmação: “Examinai as Escrituras”, ou como uma ordem: “Examinai as Escrituras!” O contexto parece indicar que o mais provável é uma simples declaração. Havia a ideia entre os judeus de uma crença que o conhecimento da lei garantia ao homem a vida eterna. Por exemplo, Hilel, rabino do século I a.C., afirmou “Quem tenha entesourado para si as palavras da Tora, adquiriu para si a vida do mundo futuro.” (Misnhah Aboth 2.7). Jesus refere-se a esta crença para lhes recordar que as Escrituras nas quais pensavam encontrar vida eterna eram precisamente os escritos que testemunhavam a Seu favor.
Jesus, simultaneamente, está a dizer se eles as tivessem analisado com os olhos da fé, teriam estariam preparados para O reconhecer como o Messias.
2. De quem escreveram Moisés e os profetas?
R.: “Felipe achou a Natanael, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.” João 1:45.
Helen Spurrel exprimiu o seguinte desejo para quem lesse a sua tradução da Bíblia: “Que muitos exclamem, como fez a tradutora ao estudar numerosos textos do original: ´Achei o Messias!´”
3. Que palavras dirigiu Jesus aos discípulos?
R.: “Então ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram! Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.” Lucas 24:25-27. (cf. Lucas 24:44).
Nota: Jesus chama aos discípulos “néscios” ou “insensatos”, quer dizer “com falta de inteligência”. Poderiam ter visto logo a verdade se os seus preconceitos não os tivessem embutido os seus entendimentos sobre os ensinamentos das Escrituras.
4. Onde encontramos na Bíblia a promessa do Redentor?
R.: “Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Génesis 3:14,15.
Nota: v.14 – A maldição do pecado é colocado não só sobre a serpente, mas também, sobre toda a criação animal, mesmo se a maldição sobre ela é maior que sobre os seus congéneres. A serpente, era o mais inteligente e belo das criaturas, ficou agora privada das asas e condenada, dali em diante, a arrastar-se sobre o pó.
Não se deve pensar que os animais irracionais foram alvos da ira de um Deus vingativo. Esta maldição foi para o benefício de Adão, um meio de o impressionar com a abrangência do pecado. Deve ter-lhe provocado intenso sofrimento contemplar essas criaturas – esperado que era que ele seria o seu protector – carregar os resultados do seu pecado. Sobre a serpente, que se tinha convertido para sempre no símbolo do mal, caiu uma maldição mais pesada; não tanto para que sofresse, mas para que também pudesse ser para o homem um símbolo dos resultados do pecado. Não é de admirar que a maioria dos seres humanos sentem repugnância e temor na presença de uma serpente.
“Porei inimizade”. Aqui o Senhor deixa de se dirigir à serpente literal que tinha falado a Eva, para pronunciar juízo sobre o diabo, a “antiga serpente”. Este juízo, expresso em linguagem profética, tem a Igreja cristã compreendido como uma predição sobre a vinda do Libertador.
“esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” - (ferir/shuf) – Esta palavra significa “esmagar”. É evidente que esmagar a cabeça é muito mais grave do que ferir o calcanhar “da semente da mulher” (Apocalipse 12:1-5; cf. Gálatas 3:16,19); foi Ele que veio desfazer as obras do diabo (Heb. 2:14; 1ª João 3:8).
A “semente” está no singular, indicando que não é uma multidão de desobedientes da mulher os que, em conjunto, se ocuparão em “esmagar” ou “ferir” a cabeça da serpente, mas um só individuo realizará essa obra.
Estas observações mostram claramente que neste anúncio está condensado a história do grande conflito entre Cristo e Satanás, uma batalha começou no céu (Apocalipse 12:7-9), continuou na terra, onde Cristo mais uma vez venceu Satanás (Hebreus 2:14), e terminará finalmente com a destruição do mal no final do milénio (Apocalipse 20:10). Cristo não saiu ileso desta batalha. Os sinais dos cravos nas suas mãos e pés, a cicatriz no lado serão um memorial eterno da tremenda luta na qual a serpente feriu a semente da mulher (João 20:25; Zacarias 13:6).
5. Em que palavras foi esta promessa renovada a Abraão?
R.:” ... na tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.” Génesis 22:18 (cf. Gén. 26:4; 28:14).
6. A quem se referia esta semente prometida?
R.: “Ora, a Abraão e a seu descendente foram feitas as promessas; não diz: E a seus descendentes, como falando de muitos, mas como de um só: E a teu descendente, que é Cristo.” Gálatas 3:16.
Nota: “seu descendente” ou “semente” o propósito do pacto de Deus com Abraão era a vinda do Messias e a salvação dos homens; todas as outras promessas eram acessórias. Havia grandes bênçãos para os Israelitas se cooperavam com Deus; mas infelizmente não cumpriram com a sua parte; por esta razão perderam o direito a desempenhar a sua missão como instrumentos do céu para a salvação do mundo. Apesar de tudo, Deus com imensa paciência superou os seus fracassos de tal maneira que o Messias veio à terra na plenitude dos tempos da descendência de Abraão.
• Ver Isaías 53.
• Ver Zacarias 11:12; Mateus 26:15.
• Salmo 22:1; Mateus 26:46.
• Salmo 31:5; Lucas 23:46
• Salmo 16:10; Actos 2:25-31.
• Salmo 98:8,9.
• Salmo 50:3-5.
7. Que é Cristo para o que foi renovado à imagem de Deus?
R.: “...onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre, mas Cristo é tudo em todos.” Colossenses 3:11.
Nota: Na vida cristã desaparecem todas as distinções e nacionalidade (Romanos 1:6; 10:12; Gálatas 3:28). Paulo repete esta verdade em todas as suas epístolas. Não há raças, nem escravos, não há barreiras sociais na esfera de Cristo, tanto mais é evidente, quanto permitamos que a energia criadora e redentora de Deus nos faça novas criaturas, porque pela sua vida, Cristo estabeleceu uma religião sem castas, graças à qual judeus e pagãos, livres e escravos estão unidos por um vinculo fraternal e de igualdade diante de Deus.
Não pode haver rivalidades ou inimizades entre os membros do corpo de Cristo. Jesus pertence a todos os seus santos. Ele é o ideal, a meta para a edificação do carácter de cada um, e também é o meio pelo qual unicamente se pode alcançar essa fraternidade de vencedores.

26 de abril de 2010

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 01

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 02

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 03

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 04

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 05

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 06

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 07

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 08

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 09

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 10

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 11

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 12

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 13

O SONHO DE DEUS É MAIOR - 14

O SONHO DE DEUS É MAIOR: COMO COMEÇOU O DOMINGO -15

SONDA-ME, USA-ME - MÚSICA

OUVINDO A VOZ DE DEUS - 16

22 de abril de 2010

COMO GANHAR A PARTIDA DA VIDA?

NA cena final desta alegórica representação do conflito do homem com os poderes das trevas, pintamos o feliz resultado de uma fiel vida cristã.
Satanás foi derrotado, e fugiu.
O leão adormecido, a aberta Palavra de Deus, a cruz e a coroa, tudo fala de vitória.
Em vez de se sentar desolado a chorar a derrota, o homem com animoso aspecto e grato coração, ergue os olhos ao céu, e regozija-se por ter enfrentado e vencido o seu inimigo mortal.
Em lugar dos horríveis monstros da parede, vêem-se querubins, tendo grinaldas pronta para colocar na fronte do vencedor, ao passo que o anjo, jubiloso, aponta ao vencedor o seu inexcedível galardão.
Esta é a partida que, conscientes, ou não, todos estão jogando. O resultado, em ambos os casos, depende da maneira como cada um enfrenta e trava o combate da vida, dia após dia. Todos podem ser vitoriosos, se assim quiserem.
“Sobretudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida.” Provérbios 4:23

21 de abril de 2010

O EXERCÍCIO DA AUTORIDADE

“Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.” Gálatas 5:22.

Se lermos as epístolas do apóstolo Paulo com espírito de oração, depressa chegamos à conclusão que um dos grandes obstáculos à vida cristã plena, é o autoritarismo.

Qualquer dicionário nos dará a seguinte definição da palavra “autoritário”, a pessoa “que usa com rigor de toda a sua autoridade, que domina de forma absoluta”. Os psicólogos preferem a designação “personalidade autoritária.”

O autoritário não é reconhecido como alguém que tenha grande personalidade, mas uma pessoa que sente grande falta de segurança, vive inseguro e usa a autoridade porque se sente realmente ameaçado.

Frequentemente o autoritarismo é a consequência de infância e adolescência inferiorizada, educação repressiva da parte dos pais.

A pessoa que não tem as referências de uma vivência equilibrada, não suporta as indefinições e usa e abusa do poder que lhe é dado como patrão, marido ou como pai.

Quando encontramos Jesus, passamos a ter os pontos de referência que eventualmente nos faltaram na nossa meninice. Vivendo com Jesus e adquirindo conhecimento diário na Sua Palavra encontramos o necessário para sabermos agir no nosso dia-a-dia e formar uma personalidade verdadeiramente bela e sem recalcamentos que provoquem estados de alma inferiorizantes.

O crente, que sente amor e reconhecimento pela Pessoa de Jesus, sabe que mesmo nos momentos mais difíceis da vida, não tem necessidade de cair nos extremos em que tudo é escuro ou claro. Sabe admitir que entre estas duas cores há uma infinidade de outras cores, e portanto mantém uma atitude confiante e equilibrada, certo de que o Senhor o ajudará a encontrar o caminho e a solução entre os dois extremos.

Todo o autoritarismo e especialmente, o autoritarismo religioso, torna-se intransigente, inflexível, sectário, porque age em função dele próprio, das suas ideias e critérios e considera-se infalível. Não é esta a verdade que encontramos em Jesus nem na Bíblia.

O cristão que vive a vida da fé autêntica, é capaz de mudar de ideias, de compreender, de escutar. Não fica preso a preconceitos e ideias fixas, como a mulher de Ló, que no desejo de olhar o passado e nele permanecer, parou e ficou reduzida a uma estátua de sal.

Jesus convida-nos a ser o sal e a luz do mundo. Nestes dois elementos, sal e luz, encontra-se o verdadeiro equilíbrio.

UM AMOR PATERNAL/MATERNAL

“Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.” Salmo 103:13

Compadecer ou ter compaixão. Se procurarmos num dicionário hebraico o significado desta palavra compaixão, dá-nos a palavra rehem, que na verdade quer dizer; útero, as entranhas da mulher onde é formado o filho.

Deus ama-nos com um amor concreto. Naturalmente bastaria, para compreender este amor, pensar como Ele o demonstrou dando o “Seu Filho Unigénito”, mas o termo bíblico coloca o amor de Deus nas Suas entranhas. É, pois, um amor com ternura maternal.

Deus é um pai que ama com a ternura de uma mãe, e a força protectora de um pai bondoso.

As sensações são as forças que motivam todo o comportamento do ser humano, por isso são necessárias ao equilíbrio emocional. Neste sentido é muito importante que o ser humano, desde a mais tenra idade até à velhice, sinta, perceba que é um ser amado. É no amor dos outros e nos julgamentos que fazem de nós que estabelecemos o respeito e os sentimentos por nós próprios.

Poderíamos perguntar: o que é uma sensação?

Gostaria que por instantes e antes de continuar a ler, parássemos e meditássemos por instantes no que é para nós uma sensação?

Para mim é um estado de excitamento de todo o organismo. Todo o corpo é envolto numa sensação de conforto, de protecção, de segurança, que nos permite enfrentar qualquer situação motivados por essa emoção.

Um jovem com esse sentimento de conforto, bom e agradável, pode percorrer grandes distâncias para ver a sua amada. A mãe dá-se até ao sacrifício pelo filho. O pai trabalha arduamente pelo bem-estar da família.

Quando a sensação é negativa como, por exemplo, quando uma pessoa se encoleriza, ocorrem grandes mudanças no seu organismo. Pode parar a digestão. A respiração torna-se mais rápida, profunda e irregular. A pressão sanguínea aumenta enquanto durar a emoção. O rosto altera-se. A pele transpira.

O Deus do céu diz: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.”

Que sensação de paz e segurança nos trazem estas palavras do Senhor! Saber que Ele nos ama com um amor eterno, isto é, para sempre, sem sofrer estados de alma variáveis. Que nos ama como somos, como estamos. Que agora e sempre continuará na soleira da porta à nossa espera para poder abraçar-nos, beijar-nos mesmo quando voltamos sujos. Meu Deus, muito obrigado por esse amor paternal/maternal.

Pode ser que, aqui na terra, os seres humanos não nos transmitam sentimentos de muita apreciação, mas o nosso coração pode estar tranquilo, em repouso completo, porque somos amados com um amor eterno.

Nem a morte pode quebrar as cordas que ligam este sentimento de Deus a cada um dos Seus filhos.

“Senhor, tu me sondaste, e me conheces. Tu conheces o meu sentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.” Continua a amar-me.

20 de abril de 2010

A PAZ É UM ESTADO PROGRESSIVO

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” João 14:27.

“A verdadeira paz é uma bênção do Evangelho, e somente do Evangelho.” Thomas Guthrie.

Recordo quando conheci Jesus e O aceitei como meu Salvador e Senhor. Esse tempo era para mim de intranquilidade e insegurança. Estes sentimentos impediam que tivesse a paz mental, emocional e até a paz do espírito.

Hoje dou graças a Deus porque evoluí, cresci espiritualmente e sei que posso confiar todos os meus problemas no Amigo Jesus e n’Ele repousar. Tenho no entanto que fazer uma confissão, que é ao mesmo tempo uma profunda convicção, e esta é: a paz conquista-se progressivamente.

Não foi porque os Israelitas atravessaram o rio Jordão que obtiveram de imediato toda a terra prometida. Também não é porque uma pessoa aceita Jesus como seu Salvador pessoal que alcança de uma só vez um estado de paz e alegria interior, mas vai obtendo estas bênçãos de forma progressiva, à medida que percorre o caminho ao lado de Jesus.

Caminhar com Jesus significa essencialmente confessarmos-Lhe tudo o que nos vai na alma. É verdade que Ele nos conhece e sabe bem o que se passa connosco, mas quando falamos com Ele abertamente estamos em primeiro lugar a tornarmo-nos conscientes daquilo que pode impedir de sermos possuídos pela paz. Vejamos os seguintes casos:

Porque Caim não confessou a inveja que sentia por Abel, seu irmão, não soube controlar os seus sentimentos e tornou-se o primeiro assassino.

Como Esaú era negligente e indiferente aos assuntos espirituais, que devem ocupar o primeiro lugar na vida de qualquer pessoa que deseje ter uma vida de equilíbrio interior, perdeu a bênção da progenitura, bênção que lhe conferia ser o patriarca ou príncipe do seu povo.

O orgulho de Saul levou-o a perder o reino de Israel.

A imoralidade de David levou-o a tornar-se um assassino, ao desgosto de perder um filho, e a perder o privilégio de construir a casa de Deus.

A paixão de Salomão por mulheres pagãs, tornou-o num idólatra das divindades pagãs.

O amor de Judas pelo dinheiro induziu-o a vender o Senhor e como consequência a suicidar-se.

Frequentemente o que nos impede de entrar na paz de Deus é o estarmos agarrados a problemas que ainda não depositámos nas mãos de Deus. Aceite o seguinte pensamento:

“Sempre que o homem reconhece e confessa ter pecado, ele livra-se do próprio pecado, como uma serpente se livra da sua velha pele.” Pensamento hindu.

O SENHOR QUER O CORAÇÃO

“Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos.” Provérbios 23:26.

Nas Sagradas Escrituras, o coração representa a personalidade, o carácter, tudo o que está escondido, enquanto que a alma e o corpo representam o exterior, o que se manifesta, o que pode ser percebido por quem observa. Quem nos olha vê não só o corpo físico mas as expressões reflectidas no rosto, nos gestos e nos olhos, que são manifestações da alma.

Se abrirmos uma Concordância bíblica e procurarmos a palavra “coração”, encontrá-la-emos 919 vezes. É impressionante! Pessoalmente não imaginara que fosse uma das palavras mais frequentes na Bíblia, até ter verificado por mim próprio.

É o coração que é “julgado” por Deus, é o coração que deve ser “circuncidado”, é o coração que deve ser “convertido”, é ele que deve “crer”, é no coração que Deus quer “escrever” a Sua Lei. No novo nascimento o crente recebe um “coração novo”.

Torna-se fácil de compreender que a Bíblia, ao falar de coração, não se refere especificamente ao órgão torácico, oco e muscular, de forma ovóide, que é o elemento central da circulação do sangue. Mas à parte profunda do ser, ao inconsciente e ao subconsciente. A Bíblia fala desta parte profunda do ser humano, antes que os médicos o tenham descoberto e escrito toneladas de livros. Deus já conhecia este jardim secreto, e é nele que quer passear-Se e connosco Se deleitar. Por isso Jesus diz: “Eis que estou à porta e bato...” A que porta está o Senhor a bater?

Devemos compreender que esta porta, na qual Jesus está a bater, é uma porta que pertence ao crente, ao que conhece a Palavra de Deus. Que porta é esta?

É, certamente, uma porta que está no interior do coração, uma parte profunda do ser humano. Porta interior que dá para o nosso carácter e que dá acesso ao que nos faz diferentes de todos os outros seres humanos, que nos faz seres únicos.

Ainda que a salvação que Deus oferece seja aparentemente aceite, Ele quer ter um encontro individualizado, tal como teve com Nicodemos ou com a mulher Samaritana, para nos falar do Seu amor, do Seu sacrifício e persuadir essa parte da pessoa, do subconsciente que comanda todo o comportamento humano.

Não persuade pela força ou pela violência, mas pelo Seu Espírito. Esta parte interior que é a sede das nossas decisões não pode ser forçada ou violada, mas respeitada. No entanto deve escolher a vida ou a morte: “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua casa.”Deuteronómio 30:19.

Talvez seja a nossa atitude indecisa que leva o Senhor a dizer: “Como dizes: rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.” Apocalipse 3:17.

Quem sabe se hoje sentimos a disponibilidade interior para nascer de novo e então possamos dizer: “Senhor, entra e ceia comigo e eu contigo. Há muito que ansiava abrir-Te a porta, mas por razões que são difíceis de especificar não o fiz. Desculpa ter-Te deixado tanto tempo à porta. Entra!

18 de abril de 2010

A ROCHA MAIS ALTA DO QUE EU

Senhor, leva-me para a Rocha que é mais alta,
Que é mais alta do que eu!
Vivo na planície, e sinto falta
De uma Rocha muito alta,
Que me eleve até ao Céu!

Pois que tens sido o meu refúgio, torre forte,
Dá que sinta, num transporte
De alegria, de certeza e segurança
Que minh’alma já descansa,
Bem firmada, sossegada,
Nessa Rocha que é bendita
E é tão alta que à alma aflita
Que se acolhe ao Seu abrigo,
Não assalta nenhum mal!

Ah, Senhor, leva-me, eu Te peço,
Ao recesso
Dessa Rocha que é mais alta,
Muito mais do que eu!
Leva-me, que sinto falta,
De uma Rocha que é mais alta,
Muito mais do que este servo Teu!

Luis Waldvogel
Oásis no Deserto, pág. 69

17 de abril de 2010

SOMOS ESPECIAIS PARA DEUS

“ Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Mateus 3:17

Esta foi a passagem bíblica que mais efeito fez na minha vida ao conhecer a Palavra de Deus: “Este é o meu Filho amado...”

Naturalmente que tenho consciência que é estas palavras foram dirigidas ao Santo Filho de Deus, Jesus Cristo. Mas, creio também que por Ele, Deus o Pai o diz de mim e de cada um dos Seus filhos. Não porque em nós haja algum mérito, mas pelo favor tão precioso do Salvador.

Este é o meu filho amado, costumo dizer referindo-me ao meu filho. Diria a mesmíssima coisa se tivesse mais. Porque os filhos são os olhos da nossa cara, a vida da nossa vida, por ele vivemos e nos alegramos, por eles vivemos e sofremos.
Deus tem muitos filhos, mas a Sagrada Escritura ensina-nos que Ele conhece a cada um de forma pessoal, conhece a rua e o lugar onde habitamos.

Jesus diz: “... e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.”
É importante ter a convicção que somos conhecidos de Deus, para poder ter a força de ser o que somos filhos de Deus.

Certamente que ao ter consciência que somos filhos de Deus, não pensaremos que somos mais ou superiores aos outros, mas transmite-nos o sentimento tão reconfortante de que temos o nosso nome “inscrito no livro da vida do Cordeiro.”
Que não somente estaremos com Jesus e com todos os remidos na Nova Terra, mas que terei uma personalidade nova, tal como a de Jesus Cristo.

E isto leva-nos a uma maior consagração e empenhamento em sermos embaixadores de Cristo. Embaixadores de Cristo, no nosso lar, no local onde viemos, onde trabalhamos, onde estudamos, em qualquer sítio, pertence-nos de forma individual demonstrar a alegria, a confiança por ser o que somos filhos de Deus, repito. E isto não por nós próprios mas porque dependemos de Deus.
O Senhor conhece as nossas capacidades e dotou-nos de dons que nos permitem ser uma ponte entre o céu e os seres que vivem e trilham esta terra onde o Diabo provoca tantas frustrações, desenganos, sofrimentos e morte.

Cristo requer a entrega sem reservas, o serviço não dividido. Exige o coração, a mente, a alma e as forças.

Deus conhece a minha força e a minha fraqueza e é colocando-nos ao Seu inteiro dispor, manifestando uma plena confiança na Sua pedagogia para a nossa vida, que nos desenvolvemos e somos aperfeiçoados como filhos amados em quem Deus se compraz.

Que neste dia pela acção do Espirito Santo, estejamos complemente livres e disponíveis para que todo o céu se regozije no nosso viver e caminhar para um serviço de entrega sem reserva e um serviço não dividido, e que o seja de toda a nossa mente, alma e forças.

FILHOS DE DEUS

“Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante.” Tito 1:6-8.

Ao ler este trecho da Bíblia, diga em voz alta o que é que pensou?
Tenho a certeza que disse: “Isto é para os pastores, padres ou responsáveis eclesiásticos...” Se me enganei peço desculpa. São muitas as vezes que tenho feito a pergunta e normalmente a resposta vai neste sentido.

No entanto estas são as características de uma pessoa saudável, que sabe ter relações amigas, abertas com os outros. Estes deveriam ser os traços de caracter de todo o ser humano; irrepreensível, sem soberba, sem “andar de mal com toda a gente”, sóbrio, respeitador da família, sem alimentar o desejo de ter mais que os outros. Aqui paro, (...) para realçar a hospitalidade, que grande necessidade nós temos de exercer este dom!

Quando vemos nos noticiários da Televisão, pessoas que durante a noite vão ao encontro dos chamados “sem abrigo”, levando-lhes a sopa, o pão e outros bens que lhes permitem sobreviverem.

Que importa se estas pessoas são da fé Católica, Adventista, ou organizações humanitárias? O importante é que exercem o dom do acolhimento. A hospitalidade não é só saber com gentileza receber em casa, mas certamente mais importante sair de casa para acolher no coração, os que necessitam de ser acolhidos.

Ser hospitaleiro, é também saber ser moderado, ouvir mais do que falar. E quando diz alguma coisa é agradável de ouvir, eleva espiritualmente. Que privilégio ter familiares, amigos e irmãos assim!

Justo, bom e temperante.

Naturalmente que estas são as qualidades que todo o homem, mulher ou jovem que se aproxima de Jesus e como Maria a irmã de Marta e Lázaro, e aí ficam sentados a escutar a voz que continua a falar, através do Espírito Santo e da Bíblia e que entram na nossa consciência e a revitalizam e inspiram: alegria, paz, paciência, amabilidade, espirito de serviço, a bondade, a generosidade, a fidelidade, a confiança nos outros, a modéstia, a humildade, o domínio de si próprio.

Atingir esta perfeição só é possível com a ajuda do grande Escultor. Conta-se que um escultor tentava esculpir um bloco de pedra mármore, mas cansado de martelar e ver que nada de jeito saia, lançou-o para trás de um velho armazém entre apodrecidos bocados de madeira.
Um dia Miguel Angelo, passou por ali, e achou aquele bloco de mármore muito interessante, pensou ele, logo o começou a esculpir e dali saiu a famosíssima estatua de Davi, o jovem pastor, que se encontra no Museu de Florença em Itália.

A nossa vida pode parecer-nos que não tem sentido, e que pouco há a fazer, se porém nela deixar-mos que O famoso Escultor trabalhe, desta pedra sem grande jeito que somos nós, podemos estar certos que sairá, uma peça única e útil, seremos inclusive, uma inspiração para muitas outras pedras que se sentem rejeitadas. E seremos filhos de Deus.

A RENOVAÇÃO DA ALMA

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2

Toda a Palavra de Deus e em particular as epístolas do Apostolo São Paulo, apresentam-se como um apelo revestido da mais profunda veemência a todo o cristão, a viver a vida da fé!

Este apelo foi dirigido aos crentes contemporâneos dos Apóstolos, mas ele não perdeu a sua intensidade nestes últimos tempos, bem pelo contrario, deve ecoar nas nossas vidas com mais vigor ainda.

O versículo que nos serve de reflexão, é a suplica do servo de Deus, a que deixemos que o Senhor reine nas nossas vidas, ou seja, no nosso ser completo: corpo, alma e espirito.

A verdade porem, é que segundo o apóstolo Paulo o que deve ser “renovado” é o nosso “entendimento”. O entendimento é a sede das nossas decisões, dos nossos pensamentos, da nossas emoções, é a parte volitiva do ser, a alma.

Há por ventura, alguém que não tenha declarado, ao menos uma vez na vida! “Amo-te de toda a minha alma”. Querendo com isto dizer, com toda as energias da vontade; o querer, a determinação, com a inteligência; a faculdade de conhecer e compreender e com os sentimentos; sensibilidade, afectos, numa só palavra: a alma.

O Espirito Santo, quer agir no nosso entendimento para o renovar. A palavra renovar em grego é “metamorfose”. Que é apresentada em São Mateus 17:2 para a transfiguração de Jesus, leiamos: “E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol e os seus vestidos se tornaram brancos como a luz.” E em 2° de Corintios 3:18, o Apostolo aplica esta mesma palavra “metamorfose” ao crente: “Mas todos nós, com cara descoberta, reflectindo como um espelho a gloria do Senhor, somos transformados de gloria em gloria na mesma imagem, como pelo Espirito do Senhor.”

Há uma diferença fundamental entre copiar, ou imitar e ser transformado, passar pela metamorfose. A imitação é parecer-se com alguém que admiramos, adquirimos os mesmos hábitos: vestir, andar, comer, enfim os mesmos gestos.

A transformação é uma renovação, isto toca o nosso ser interior, o nosso intimo, é motivada pelo amor. O amor que Jesus nos tem. Voltamos ao entendimento e como dizíamos é: vontade, a inteligência e os sentimentos. É justamente nestas partes vitais que o Espirito do Senhor quer entrar afim de corrigir o que Satanás alterou e orientar-nos na direcção certa, a direcção do céu.

Isto não significa que o Espirito Santo queira anular a nossa vontade, a nossa inteligência e muito menos os nossos sentimentos, o que Ele deseja é refina-los, purifica-los de toda a poeira e sujidade do pecado, limpar-nos dos complexos e dos medos, para que enfim entremos em sintonia com Deus, Ele é o que protege a nossa vida.

Estar em sintonia com Deus, é ter a Palavra de Deus como companheira e referência de vida, tal como diz o salmista:
“ A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices.” Salmo 19:7.

15 de abril de 2010

AMAR DEUS: PRIMEIRO PASSO

“O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios.” Cantares de Salomão 2:16

Cantares de Salomão é um livro magnífico. Conta a história do amor de um jovem pela sua noiva. Esta história é, em termos espirituais, o amor de Jesus pela Sua noiva muito amada, por quem deu a vida a fim de a resgatar das mãos do inimigo. Esta noiva é a Igreja.

O texto, que é a base da nossa meditação, faz referência à jovem. Quando ela fala, diz: “O meu amado é meu, e eu sou dele”. Se continuássemos a ler o capítulo 3:1-4, verificaríamos que a primeira pessoa do singular se multiplica: “De noite (eu) busquei... a quem (eu) amo... (eu) levantar-me-ei... (eu) rodearei... (eu) buscarei... (eu) busquei-o... (eu) não o achei, etc.

A primeira pessoa do singular que apresentamos refere-se exclusivamente ao capítulo 3:1 e 2. Dá, no entanto, para compreender que a noiva antes de ver o noivo vê-se a ela própria. O noivo é a segunda pessoa, ela é a primeira.

Representa o crente em busca do Senhor. Em busca do que o Senhor pode fazer por ele, e não tanto por aquilo que ele está pronto a fazer pelo Senhor. É o amor necessidade, ou amor gratidão. É um amor bom e naturalmente legítimo. Deus aceita este tipo de amor, mas é o amor primitivo, é o amor na sua simplicidade, é o amor da criança que dependente, ama porque recebe.

Então é um amor revestido de egoísmo. Amo Deus na medida em que recebo bênçãos, em que as coisas correm bem. Se recebo muito, amo muito, se recebo pouco, amo pouco. Este amor gratidão, Deus não o recusa mas pretende conduzir-nos para um outro estado, para uma fase muito mais amadurecida do amor.

Este amor leva-me a pensar na mulher de Jó. Enquanto tinha os seus filhos, (apesar do marido ter de oferecer sacrifícios diários por eles) os bois, os camelos, a casa e o marido com saúde, tudo bem. Mas quando estas coisas desapareceram, aconselhou o marido: “Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre.”

Jó, porém, fica firme como uma rocha, confiando n’Aquele que tudo lhe tinha dado. Ele sente pelo Senhor um amor sincero e fiel.

Na passagem da nossa meditação, o noivo afastou-se da noiva, porque é necessário que ela aprenda, é preciso conduzi-la a um outro nível de amor, amor que ela desconhece.

São as circunstâncias, os problemas, a solidão, a frustração, o desamparo de seres que amamos, espinhos que o Senhor permite para que purifiquem o nosso amor por Ele. O apóstolo Paulo exclamava: “Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus.”

Quando nos convertemos, sentimos paz, alegria, prazer por sermos estimados pela nossa comunidade. Sentimos que é uma graça extraordinária. É o primeiro amor.

Mas quando estas coisas desaparecem, devemos saber que Deus não deixou de amar-nos. Ele permite simplesmente que avancemos no nosso amor, que olhemos mais para Jesus. Só Ele é o “autor e consumador da nossa fé” (Hebreus 12:2).

14 de abril de 2010

AMAR DEUS: SEGUNDO PASSO

“Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele se alimenta entre os lírios.”
Cantares de Salomão 6:3

No capítulo 5:10, diz: “O meu amado é cândido...” e o versículo 16, “O seu falar é muitíssimo suave; sim ele é totalmente desejável.”

Aqui a jovem noiva manifesta admiração, um certo orgulho pelo seu amado. Ele distingue-se entre dez mil.

O seu egoísmo dilui-se, pensa mais nele do que nela. Inverteu a declaração: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu.”

No entanto nota-se ainda a noção do dar e do receber. Mas, é um passo no progresso do amar a Deus. Ama Deus porque é Deus, porque deseja pertencer-Lhe. A admiração tem uma razão lógica: o amado é belo, cândido, o Seu falar é muito suave. Este estado do amor pelo Senhor é maravilhoso, ama-se por tudo o que Ele é. É o amor admiração.

Mas o amor autêntico deve ir além deste estado. O amor genuíno é mais que admirar, ou ter simpatia.

O amor gratidão e admiração têm uma coisa em comum: amamos “porque”. Amamos porque necessitamos das bênçãos do Senhor e amamos porque é bom estar na Sua companhia.

O amor que tem como base uma justificação, é um amor racional e ainda não chegou a um estado de verdadeira pureza.

Falar de amor hoje é uma coisa comum, para não dizer vulgar. O amor é recitado em belos poemas, canta-se o amor e até se chora diante de uma telenovela romântica, que não tem nenhum conteúdo de verdade. No entanto, se na rua uma velhinha pobre e andrajosa nos estender a mão suplicante e rogar: “Dê-me qualquer coisinha”. Olhamos para o lado na nossa arrogante indiferença e à noite voltamos a chorar diante da telenovela!

O puro e autêntico amor é mais do que um sentimento ou uma grande admiração. Quantos maridos dizem amar e admirar as suas esposas e no entanto agem de modo a anulá-las, tratam-nas sem o mínimo dos afectos?

O amor para o qual Cristo quer conduzir a Sua noiva nasce da contemplação:

“A contemplação do Seu amor, manifestado no Seu Filho, comoverá o coração e despertará as energias da alma como nenhuma outra coisa o poderia fazer.” Desejado de Todas as Nações, p. 360.

Este é o segundo passo no crescimento do amor por Aquele que aceita o amor gratidão, admiração, mas deseja no entanto, e pela contemplação do sublime sacrifício de Jesus, que cheguemos ao amor dádiva generosa.

Chegados a este ponto, seria bom que fizéssemos um exame introspectivo no sentido de avaliar os nossos amores (pelo marido, mulher, família, pelos membros da minha igreja e por Deus).

Esta avaliação deve ter a seguinte formulação:

• Será que coloco o outro em primeiro lugar?
• Será que me esqueço dos outros?
• Será que me dou acolhendo sem reserva a vontade de Deus?
• Qual é a Sua vontade para mim?

12 de abril de 2010

TERCEIRO PASSO: GENUÍNO AMOR

“Eu sou do meu amado, e ele me tem afeição.” Cantares de Salomão 7:11

Agora a noiva ultrapassa os sentimentos de gratidão e admiração. Ela é do seu amado, ponto final, não dá explicações, simplesmente pertence-Lhe.

O crente, quando chega a este estado do amor, não justifica a razão da sua generosidade ou porque observa os mandamentos. Nem sequer justifica porque quer ir para o Céu. Simplesmente ama!

Não existe “eu faço isto porque...”, “Eu amo a Deus porque...” Não existem “porquês” na sua vida, existe consagração. Não procura o seu interesse mas os interesses do Pai. Jesus quando aos doze anos foi pela primeira vez à festa da Páscoa e em vez de seguir viagem, terminadas as cerimónias, ficou a discutir com os doutores da Lei, e quando três dias depois os seus pais O encontraram, preocupados, Lhe perguntam: “Filho porque fizeste assim para connosco?” Jesus não explicou. Simplesmente respondeu: “Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?”

Jesus com doze anos tinha pelo Seu Pai um amor perfeito.

Assim era o amor de Abraão pelo Senhor. Quando lhe foi pedido o filho, não hesitou em Lho oferecer. Abraão é chamado “o amigo de Deus ”. Porque ele viveu esse elevado nível do amor, de dar sem questionar o que tinha de mais precioso: Isaque.

Em Cantares 8:5 lemos: “Quem é esta que sobe do deserto, e vem encostada tão aprazivelmente ao seu amado?” O deserto são todas as angústias, todas as adversidades da vida (amizades traídas, doenças, solidão, incompreensões e todo o rol de amarguras) que Deus pode permitir com o objectivo de nos apoiarmos n’Ele.

É possível avançar nestas três etapas do amor, mas unicamente apoiados no Senhor, senão quando as provas vierem, quer sejam dificuldades na observância dos mandamentos de Deus, quer sejam problemas familiares, ou a doença, tomaremos a atitude de Pedro que, enquanto Jesus era levado preso “O seguia de longe”.

Se confiarmos plenamente no Amado, a nossa vida deixará de ser uma tentativa a mais para progredir no amor de Deus, mas será uma experiência de amor com e por Deus.

Contentar-nos-emos com um amor limitado?

Não poderemos amar verdadeiramente e totalmente os nossos queridos, os nossos vizinhos, os nossos colegas, os nossos irmãos, não poderemos resolver problemas do nosso passado se não abrirmos de par em par o nosso coração a Deus.

“Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” Apocalipse 3:20

Jesus é realmente um Noivo cândido, e o Seu falar é muitíssimo suave, Ele é totalmente desejável. Ele não fica de longe à espera do nosso amor, mas percorre toda a distância que nos possa separar d’Ele para vir bater à nossa porta e convidar-nos a experimentar a Sua companhia.

Amado Senhor, fica comigo, nesta humilde morada, e permanece aí para sempre, porque és mui Desejável!

10 de abril de 2010

FÉ - FONTE DE ALEGRIA

“Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! ” Jeremias 17:5

Quantas frustrações, tristezas e dores acontecem na nossa vida, porque confiamos em nós próprios e não no Senhor!

Quantos crentes dizem: “Pensamento positivo e em frente!” Isto é muito lindo de dizer e, na realidade, é a atitude que está subjacente na sociedade moderna que está impregnada da filosofia da Nova Era.

Porém esta filosofia tem a sua origem e o centro do poder na mente humana que rapidamente se esgota. O resultado são as frustrações, a perda dos estímulos, a depreciação pela vida.

Não estou a dizer que ter pensamentos positivos não é bom! Mas quando analiso a minha própria experiência e leio a minha Bíblia, concluo que a única fonte de poder é Jesus. Ele disse: “...porque sem mim nada podeis fazer.” Ele não diz, “tenham fé em vós mesmos”, mas diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.”

E o livro dos Salmos: “Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e ele te susterá; nunca permitirá que o justo seja abalado.”(Salmo 55:22) No versículo 17, lemos: “De tarde e de manhã e ao meio-dia orarei, e clamarei; e ele ouvirá a minha voz.”

Quando repousamos em Cristo e Ele permanece em nós através do Seu Espírito, não temos necessidade de fazer grandes esforços para sentirmos auto-estima, e apreciação pelos outros, porque este amor é fruto do Espírito Santo, que floresce, cresce e amadurece naturalmente no que confia. Isto não é obra de um momento. Mas à semelhança do que se passa numa árvore depois do Inverno, vem o período primaveril com os rebentos, as folhas, as flores, os frutos e o respectivo amadurecimento.

Quando a nossa permanência em Cristo é constante, o fruto leva todo o período da nossa vida a amadurecer. Necessitará ainda de toda a eternidade para chegar à plenitude da perfeição.

Mas aqui e agora, devo estimar-me porque Deus me ama, porque sou para Ele como “a menina dos seus olhos”, porque Ele afirma que me tem “gravado nas palmas das Suas mãos”. Portanto posso confiar n’Ele e só n’Ele. Não há razão para viver deprimido, ou desgostoso, ainda que o Diabo venha acusar-me de ser pecador e incapaz de ter a consideração de Deus.

Olhando para os que acusavam Maria Madalena, vemos como Jesus revelou a Sua graça a esta pecadora arrependida e como os publicanos e fariseus que pensavam ter razões mais do que suficientes para se considerarem e serem estimados, foram despedidos por Jesus, conscientes de que não compreendiam a dimensão do amor e estima que Deus tem por todo aquele que olha arrependido para o Salvador e que n’Ele confia.

Podemos viver este dia certos do amor de Jesus e de que Ele quer que partilhemos esta estima com alguém. Cristo é a nossa vida.

7 de abril de 2010

JESUS AMA E PROTEGE

“E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.” Mateus 10:30

O ritmo de vida desenfreado ao qual estamos sujeitos quotidianamente leva-nos, com frequência, a desenvolver sentimentos terrivelmente negativos, tais como, “não consigo sentir-me realizado(a)”, “não presto”, “a minha vida não tem nenhum sentido”, “vale mais morrer que viver”.

Estes sentimentos amarguram-nos e quase sempre impedem que realizemos projectos, que revelemos dons que Deus graciosamente nos deu, que exprimamos sentimentos de amor, de gratidão. Impedem-nos de oferecer sorrisos que fariam a nossa família e os que connosco privam muito mais felizes, o que contribuiria para o nosso próprio bem-estar. E levar-nos-ia a sermos muito mais úteis no nosso lar, na nossa igreja e até na nossa vida profissional.

A verdade, porém, é que estes sentimentos negativos que habitam o nosso emocional, não são propriedade particular, são herança de todo o ser humano, e até de homens e mulheres da Bíblia, só que estes, aproximando-se de Deus, descobriram que eram pessoas particulares e únicas para Ele. E em consequência disso as suas vidas foram radicalmente transformadas.

Penso no caso de David. Era membro de uma família de oito irmãos. O mais novo, cuja missão era guardar as poucas ovelhas do seu pai. Convenhamos que não era missão fácil. Os restantes membros da família certamente que eram agricultores. Havia animais para lavrar a terra, semeavam, esperavam que a colheita crescesse, colhiam, tudo isto dividido por sete irmãos e o pai a ajudar... até deveria ser interessante; conversavam, riam, comiam a horas certas, etc.

David, não tinha nada disto.

Um dia o profeta Samuel vai a casa do pai de David, de nome Jessé, para escolher, entre os oito, um rei. A verdade, porém, é que os únicos que são apresentados são os sete irmãos mais velhos e nenhum deles era o escolhido de Deus. O profeta, confundido, pergunta: “Acabaram-se os mancebos?” Queria dizer: “O que é que se passa aqui? O Senhor que não Se engana mandou-me escolher um rei entre os teus filhos, mas nenhum destes é o escolhido, será que Deus mudou de ideias?”

Deus não tinha mudado de ideias, mas David, tinha sido literalmente ignorado pela família. Eu não digo que eles o não amassem, mas não lhe reconheciam valor, inteligência, habilidade. Era muito novo para ser rei de Israel!

Esta atitude dos seus pais e irmãos era conhecida de David e era para ele um espinho na carne. Ele chega mesmo a considerar-se: “...a quem persegues? A um cão morto? A uma pulga?” (I Samuel 24:14).

Um cão morto, uma pulga! Que valor tem um cão morto ou uma pulga? Nenhum! Estas palavras revelam recalcamento, frustração, memória ferida, certamente provocada por palavras que o desconsideravam. Mas um dia ele conheceu o sublime amor de Deus, teve consciência que era um ser maravilhoso e único para o seu querido Criador.

E então exprime palavras de gratidão, de louvor, de libertação. Leia o Salmo 139:15-17. Isto é também para si. Somos, para o nosso Pai, um ser único!

5 de abril de 2010

PRISIONEIROS EM LIBERDADE

“Como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso, ou como se, entrando numa casa, a sua mão encostasse à parede e fosse mordido de uma cobra.” Amós 5:19

Já alguma vez tinham lido este versículo? Claro que sim! Ele descreve o percurso do cristão, sempre perseguido por Satanás. Seria grande ingenuidade se pensássemos que com a conversão estaríamos para sempre longe dos problemas. Não, o Inimigo tem muitos defeitos, mas também tem uma grande qualidade: a perseverança.

Ele detesta que o cristão seja feliz, sinta a paz de uma consciência perdoada e lavada pelo sangue de Jesus. E deste modo, porque ele não quer que sigamos o Bom Pastor, ele é o “salteador”, que entra no curral (a igreja ou o nosso próprio coração) para ferir e matar.

Uma das coisas que mais prazer lhe dá, é provocar dúvidas, em particular sobre a Palavra de Deus: “Será que é mesmo assim?” ou “Também não se pode seguir tudo à risca”, e tantas outras observações que ele tenta introduzir na nossa mente.

Às vezes, ele coloca obstáculos no trabalho, na observância do Sábado, em colegas que ironizam o novo estilo de vida, tudo com a intenção de fazer vacilar o filho de Deus e levá-lo ao desânimo. Muitas vezes, infelizmente, tem êxito.

Outras vezes, são hábitos, vícios, que o crente nunca abandonou completamente. É aí que ele vai perseguir e tentar arruinar a vida da fé. Pode até ser que o crente observe o Sábado, seja generoso em ofertas e dízimos, frequente todos os Sábados a igreja, mas se ele não pode ser o leão que ruge e nos afasta do Pastor, ele será o urso que, de forma calma e aparentemente pacífica, acabará por abocanhar e eliminar a fé.

Pode ser que seja simplesmente uma simples fissura no nosso carácter, como dizíamos mais acima, um hábito ou um vício não vencido. Ele entrará por aí. Quando pensamos estar a salvo dentro de casa, a serpente está ali e pica com veneno mortal.

Pode ser simplesmente o orgulho, espírito crítico, espírito possessivo, um carácter inflexível, espírito de rivalidade, sentimento de não ter sido bem aceite pelos outros membros da igreja, timidez ou sentimento de superioridade. Uma destas coisas pode ser a brecha onde ele está escondido que acabará por separar-nos do caminho da paz e da esperança eterna.

Não sou a favor da meditação do tipo de criar vazio na mente. Essa é de origem diabólica. Mas penso que o exame introspectivo, no sossego da Natureza, o orar e falar com Deus de uma forma introspectiva é absolutamente necessário, para sabermos onde estamos, que caminhos percorremos. E, com a ajuda do Espírito de Deus, fazer correcções que o Senhor nos mostre que devem ser feitas e fazê-las com firmeza e fé.

Todo o Desbravador sabe utilizar uma bússola. É, realmente, um instrumento muito útil porque indica sempre o Norte magnético. A Bíblia é a bússola do cristão que sempre aponta para a Cruz do Calvário: “O diamante não brilha com fulgor enquanto não for burilado. Quando formos burilados pela cruz, brilharemos como jóias no Reino de Deus.” Sadu Sundar

3 de abril de 2010

SEGUIR JESUS, HOJE


“E, passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na alfândega, e disse-lhe: Segue-Me. E, levantando-se, O seguiu.” Marcos 2:14

“Cada alma é tão perfeitamente conhecida por Jesus, como se fora ela a única por quem o Salvador tivesse morrido. As penas de cada uma tocam-Lhe o coração. O grito de socorro chega-Lhe ao ouvido. Veio para atrair a Si todos os homens. Ordena-lhes: “Segue-Me”, e o Seu Espírito comove a sua alma, atraindo-os para Ele. Muitos recusam ser atraídos.” O Desejado de todas as Nações, p. 361.

Não há um único ser humano que seja desconhecido a Jesus. Ele preocupa-Se com cada um como se fosse o único a viver neste planeta pisado por Satanás.

Servindo-Se da Sua multiforme graça convida Ele cada um a segui-l’O e a conviver com Ele. É verdade que a nossa atitude nem sempre é a de Levi que, ouvindo o chamado, deixou tudo e seguiu o Senhor. Alguns de nós aceitamos o convite de uma forma progressiva.

É como quando recebemos alguém em nossa casa. A primeira vez levamos a pessoa para a sala de jantar, conversamos sobre assuntos sem muita importância. Mais tarde, e à medida que o conhecimento se torna amizade, já a não levamos para a sala de jantar mas conversamos na cozinha. Pode até acontecer que se realmente esta pessoa conquistou a nossa confiança, não existam mais segredos entre nós.

Jesus quer ganhar a nossa confiança de forma progressiva, quer que as reticências desapareçam e que Ele entre nos lugares mais secretos do nosso ser, que partilhemos, sem hesitação, as nossas alegrias e temores.

E é nesta partilha confiante que Ele pode curar e restaurar tudo o que nos provocou traumatismos e medos.

Quando lemos os Evangelhos, encontramos seis níveis de amizade que podemos ter com Jesus:

A primeira, é aquela que tinha a multidão que O seguia para presenciar os milagres, a cura dos cegos, dos paralíticos, dos surdos e principalmente porque Jesus era conhecido por poder multiplicar o pão e o peixe. Por puro interesse.

A segunda, é a amizade que tinha um grupo numeroso de discípulos, que O seguiam para onde quer que fosse. Mas quando as coisas começaram a correr mal, Jesus passou a ser perseguido, abandonaram-n’O. Superficial.

A terceira, é a amizade dos 70. Estes participavam na obra de Jesus. Iam mesmo adiante d’Ele preparando e anunciando nos lugares onde iria passar. Amizade participativa.

A quarta, é a amizade dos doze discípulos escolhidos por Jesus. Estes estavam constantemente com Jesus, aprendiam vendo como Jesus fazia. Amizade acolhedora.

A quinta, é a amizade de Pedro, João e André. Só estes viveram momentos privilegiados, como seja a transfiguração e o Getsémani. Amizade sincera e de total disponibilidade.

A sexta, é a amizade do “discípulo que Jesus amava”. A amizade de João por Jesus. Ele amava tanto o Senhor, que chegou a pensar que Jesus o amava mais do que aos outros. Reclinava a cabeça confiantemente no peito de Jesus. Qual destas é a sua amizade por Jesus?

ORAR É UM ÊXODO INTERIOR

“E falava o Senhor a Moisés cara a cara, como qualquer fala com o seu amigo.”
(Êxodo 33:11)

Orar é aceitar o convite da parábola da grande ceia (Lucas 14:15-24). Uma vez certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos, mas todos recusaram sair para comer com ele.

Todos os convidados estavam demasiado “ocupados” para passar algumas horas com aquele anfitrião amável, que oferecia não só de comer mas até o seu próprio lar. Quantas vezes assumimos a mesma atitude? Estamos tão ocupados que não temos tempo para estar com o Senhor? (Ele é o Anfitrião).

No entanto, a prece deveria ser a nossa primeira urgência. Não sei se têm o hábito de apontar, na vossa agenda, os encontros, os afazeres do dia seguinte! Há anos que faço isso. Devo, no entanto, confessar que nunca coloquei na minha agenda, como primeira prioridade, estar com Deus, logo pela manhã.

Recordo uma experiência que ouvi do Dr. Posse contar, na altura, director do Colégio Adventista de Sagunto. “Um dia – contava ele – quando descia da minha casa que ficava na montanha, ouvi alguém falar. Fui-me aproximando lentamente e encontrei o José Carlos de joelhos, a orar. Era muito cedo e fiquei surpreendido.”

Esta experiência é autêntica, mas a verdade é que na minha agenda o Senhor não é colocado como a primeira prioridade. Mas desejo fazê-lo porque na minha alma existe constante necessidade da Sua presença.

Orar é praticar o êxodo interior. Quando pensamos em êxodo o nosso pensamento é conduzido à fuga dos Israelitas do Egipto, à saída, ao abandono de uma terra onde eram escravos para uma terra de liberdade. Terra oferecida e preparada pelo Senhor. Uma terra que manava leite e mel.

Realmente é este o convite que Deus nos dirige hoje, a deixarmos algumas fracções de tempo do nosso dia, para praticarmos um verdadeiro êxodo interior, um abandono das preocupações das quais a vida nos fez prisioneiros e sair ao encontro da leitura da Palavra de Deus, da oração, da meditação, a ter um lugar à mesa com o Senhor.

Então o Senhor vem ao nosso encontro, porque Ele sabe que o nosso êxodo é um êxodo apressado, urgente, mas mesmo assim quisemos estar com Ele “face a face”. Ele compreende as nossas urgências e nesse pouco tempo dar-nos-á a porção necessária, porque na pressão das urgências, nós decidimos comer com Ele.

É pouco mais do que um gesto, mas há gestos que dizem mais do que longos discursos. Quem é que não experimentou mais conforto e ânimo num abraço, num sorriso, do que num longo e interminável monólogo? Algo de semelhante se pode passar entre nós e Deus, e então, ao longo do dia, muitos gestos se podem multiplicar de Deus em relação a nós e de nós em relação a Deus. É uma comunicação constante, e os louvores multiplicam-se porque em tantas coisas vamos ver que o Senhor no nosso êxodo nos acompanha e nos guia.

Deus é amor e o amor regozija-se por amar. Podemos fazer a travessia deste mundo inundados de alegria, se no nosso coração praticarmos o êxodo na direcção de Deus.